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A Esalq Precisa Urgentemente Mudar, Para Poder Continuar a Mesma (Cumprido)

23/06/2015 - Por gerd sparovek
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Todo ato público precisa ser motivado e documentado. Esta é a primeira aula de qualquer treinamento em gestão pública, eu tive a minha quando assumi cargos diretivos na USP. Em palavras mais simples, o setor privado fica de olho numa lista negra, na lista das coisas que não podem ser feitas. O que não é proibido, pode ser feito. No setor público trabalhamos com uma lista branca, só pode ser feito o que é permitido. O que permite é a motivação, a razão pela qual aquilo foi considerado como sendo de interessante de ser feito, razão que, necessariamente precisa ser documentada junto com o ato em si. Isto explica, mas certamente não justifica, a burocracia que nada mais é do que o registro das motivações e dos atos. O que torna algo interessante para ser feito, ou motivado, deve considerar a sociedade, e quase sempre, é aquilo que gera os maiores benefícios para a maioria das pessoas.

Bem, os processos sociais são dinâmicos, eles mudam conforme as pessoas vão assumindo novos valores que passam com o tempo regendo as normas de conduta. Se em algum tempo nossa sociedade, seja lá por quais motivos, não estava alerta para como os recursos públicos eram usados, para os efeitos das normas e leis sobre suas vidas, e preferia viver à margem dos processo políticos e das esferas governamentais, bem, este tempo já passou. A sociedade atual quer entender as motivações, quer saber exatamente como o dinheiro recolhido é usado, o que levou seus representantes aos cargos representativos aos quais foram eleitos, e se, as instituições públicas cumprem suas funções de maneira eficiente. Quer saber, e cobra.

Ao mesmo tempo os valores que definem o relacionamento entre as pessoas também mudaram, pelo menos para a maioria das pessoas. Preferências pessoais, em qualquer comportamento, convicção ou forma de pensamento devem ser respeitados, assim como sua livre manifestação; a aparência manifestada pela cor da pele, tipo de cabelo, ou roupa não é admitido como forma de juízo; a privacidade individual é um direito a ser zelado. Estes valores se tornaram tão importantes que foram amplamente amparados por leis e normas de conduta.

Desafiar estes valores e seus normativos, justificando por brincadeira ou amparo num conceito difuso de tradicionalismo é um ato de extrema arrogância para com aquilo que a sociedade atual define como sendo de seu interesse. É um ato encapsulado no tempo e no espaço. Num tempo já há muito passado, e num espaço no qual quem tinha o poder não se achava responsável pelas consequências do seu exercício.

A instituição pública que ignorar essas  intransigências, poupar esforços para que atos que desafiam os novos valores sociais não se repitam, está encarando uma briga que em algum momento irá perder. A briga com uma sociedade que mudou e quer ver estas mudanças respeitadas.

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A próxima lista que eu gostaria de ver é uma lista do que está sendo feito para mudar a Esalq para que ela continue sendo a mesma. Uma instituição que se sente honrada por ser amparada pela sociedade e que está atenta àquilo que a sociedade de hoje quer, e não aos valores de uma sociedade que viveu num tempo pretérito no qual os valores foram forjados com outros ferros. Quero ver uma lista do que vai ser mudado na Esalq, não porque ela quer, mas porque ela é obrigada a motivar seus atos; o que vai ser mudado para  respeitar vontades e valores que não cabe a ninguém questionar.

 Gerd Sparovek (Cumprido F-83) Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor, é Professor da ESALQ na área de conservação do solo e planejamento do uso da terra. Atualmente na Universidade de Chalmers em Gotenburgo. Ex-Morador da República Kpixama.

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