Acontece ADEALQ

Porque as empresas quebram pt.1

22/04/2020 - Por
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

5327 views 7 Gostei 8 Não gostei

Abrir um negócio não parece ser uma coisa difícil. Se tornar um empreendedor pode ser bastante tentador. Trabalhar em seu próprio negócio, ser seu próprio chefe e ditar como sua empresa funciona, de acordo com sua vontade. Normalmente, o empreendedor acaba observando um mercado que ele tenha interesse em trabalhar ou observa uma demanda que acredita ser uma boa oportunidade para fazer dinheiro. No processo de abertura, na maioria das vezes, é utilizado capital próprio ou familiar.



Contudo, ainda há o fator risco que pode acabar bloqueando essa ideia na cabeça das pessoas mais conservadoras e avessas a arriscar seu dinheiro em algo que pode dar errado. Os números também não são muito incentivadores, em alguns minutos navegando pela internet é fácil encontrar inúmeros casos de pequenas empresas que não deram certo. Mais especificamente, estudos mostram que praticamente uma em cada 4 empresas que abrem não passam do primeiro ano de existência. E fica ainda pior se analisarmos um período maior de tempo, onde metade dessas empresas fecham antes de completar o quarto ano de vida.



Os motivos dessas empresas fecharem são diversos e não é possível traçar uma fórmula perfeita para que uma empresa dê certo. Ainda assim, é muito comum encontrar empreendedores que buscam inspiração em negócios que foram consolidados, buscando reproduzir algumas características desses bons negócios, com o intuito de fazer seu empreendimento decolar.



Apesar dos riscos, essa mentalidade não está totalmente errada, já que é possível sim conseguir extrair algumas boas ideias de bons empreendimentos. Contudo, assim como apresentado pelo cientista Abraham Wald no estudo dos buracos de bala em aviões durante a Segunda Guerra Mundial, muitas vezes é mais vantajoso não analisarmos os motivos que levaram ao sucesso, mas sim, o porquê do fracasso.



Sendo assim, levantaremos alguns dos principais motivos que fazem com que haja esse número exorbitante de pequenas empresas que quebram precocemente. Vale ressaltar primeiramente que, na grande maioria dos casos, isso se dá por problemas gerenciais, ou seja, o dono do negócio não foi capaz de mantê-lo em funcionamento de maneira saudável por tempo suficiente.



Empresas Natimortas



Apesar da morbidez do nome, não encontrou-se nenhuma outra maneira de batizar este tipo de empresa. A verdade é que essa é a realidade da grande maioria das pequenas empresas, que fecham as portas nos primeiros anos de vida. Estes casos são resultado de uma ideia que parecia boa, mas que na verdade nunca deveriam ter saído do papel, ou pelo menos, não da maneira com que esses empreendedores o fizeram.



Dentro desse tipo de negócio podemos citar alguns dos principais motivos que desencadeiam este insucesso.



Ideia boa, execução inviável!



É aconselhável sempre manter o pé no chão na hora de abrir uma empresa. Muitas vezes algumas ideias parecem ser muito boas, mas basta analisar melhor a maneira como tirar a mesma do papel que se pode observar que esta pode ser inviável. Mesmo assim, muitas vezes, a emoção prevalece e esses empreendedores utópicos acabam tentando colocar em prática essas ideias, que acreditam ser geniais, mas acabam por gerar perda de dinheiro.



A execução da ideia é a parte mais importante e deve receber bastante atenção. Deve-se saber detalhadamente como colocar a ideia em prática e, se essa ideia parecer de difícil execução, ou se para isso o empreendedor tiver que assumir bastante risco, então é melhor descartá-la, pelo menos até que surja uma maneira segura e simples de executá-la.



Ideias infelizes



Esses casos são menos comuns, mas ainda assim podem vir a acontecer. Algumas ideias são verdadeiras churrascarias na Índia. Muitos empreendedores acabam sendo infelizes com algumas ideias e abrem empreendimentos que definitivamente jamais dariam certo. Apesar de serem incomuns ideias insensatas, é sempre importante refletir um pouco e ter certeza de que esse pode ser um bom negócio.



É mais difícil de notar quando uma ideia não é boa quando se trata de uma novidade. Quando se está buscando abrir um negócio inovador, esse pode ser um dos principais problemas. Dessa maneira, é sempre bom ter em mente que todo negócio deve surgir de uma problemática. Os empreendimentos estão aí para sanar alguma necessidade, se não eles simplesmente iriam desaparecer. Desde um restaurante até uma drogaria o processo é o mesmo, há uma demanda e os negócios surgem para cumprir essa necessidade, levar uma solução.



Portanto, a primeira pergunta para negócios inovadores é: as pessoas precisam disso? É importante ressaltar também que uma necessidade própria pode ser a de muitas outras pessoas e é aí que estão as oportunidades.



Empresas que morrem cedo



Os motivos para isso, como dito anteriormente, são inúmeros. Contudo, podemos citar os principais erros cometidos por gestores que fazem com que isso aconteça. A seguir discorreremos sobre alguns desses motivos, baseando em alguns dos pilares desses empreendimentos: Financeiro, Marketing e Recursos Humanos.



Primeiramente, vale ressaltar que basicamente todos esses motivos giram em torno de um erro em comum: a falta de informação. Em um empreendimento é necessário ter uma visão holística tanto dos fatores internos quanto dos fatores externos do negócio, que influenciam de alguma forma.



 



Financeiro



Como já tratado em textos anteriores sobre contabilidade e “Lucro visível, prejuízo invisível”, a parte financeira do negócio deve estar bem controlada. É muito importante conhecer todos os gastos e despesas da empresa, saber diferenciar esses gastos em fixos e variáveis, além de conseguir precificar o produto ou serviço vendido de maneira correta.



A precificação é um dos principais gargalos para as empresas. É muito difícil definir corretamente qual deve ser o preço de venda de um produto ou serviço oferecido. Muitas vezes, isso é feito sem levar em consideração o quanto realmente custa essa mercadoria. Dentro do preço deve ser incluído o custo da matéria prima, custos fixos e variáveis e margem de lucro desejada. Ou seja, deve-se levar em consideração absolutamente tudo para definir o preço do produto/serviço. Além disso, o preço também deve ser competitivo, não podendo estar acima da média de preço dos concorrentes.



Ainda sobre a parte financeira, é importante buscar extinguir custos e despesas desnecessárias sempre que possível e, para isso, deve-se conhecer muito bem para onde vai o dinheiro investido na empresa, sendo esta uma maneira fácil de aumentar a margem de lucro. Sempre dá para enxugar os gastos com alguma coisa ou até mesmo, fazer isso modificando o produto oferecido aos clientes. É comum em hamburguerias que com o tempo haja a diminuição no tamanho de seus lanches, por exemplo. Além disso, antes mesmo de tirar o negócio do papel deve-se buscar organizar fluxos de caixa projetados, buscando entender se esse negócio é financeiramente viável.



Outra característica financeira importante é a reserva contingencial. Deve-se reservar uma certa quantia de dinheiro para o caso de situações externas, fora do controle ou não programadas. Desse modo, é muito importante buscar nunca trabalhar no limite do dinheiro, tendo sempre uma folga para o caso de que algo não saia como o planejado.



O planejamento financeiro é necessário para que a empresa consiga se manter por bastante tempo. Desde a definição do capital de giro necessário para manter o negócio rodando todo mês, até a definição dos preços dos produtos e serviços oferecidos, é muito importante conhecer todos os gargalos financeiros da empresa e assim, tomar as decisões corretas.



Marketing



O marketing é, na minha opinião, a alma do negócio. Sem ele, nenhum grande negócio seria realmente grande hoje em dia. Ele é responsável por incendiar a necessidade de consumo dentro dos clientes, fazendo com que estes se sintam completamente necessitados de consumir o produto ou serviço oferecido.



O marketing é ao mesmo tempo algo simples – como o design de uma logo –, e extremamente complexo – como na utilização de softwares que analisam a posição na tela em que os olhos do cliente ficaram fixados por mais tempo, por exemplo. Sendo assim, é muito importante dar valor a esse pilar do empreendimento, e não subestimar o poder que o marketing tem sobre as vendas ou na prospecção de novos clientes.



Com isso, acredito que o primeiro ponto a ser abordado em relação ao marketing é a definição de seu público alvo. É uma lógica bastante simples: para quem a empresa pretende vender? Qual é a persona do seu público alvo, ou seja, qual o perfil da pessoa que entra em seu empreendimento e executa uma compra?



Isso pode parecer bastante simples, contudo, é muito normal observar campanhas de marketing voltadas para um público que não faz exatamente o perfil de comprador daquele empreendimento. Portanto, antes de até mesmo tirar uma ideia de um novo negócio do papel, é muito importante saber para quem essa empresa irá funcionar.



Com o público alvo definido, as estratégias de marketing deverão acontecer todas – ou ao menos 99% delas – voltadas para esse público. Dentro dessa definição já deve ser levantado, por exemplo, quais os principais canais utilizados por esse público. Não faria sentido, por exemplo, a divulgação de fraldas geriátricas em um canal como o Instagram. Em uma pesquisa completamente superficial, com dois cliques no Google você já sabe que a porcentagem de pessoas que estão acima dos seus 60 anos e fazem o uso do Instagram é de x%. Essa propaganda poderia ser divulgada pela televisão e assim, obter um resultado muito melhor.



Outro ponto sobre marketing, é tangente ao produto oferecido. É de extrema importância conseguir observar uma problemática, a qual será sanada pelo produto (ou serviço) oferecido. Para isso, é importante conhecer a concorrência. Hoje em dia pode parecer bastante difícil encontrar um nicho de mercado que não tenha sido abrangido por um negócio já existente. Sendo assim, é aconselhável buscar apresentar algum tipo de diferencial em relação aos concorrentes.



A observação do mercado é um dos pontos mais importantes para a saúde da empresa. As vezes são necessárias alterações drásticas no negócio para conseguir continuar atuando no mesmo mercado. Além disso, há casos onde o mercado muda drasticamente, normalmente resultado de inovações tecnológicas, de forma que a empresa precisa se atualizar para não fechar as portas.



Esse conceito é conhecido no meio organizacional como “entropia negativa”, que pode ser definido como a necessidade que algumas empresas possuem de se ajustar ao mercado, o qual sofreu uma drástica mudança, fazendo com que o produto que era oferecido por ela se torne obsoleto. Assim como o conceito, seu exemplo prático também é bastante conhecido.



O case da Cannon é o mais lembrado quando se trata de entropia negativa. Com a criação das câmeras digitais, a empresa não se adaptou à nova realidade de como funcionariam as fotos na atualidade. A organização acabou apostando na continuidade das câmeras como eram conhecidas antigamente, e com isso, foi engolida pelo novo mercado.



Dessa forma, vemos que é muito importante conhecer, primeiramente, características como: quem é o público alvo do negócio? Quem são os concorrentes, o que eles oferecem e como eles se comportam? Como é o produto (ou serviço) que eu ofereço, como é o mercado e quais são as possíveis inovações dentro dele?



Recursos Humanos



Os motivos relacionados aos Recursos Humanos são um pouco mais restritos. Contudo, merecem receber a mesma importância que os anteriormente citados aqui, pois empresas são nada mais que um grupo de pessoas executando atividades voltadas para um objetivo em comum. Sendo assim, é importante dar bastante atenção a esse grupo de pessoas.



A primeira pessoa a ser analisada é o próprio gestor do negócio. É bastante importante ter em mente que o dono do negócio é um funcionário como outro qualquer. Ele deve ter um salário como um funcionário comum da empresa e não deve misturar a conta da empresa com seu dinheiro pessoal. O dinheiro do empreendimento deve ser voltado totalmente para as obrigações relacionadas ao mesmo. O salário do dono também entra nessa conta. Esse “salário” é conhecido no meio empresarial como pró-labore, e deve ser levado em conta no processo de controle contábil.



Em casos de empresas familiares, essa questão financeira pode se tornar um problema. O fato de o negócio estar em família às vezes acaba criando situações que não ocorreriam em outro tipo de negócio. Nessas horas é importante saber separar, assim como dito anteriormente sobre o pró-labore, o negócio em si das questões sentimentais que envolvem essas empresas. Nessas horas, cabe muito bem a boa e velha história do: “amigos, amigos (ou família, no caso), negócios à parte”.



Por último, podemos tratar das questões para com funcionários comuns de uma empresa. O funcionário deve funcionar como um fator de alavancagem para o negócio, e não como uma despesa a mais. É muito importante saber o momento em que a contratação de mais um membro para o negócio irá converter em mais receitas. Por outro lado, também se deve saber o momento em que esse funcionário se torna apenas um gasto para o negócio, não auxiliando de maneira efetiva para a geração de receita. Devemos levar em consideração, porém, que é de suma importância conhecer todos os âmbitos legais que cercam essa relação empregatícia, buscando não fazer ações que vão contra alguma lei trabalhista, por exemplo.



Com isso, pudemos dar uma pincelada nas inúmeras dificuldades que um empreendedor possa vir a passar durante o processo de abertura de um novo negócio. Contudo, essas dificuldades não devem se tornar um desmotivador para um possível espírito empreendedor, uma vez que podemos observar que a maior parte delas estão relacionadas à falta de conhecimento ou informações sobre o próprio negócio.



Em suma, são inúmeras as considerações que devem ser feitas para ter um controle pleno da situação de seu negócio, e o Adeca Agronegócios existe para auxiliar todo e qualquer empreendedor, que possua uma vontade de empreender, mas não acredite ter o conhecimento necessário para tirar suas ideias do papel. O Adeca possui o know how para te ajudar a controlar seu negócio e mantê-lo funcionando de maneira saudável. Para mais informações, entre em contato com nossa equipe, estaremos à disposição para te ajudar a consolidar seu empreendimento, fomentando o empreendedorismo brasileiro.



Autor:





Caio Rosatelli.



 



ADECA Agronegócios.



https://portaladeca.com/