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A Economia Circular no Agro (Hulq, F99)

09/01/2018 - Por marco lorenzzo cunali ripoli
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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A economia mundial, como estamos acostumados está chegando ao seu limite, pois sempre se baseou no consumo linear de produtos (da extração, transformação, uso até o seu descarte). Em 1987 apareceram as primeiras tratativas para um desenvolvimento sustentável que visava correr atrás do relógio. Já era então muito tarde quando a população se deu conta do que estamos fazendo com o planeta. Outra década se passou, para que o mindset do tripé econômico, social e ambiental como diretriz de muitos mercados fosse adotado, pois em 1997 já haviam confirmações sobre os danos levantados anteriormente e com agravantes oriundos da forma desordenada e exacerbada que estamos consumindo as riquezas naturais, os desperdícios e a poluição gerados.

A partir de 2012, começou-se a falar sobre o advento da Economia Circular, seu conceito, princípios e principais características.

"Uma economia circular é regenerativa e restaurativa por princípio. Seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo. O conceito distingue os ciclos técnicos dos biológicos. Conforme concebida por seus criadores, a economia circular consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural, otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos administrando estoques finitos e fluxos renováveis. Ela funciona de forma eficaz em qualquer escala". (Ellen MacArthur Foundation)

É preciso repensar e redesenhar a forma de produzir, pois são infinitas as oportunidades... Projetar produtos para a remanufatura e alimentar o sistema com energia renovável será possível através da vontade, criatividade e inovação das pessoas e governos, para construir uma economia restaurativa.

Segundo o WEF2014 (World Economic Forum) o tamanho da oportunidade a nossa frente é de um trilhão de dólares para geração de inovações, criação de empregos e crescimento econômico. Neste mesmo fórum a Universidade de São Paulo foi eleita entre uma das dez instituições que mais contribui com estudos sobre Economia Circular no mundo, uma referência em qualidade de ensino e pesquisa, que também já faz parte das 5 melhores universidades agrícolas do planeta.

A economia restaurativa ou circular baseia-se em três princípios: Preservação, Otimização e Estimulação.

Suas principais características são:

  • Usar energias renováveis
  • Trabalhar sistematicamente, procurando entender como as partes se influenciam
  • Desenhar o processo de forma a não produzir resíduo
  • Pensar no aproveitamento de resíduos para beneficiar outras atividades
  • Praticar resiliência por meio de adaptabilidade, versatilidade e modularidade

Recentemente, fui convidado para contribuir com o Primeiro Seminário Brasileiro de Economia Circular no Agro, realizado em 24/11/2017 pelo Prof. Dr. Weber Amaral da ESALQ-USP, em Piracicaba, onde pela primeira vez me deparei com a Economia Circular, que gerou muita curiosidade e desejo de aprofundar no tema.

Interessante foi perceber que eu já venho trabalhando com isso e nem sabia. Juntamente com o Prof. Titular Caetano Ripoli, da ESALQ-USP, meu pai, fomos os pioneiros a trabalhar com o enfardamento e mapeamento de resíduos da colheita de cana-de-açúcar no mundo, utilizando-se de ferramentas de Agricultura de Precisão, buscando agregar benefícios econo-agronômicos para o setor sucro-energético. A palha de cana enfardada é fonte renovável para a geração de energia elétrica pelas usinas e sua retirada parcial do campo proporciona benefícios para todo os sistema produtivo.

O Agro Brasileiro já tem histórias de sucesso no tema da circularidade. Exemplos:

  • A Cosan Biomassa com o recolhimento da palha de cana-de-açúcar para elaboração de pellets energéticos
  • A Frooty com a sua produção de açaí e modelo de cadeia de suprimentos e distribuição
  • A Fazenda da Toca com seu trabalho em produtos orgânicos, entre outros.

Para que isso levante voo são necessárias políticas publicas adequadas, tecnologias de ponta, infra-estrutura e muita educação! Enfim, este é o assunto do momento e merece nosso total envolvimento.

* Marco Lorenzzo Cunali Ripoli é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e Doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, executivo, disruptor, empreendedor, inovador e mentor.

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