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Minha ligação com a Escola Agrícola (Girino F95)

10/12/2015 - Por francisco beduschi neto
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Hoje ao ver uma foto de 1939 da Escola lembrei de alguns fatos e resolvi escrever não a minha vivência como aluno, mas o que vivi antes disso junto com meu avô.

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Prédio Central 1935/1940 - Acervo do Museu Luiz de Queiroz

Carivaldo Godoy Júnior, meu avô materno, formou-se na turma de 1938 na Escola Agrícola Luiz de Queiroz, como ele gostava de chamar. Aluno dedicado, ingressou imediatamente na pós-graduação e completou o doutorado no departamento de agricultura onde passou a lecionar nas culturas de cana de açúcar, algodão e café, esta última a sua grande paixão. Com isso, cresci ouvindo as estórias na Escola Agrícola, frequentando o departamento e conhecendo um pouco do parque em passeios junto com ele e meus irmãos. Aliás, o prédio do departamento de agricultura foi construído na época da sua pós-graduação, quando era orientado do Professor Edgar Graner. Pelo que me lembro das suas estórias, tinha um ex-aluno da Escola na Secretária de Agricultura de São Paulo e ele conseguiu uma verba para ampliação / construção dos prédios. O Professor Graner chamou o vovô e mais um colega e pediu para desenharem o que seria o prédio do departamento de agricultura. Eles então projetaram o anfiteatro, salas para professores amplas e toda a estrutura, e depois passaram isso para o engenheiro que seria responsável pela obra. Ele ria muito porque contava que nesse período o Professor Nicolau Athanassof não quis ampliar o prédio da zootecnia e ficou apenas com aquele que hoje leva o seu nome, ao lado do bezerreiro. Só depois foram construir o prédio com as salas de aula do outro lado da rua.

Lembro-me que quando tinha cerca de cinco ou seis anos vovô, já aposentado, ainda conservava uma sala no departamento. A sala era ampla, com diversas estantes de livros, uma mesa muito bonita de madeira nobre e cadeira com rodinhas, o que era uma farra para mim e meus irmãos. A sala do vovô saia diretamente no estacionamento nos fundos do departamento, mas nós entrávamos sempre pelo porão. Era lá que encontrávamos os funcionários que tinham grande amizade pelo vovô, principalmente o Salvador, ou Vadô como ele o chamava. Ali eu conheci feijão em fava, descasquei amendoim para comer ainda sem torrar, vi máquinas de descascar e trilhar arroz e por aí vai. Dali subíamos para a sala onde torravam o café e aquele cheiro até hoje me traz muito boas lembranças. Tomávamos café torrado e moído na hora, era uma delícia. Depois de uma peregrinação pelo departamento íamos passear pelo parque da Escola, passávamos pelo bezerreiro, pela leiteria, paióis, pelas baias dos cavalos e então voltávamos para casa. Fiz esses passeios por muito anos junto com vovô. Ele era um apaixonado pela Escola Agrícola. Um dos seus dizeres que ficou famoso era: "Agronomia é na ESALQ, as outras faculdades são para quem não tem capacidade de estudar aqui".

Hoje é difícil dizer se fui fazer agronomia por causa dele ou não, mas com certeza a sua paixão e os nossos passeios me influenciaram muito, e eu agradeço por isso.

Francisco Beduschi Neto (Girino F95) Engenehiro Agronomo, Nativo é Gestor de Projetos do Instituto Centro de Vida, Mora em Cuiabá

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