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Repúblicas Cupido e Copacabana são as mais antigas do Brasil

08/12/2014 - Por assessoria de imprensa
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Em 1959, a jovem cantora Celly Campello tinha 17 anos e surgiu para o estrelato com a versão brasileira de Stupid Cupid, conhecida nacionalmente como Estúpido Cupido. Nos anos seguintes, a música atingia o seu auge e embalava a trilha sonora dos bailinhos da época.

Foi também o hit cantado por Celly Campello que deu origem ao nome da república feminina Cupido, de alunas da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), que, juntamente com a república masculina Copacabana, também da Esalq, são as duas casas de estudantes universitários mais antigas do país.

A reportagem dá continuidade à série sobre repúblicas da Esalq realizada pelo Jornal de Piracicaba.

A Cupido foi fundada em 1970 por quatro melhores amigas que estudavam na Esalq à época. Segundo as atuais moradoras da casa, o nome foi inspirado na música cantada por Celly Campello.

Na parede da casa localizada na rua Samuel Neves, fotos antigas em preto e branco mostram as primeiras cupidetes (como são conhecidas as moradoras) nas ruas de Piracicaba usando asas de anjo, ou melhor, de cupido. Segundo a moradora mais antiga da atual configuração, Karina Moreira, 21, a Mirna, cerca de 90 cupidetes já passaram pela casa.

“Muita gente entra e sai da casa. A característica muda mas o vínculo nunca é perdido”, disse Mirna. “Temos muito respeito uma pela outra.”

Atualmente, são 5 cupidetes na casa. Carla Marassatto, 23, a Gorete, conta que, por serem a república feminina mais antiga do Brasil, a Cupido já foi tema de reportagem em programa da TV Globo.

“Uma pessoa que morou aqui descobriu que a casa existia por causa desta matéria que passou no programa da Ana Maria Braga”, disse ela, mostrando uma foto com o personagem Louro José, que visitou a Cupido em 2001.

Laila Fett, 20, a Fémili, fala que uma das coisas que mais a agrada é o churrasco de fim de ano com as ex-moradoras.

Você conhece e reencontra gente que fez parte da história da casa”, disse.

“Moramos em cinco atualmente. Aprendemos a respeitar o jeito de cada uma e procuramos conhecer a pessoa para entendê-la.”

Copacabana é aqui Força e tradição da amizade esalquiana. Há 91 anos este é o lema da república Copacabana, que é a república mais antiga do Brasil.

“A república foi fundada em uma época diferente, quando só estudavam na Esalq aquelas pessoas de maior poder aquisitivo e que moravam predominantemente em repúblicas”, afirmou Rodrigo Sorgatto, 27, o Subako, ex-morador da casa.

“O nome foi dado em alusão ao hotel Copacabana Palace, que foi fundado no mesmo ano no Rio de Janeiro. A ideia era ter o luxo do hotel, e aqui o pessoal tem mais luxo ainda”, brincou.

A república Copacabana foi fundada em 1923 e a estimativa é que 170 estudantes já tenham passado por ali. Fatos marcantes ficaram gravados na história da república, como um jogo entre o time titular do São Paulo Futebol Clube e a equipe dos moradores em 1943.

Pessoas também fizeram a história, como Lázara, a Véia, empregada que trabalhou na Copacabana entre 1965 e 2005. Segundo os relatos, era ela que ajudava os estudantes, dava dicas, e “segurava as rédeas” da casa, fazendo com que os jovens se dedicassem aos estudos. 

Há seis anos, é Rosângela Maria José, 60, a Janja, que cumpre esta função além de limpar, lavar, passar, arrumar e cozinhar. 

“Conseguimos conversar com ela sobre tudo. Ela faz a casa funcionar”, afirmou Leonardo Guizzo, 20. “Meu pai me incentivou a estudar na Esalq porque é mesmo como uma fraternidade. Estou na casa há três anos e a amizade aqui entre nós é para toda hora”, disse ele. 

Atualmente, a Copacabana conta com nove moradores. Para Dario Mazieiro, 26, o Bilau, a ida para a república foi uma questão de identificação.

“Os moradores partilhavam as mesmas ideias que eu, davam importância ao legado Luiz de Queiroz e tinham muito respeito pela escola e ao esalquiano”, afirmou.

Fausto Terrabuio, 20, o Orra- Meu, disse que simpatizou com a Copacabana à primeira vista. “Além de me dar bem com o pessoal, gostei do fato de os moradores terem bastante atividade política dentro da escola”, afirmou.

Para Marcos Henrique Gomes, 21, o Alpino, a Copacabana é sua segunda família.

“Sou muito apegado aos meus familiares e aqui, desenvolvi um relacionamento mais intenso ainda. Procuramos incentivar os bichos a participar das aulas e demais atividades. É uma relação paternal com estes alunos que estão chegando, queremos mostrar que eles têm responsabilidade dentro da casa e na escola. Queremos passar o conhecimento para frente e que eles vivam todas as experiências que tivemos.”