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O DNA Encarnado dos Barragrande (Pikira F87)

15/09/2015 - Por cesar figueiredo de mello barros
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O DNA Encarnado dos Barragrande

 

 

Assim nos conhecem, assim nós chamamos.  É na verdade um engenho de 1860, moenda movida a roda d’água, sustentável e orgânico muito antes do conceito, produzindo sem energia elétrica até hoje, ali onde não se sabe direito quando é São Paulo, quando é Minas.

Um remoto tio-avô, João Evangelista, não se formou em 1919, que a peste o levou. Orlando de Andrade Figueiredo, que assistia aula de terno, remava no Piracicaba, nadava no Pisca, foi o primeiro. Formou-se em 29, voltou para Itirapuã, que a crise arrasava os cafezais. Depois, quando as coisas melhoraram,  casou-se com a professora Quinota, irmã mais nova do finado João e foi fazer carreira na Secretaria da Agricultura, trabalhou com fruticultura em Sorocaba, depois Pindorama, São Joaquim da Barra e fundou a Casa da Lavoura de Patrocinio Paulista, que hoje leva seu nome. Fomentou o eucalipto, a soja e foi pioneiro da adubação e calagem em café da Alta Mogiana.

Parente dos professores Jaime e Urgel, incentivou seu irmão mais novo, Joaquim (F41), que fez carreira no IAC e os primos Mario “Francano”  (F44, também tem filho e neto esalqueanos) e Delmar “Casinho” (F47), entre outros conterrâneos.  Orlando morreu novo e  não viu a formatura do seu filho João Orlando, na ENA do Rio de Janeiro em 68 (que se lembra de ter participado, com o pai,  do que talvez tenha sido um dos primeiros churrascos da Adealq em 58) e nem do sobrinho Zé Orlando, o “Boizão” da F69, que como o pai passou toda a vida profissional no IAC. E nem da filha Maria Alice (Lice da F74) doutora em Microbiologia do Solo que se casou com o grande Luizão Bonilha do IZ, o Monobloco (F72), cuja maior façanha estudantil foi aguentar de pé um nocaute técnico do então campeão pan-americano Miguel de Oliveira, em pleno ginásio da agronomia. Vieram dois agrônomos, Duca (o bixo Serjão da F08) e Sara, formada em Jaboticabal, mas com pós na Zootecnia da ESALQ, além do Biel e do veterinário Rodolfo, que a gente apenas tolera (Caim, agricultor, matou Abel, pecuarista, dizem que é bíblica a origem da desavença entre agrônomos e veterinários).  Completando o time de primos agrônomos, além de mim, temos o Gustavo Orlando da ESAL (lhe falta só um Q) e Mario Orlando Jr. da Federal de Goiás. E inaugurando a quarta geração de Barragrandes esalqueanos, tem minha filha Koi-C, primeiro ano de Economia. De quebra, da família da minha mulher, tem o bixo Potro.

Em 84, quando entrei, só havia um dos menos de vinte colegas, já bem debilitado, fazendo 55 de formado. “Neto do Itajubá”, mas me abraçou como se fosse seu, nem tive coragem de dizer que não o conheci em vida, me contou a história do touro normando que inspirou o apelido e vaticinou: “Nos 50, só viemos eu e o Fernandinho Costa, acho que nos 60 não vem ninguém.” E assim foi.

Tem já uns 100 anos esta história, de forte ligação da nossa gente com a “Luiz de Queiroz” – e com a Secretaria da Agricultura, o IAC, a agricultura do Brasil e de São Paulo- mas quem passou por lá sabe, parece que foi ontem. Marca demais ser um ESALQUEANO, é sempre uma alegria instantânea  quando se reencontra ou conhece um, é como se fossemos um pouco parentes, nos sentimos em casa. Porque temos o mesmo DNA, e ele é encarnado.


Cesar Figueiredo de Mello Barros (Pikira F87) Engenheiro Agrônomo, Ex Morador da Republica Avarandado

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