Blog Esalqueanos
20 anos de Cerrado do Mato Grosso Propalando os Ensinamentos da Gloriosa (Guaimbê F90)
17/06/2015 - Por evaldo kazushi takizawaAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

Evaldo Kazushi Takizawa
A Ceres há 20 anos no Cerrado mato-grossense e com a missão de implantar
a cultura do algodão na região de Primavera do Leste, deparava com a soja, o milho
e algodão brasileiro em situações nada muito favoráveis, qual seria a equação que
poderia juntar essas culturas em busca de uma solução para todas.
A soja enfrentava os males decorrentes da monocultura, como o cancro da haste e nematóide do cisto da soja e para completar os preços baixos, o milho com os baixos níveis de produtividade, os preços baixos e distante dos centros consumidores era impossível produzir de forma lucrativa.
O algodão brasileiro enfrentava o fundo do poço, com uma política
agrícola desastrosa do final da década de 80 e início de 90 somado aos ataques
destrutivos do bicudo do algodoeiro, o país amargava uma posição de grande
importador mundial de pluma, mesmo com grande tradição na produção do algodão.
A questão era: como culturas com problemas a vista quase insolúveis
poderiam sair desta situação? A resposta foi obvia, a rotação de culturas,
solução aplicada a milênios quando há “fadiga” de uma cultura ou um modelo de
produção.
Quando a rotação de culturas foi adotada novas soluções tiveram tempo de
ser criadas, para soja variedades resistentes ao cancro da haste e nematóides de
galha, no milho híbridos mais adaptados ao ambiente do Cerrado e ajustes no programa
nutricional elevaram os patamares de produtividade e hoje chegando a níveis acima
de 10.000 kg/ha.
O algodão encontrou no Cerrado mato-grossense um ambiente livre das principais
pragas, solos corrigidos, facilmente mecanizável, clima favorável a colheita, agricultores
abertos a informações e dispostos a aplicá-los, com todos esses ingredientes os
resultados não poderiam ser os melhores, o Mato Grosso assumiu posição de
destaque nestas três culturas.
Além da produção do algodão um outro ponto que não pode ser esquecido foi
a reputação da alta qualidade da pluma produzida e reconhecida em todo o mundo,
o Mato Grosso atualmente é o maior produtor brasileiro de soja e algodão com larga
margem em relação aos demais Estados.
Esse conforto está deixando todos esquecidos que a grande alavanca do Mato
Grosso foi a transformação das informações agronômicas consagradas em ações
executadas nas lavouras e com ênfase da rotação de culturas e sistemas de cultivo
com menor revolvimento de solo.
Precisamos salientar que não é apenas as culturas que devem ser
rotacionadas, mas a transformação deve ser constante evitando que um
procedimento único crie novos problemas.
Neste momento toda a fartura da agricultura pode estar ofuscando a visão
de que o alicerce de toda agricultura ainda são as boas práticas agronômicas
como a rotação de culturas, controle da erosão, destruição dos restos culturais
ou manejo pós colheita, vazio sanitário, programas de correção e fertilização
equilibradas e manejo integrados de pragas, doenças e plantas daninhas, não haverá
solução para aqueles que abandonarem esses princípios.
Evaldo Kazushi Takizawa (Guaimbê F90), Engenheiro Agrônomo, F 1990 é Sócio da Ceres Consultoria Agronomica, Sócio Mantenedor da ADEALQ e Ex Morador da Republica SS Pau Torto