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As visões sobre a silvicultura brasileira! (Xaruto; F70)

08/02/2018 - Por nelson barboza leite
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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AS VISÕES SOBRE A SILVICULTURA BRASILEIRA


Na década de 60/70, na ESALQ-USP, Piracicaba-SP, ouvimos do saudoso Prof. Helladio do Amaral Mello - um dos principais responsáveis pelo sucesso da silvicultura brasileira - em sua primeira aula - " vamos tratar de uma atividade de grande importância econômica, social e ambiental e que pode contribuir de forma significativa para desenvolvimento de muitas regiões do Brasil". E essa foi a sua razão e filosofia de vida!

Já se foram, exatamente 50 anos! E muitos caminhos se modificaram, inúmeros desafios foram superados, diversas perspectivas se abriram, e até novos rumos foram adotados! A Comunidade de Silvicultura, através da visão de colaboradores, pretende fazer registro dos ajustes experimentados pela silvicultura brasileira. E deixa para reflexão: continuam válidas as palavras do respeitabilíssimo e saudoso Prof. Helládio?

Segue para reflexão...Uma visão da silvicultura, segundo o Eng. Edson Balloni !

......... na verdade, o que se faz com plantio de Eucalipto nas empresas de celulose, na minha opinião, não é silvicultura! Trata-se de uma agricultura de árvores para produção de fibras destinadas à celulose, ou seja, um agronegócio de ciclo mais longo. Agora com essa jogada de marketing da "fábrica de mudas" a coisa fica, ainda mais soja e milho, do que floresta. Quando vim trabalhar no sul e viver plantios de florestas para uso múltiplo passei a entender melhor o significado de silvicultura, onde se dá tempo às árvores, para que as mesmas agreguem valor à floresta, não só econômico como também ambiental. 

Acontece que isso também está mudando! As grandes empresas estão levando o Pinus para o mesmo caminho do Eucalipto,cuja única diferença é que o ciclo passa de 5 a 7 anos para 12 a 13 anos. Eles estão totalmente certos, pois visam a produção de massa e a análise econômica é feita na ponta final da fábrica.E assim, somos os melhores do mundo. Quando você joga numa planilha os R$ 6 a R$ 7 mil, que custa um plantio de eucalipto e que não se consegue vender a madeira no mercado a mais que R$ 25/m³, não precisa ser economista para se ver que essa atividade é inviável economicamente. 

Portanto, plantar eucalipto, hoje em dia, para quem não é dono de indústria de celulose, é jogar dinheiro no lixo. Temos visto muitas áreas sendo destocadas e convertidas para agricultura com a promessa do agricultor - "Eucalipto Nunca Mais". Muitos entraram nessa atividade, através de propaganda enganosa, alguns imediatistas e outros pela onda, que se propagou de uma aposentadoria tranquila que a floresta proporcionaria! Do ponto de vista estratégico para o país isso é muito ruim, porque você cria uma aversão a uma atividade que se bem planejada e executada, de fato, traz resultados muito interessantes, no médio e longo prazo. Com relação ao aspecto estratégico o país já jogou e continua jogando no LIXO uma base genética fundamental, que são os Pinus Tropicais. Não há como expandir o plantio de Pinus no sul do Brasil, o futuro são os trópicos.

Há exatos 40 anos o IPEF lançava o PPT (Projeto de Pinheiros Tropicais) com um amplo programa de pesquisas que comtemplava qualidade da madeira, melhoramento genético, alternativas de plantio, manejo, etc. Experimentem fazer um plantio de Pinus caribaea var. bahamensis para ver se vocês conseguem! Temos que rezar para ainda existir algum material que consiga restaurar a base genética. Quanto às recomendações silviculturais tais como: espaçamento, adubação, regime de desbastes... nem pensar!!! Já o Pinus caribaea var. hondurensis que seria o Jegue das árvores, ou seja, tolera climas mais secos, mais úmidos e outros desaforos, a ação tem que ser URGENTE, pois a base genética está sendo destruída.


O Setor é novidadeiro, hoje temos um imenso comercial sobre os plantios de cedro australiano, mogno africano etc., que são espécies de madeira nobre e que, certamente, irão ocupar espaço nas nossas alternativas florestais. Mas visando usos múltiplos, as diferentes espécies de Pinus e Eucalyptus são imbatíveis! Alguém sabe como plantar e manejar o Citriodora? Sua madeira não fica devendo nada ao cumaru na construção civil. O Paniculata se iguala à aroeira, quanto à durabilidade no solo, e assim vai... Existe eucalipto para qualquer tipo de uso, o que não existe é dedicação das instituições, divulgação e incentivo para que a Silvicultura de verdade se estabeleça, de fato, no país.

Um abraço Balloni



Nelson Barboza Leite (Xaruto; F70) - Diretor da Teca e Daplan - gestão e serviços florestais - nbleite@uol.com.br

Ver mais sobre silvicultura em : www.facebook.com.br/comunidadedesilvicultura

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