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A futurologia na agricultura.

01/02/2021 - Por evaldo kazushi takizawa
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Em tempos remotos prever o futuro era trabalho das videntes de todas as naturezas como cartomantes, quiromantes, leitura do jogo de búzios, cartas de tarô, bola de cristal e num passado mais longínquo os gregos recorriam ao oráculo de Delfos que através de Apolo, os grandes líderes do mundo antigo tomavam suas decisões e para aproveitar o ensejo e para os interesses dos asiáticos tinham os hexagramas de “I Ching”, a adivinhação é tão antiga quanto a presença humana na Terra, então na agricultura a predição é quase como usar sementes antes do cultivo.

Na agricultura profetizar passou a ser um trabalho disfarçado de muitos nomes, que aqui não quero citar para evitar colocar em “saia justa” quem atua na área e oferece trabalhos com resultados garantidos e não um prognóstico com perspectivas que podem não se concretizar diante de inúmeras interações sem nosso domínio que acontecem na atividade agrícola.

Um treino mental para analisar o “futuro do passado” pode nos auxiliar para uma análise dos ambientes seguros e inseguros na execução das operações agrícolas baseadas na previsão do futuro.

Mas antes desse treino mental, vamos explicar melhor o que é o “futuro do passado”, usando nossa imaginação, aliás um dom que nos distingue dos outros animais, a nossa criatividade pode nos retornar a 35 anos quando éramos apenas um ingressante na gloriosa escola que nos acolheu para formação do título de engenheiro agrônomo, voltando ao ano de 1986 podemos usar a nossa engenhosidade de engenheiro para tentar lembrar quais eram as nossas profecias até 1990, isso é o “futuro do passado”.

Durante as aulas de genética tenho certeza que não abordamos a edição gênica e as potencialidades no melhoramento, assim como em topografia o GPS não faziam parte das nossas estratégias para traçar o perímetro de uma lavoura, então naquela época creio que nossas previsões estariam erradas, é possível ocorrer muitas mudanças na agricultura, apesar disso vamos precisar do sol, do solo e da água nos próximos 100 ou talvez 1.000 anos seguintes, este é o futuro seguro!

Após a certeza que iremos errar sobre o futuro, por que fazer previsões convictos da imprecisão do futuro, não seria mais racional criar diversos cenários e a partir do presente criar táticas ágeis para solucionar as barreiras na jornada que nos aguarda e assim conceber o futuro que desejamos ao contrário de tentar moldar o presente na esperança de chegar ao futuro conforme os profetas previram.

Na agricultura é preciso considerar a taxa de falhas de cada nova tecnologia e que suas implicações não provoquem a ruína de quem as utiliza, uma tecnologia nova até tornar-se consagrada é preciso resultados de longa duração, um efeito positivo de uma safra pode não ser suficiente para replicá-la em toda minha propriedade e oferecer aos meus vizinhos.

Num oráculo imaginário, a todo dia nos questionamos a cerca das ocorrências do futuro, isso traz muita ansiedade e para evitar isso, organizemos o “futuro do passado” a frações de semanas, meses ou anos até a data presente e depois façamos um balanço dos acertos e erros das predições do “futuro do passado”. Quantas vezes acertamos as chuvas, os preços dos produtos agrícolas, das produtividades da minha lavoura e os imprevistos durante a safra?

Assim para dar o valor para o “futuro do presente” que tanto nos angustia e em algumas ocasiões o nosso desespero é apoiado nos “futurologistas” que não dominam a realizade integral da singularidade de cada agricultor, melhor dizendo: o futuro de todos pode não ser o meu futuro.

Então na agricultura, se o agricultor deseja um futuro melhor, continue protegendo seu solo e mantenha um programa de preservação das águas, assim como faziam os antigos gregos, romanos, chineses antes da Era Cristã e não se preocupe se a semeadura será realizada por uma máquina autônoma ou tracionada por um trator.

 

Guaimbê (Evaldo Kazushi Takizawa) – Engenheiro agrônomo F90.

Ex-morador da república SS Pau Torto.

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