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A ilusão da escolha (Reistarte F12)

21/08/2016 - Por raphael lovadine tristão
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Você acredita em destino, que toda sua vida já foi predefinida ao nascer, como um rigoroso roteiro? Pois bem, não há nada que prove que realmente nossos caminhos já foram traçados e que não conseguimos sair desse trilho, mas o sentimento da liberdade de escolha também pode ser uma ilusão.

Você acorda pela manhã, na sua mesa há uma xícara de café e uma de chá, você opta, você escolhe pelo café. Aqueles que creem em destino dirão que você já estava predestinado a escolher o café, portanto não foi uma escolha, pois o chá nunca foi uma opção. Mas digamos que você fosse capaz de enxergar alguns segundos de seu futuro, e enxergasse você tomando o café. Se mesmo assim tomasse o café, você novamente estaria cumprindo seu destino. Mas e se para não realizar a visão "optasse" pelo chá? Você teria alterado seu destino, realmente teria feito uma escolha pelo chá? Novamente não, pois o café nunca teria sido uma opção. Você já estaria destinado a ter a visão e destinado ao chá.

Novamente, há sobre uma mesa uma maçã e uma pera, ao pegar a maçã você jamais poderia ter pego a pera, logo essa nunca foi uma opção, não existindo escolha. Toda a existência se concentra no agora imediato, vulgo presente. Dessa forma não há futuro, pois este não existe ainda, e nem existirá, pois, a existência é exclusivamente imediata. E dessa mesma forma não existe o passado, que apenas se reserva em forma de memória e registros. Ao pegar a maçã a pera se torna passado e deixa de existir, pois toda a existência está concentrada na maçã, assim ela jamais pôde ser uma opção. A escolha é apenas um sentimento nostálgico do que poderia ter sido, mas que jamais aconteceria.

O acaso aqui pode existir. Se antes de tocar a maçã, esta cai no chão, então você pega a pera. O acaso derrubou a maçã, mas novamente a pera não é uma opção, pois agora é o único objeto em questão, não há escolha. Pode-se argumentar que poderia ter-se escolhido não pegar a pera ou pegar maçã no chão. Essas duas ações também não seriam escolhas, pois o imediatismo da existência faz com que a pera novamente não fosse uma opção.

Ainda que fosse possível uma volta ao passado, ao pegar a pera a maçã jamais foi uma opção, novamente não existindo escolha, dessa forma nada se altera no futuro desse passado, pois a pera seria pega de qualquer jeito. Existe apenas a força, a singularidade e a realidade da existência imediata.

Não se pode afirmar o destino, não se sabe se a história está fechada previamente ou ainda a aberta a ser escrita, ainda mais porque o fator acaso é forte. Porem a ideia de liberdade de escolha é uma ilusão. Todas nossas ações acontecem e aconteceram inevitavelmente da única forma possível, e por mais que imaginemos como teriam sido, jamais aconteceriam de outra forma. Assim sendo a outra via da escolha jamais foi uma opção, tornando paradoxal a existência da escolha. Como dita a sabedoria popular "se" não existe. Sempre gostei do mundo agrícola, poderia ter feito engenharia, mas não fiz, poderia não ter escrito esse texto, mas escrevi. Tudo o que fizemos e fazemos foi feito de uma forma que não poderia ter sido outra, pois o "se" não existe, a existência imediata o impede, fazendo com que a escolha não seja mais do que uma grande ilusão intrínseca à nossa memória.

A sensação ilusória da escolha pode estar ligada à possibilidade da teoria quântica da existência de múltiplos universos. Cada decisão de ação que tomamos seria capaz de gerar infinitos universos, assim ao pegar a maçã ocorre a criação de um outro universo, onde a pera é pega. A teoria diz que ao estudar pequenas partículas, percebe-se que, enquanto elas não interagem com mais nada, é impossível saber seu estado (propriedades). Ainda mais: enquanto não são perturbadas, elas estão em todos os estados possíveis ao mesmo tempo. Isso pode ser um reflexo da possível existência de múltiplos universos paralelos. Quando uma partícula passa por uma interação, novos universos são criados; em cada um deles, essa partícula estaria num estado diferente.

Nota: As informações e opiniões expressas neste blog são de responsabilidade única do autor.

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