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AGROdestaque entrevista André Marques Válio, engenheiro agrônomo (F-1999)

11/04/2014 - Por raiza tronquin
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Atuação profissional
Formou-se engenheiro agrônomo em 1999. Posteriormente, fez MBA em Gestão Empresarial, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), e um curso de especialização em Gestão e Tecnologia Aplicada ao Setor Sucroalcooleiro, oferecido pela ESALQ em parceria com a União dos Produtores de Bioenergia (Udop).

Desde o início de sua carreira atuou no setor de agroindústria. Começou na área de planejamento, controladoria e contabilidade de custos em usina de açúcar e etanol e, pouco tempo depois, incorporou também a gestão de contratos de prestadores de serviço. Ao final de 2000, assumiu funções referentes à produção agrícola e, em 2001, já era o gestor responsável por toda a unidade de produção de matéria-prima, na usina em que trabalhava, reportando diretamente ao diretor agrícola.

Em 2003, recebeu proposta para trabalhar na indústria de suco cítrico, na área de inteligência de mercados, preparando informações para a administração construir o planejamento estratégico da companhia. Ao final de 2004, abriu sua consultoria, Válio Inteligência Competitiva, e começou atuar junto às agroindústrias, principalmente do setor sucroenergétcio, nas áreas de gestão por processos, planejamento estratégico e tático, implantação de sistemas integrados de gestão e gestão da produção.

Em 2008 foi convidado para ser diretor de matéria-prima da Abengoa Bioenergia Brasil, subsidiária da produtora de etanol Abengoa Bioenergy. Em 2011, deixou a área de produção e passou para o cargo de diretor de organização agroindustrial da Abengoa Bioenergia Brasil, onde suas responsabilidades eram dirigir as áreas de logística, planejamento agroindustrial, engenharia, qualidade/ambiente/segurança/saúde (QMASS), informática e desenvolvimento & inovação.

Em 2012 saiu da Abengoa e foi para a Umoe Bioenergy, empresa de capital norueguês que tem diversos negócios em várias partes do mundo. No Brasil, a Umoe produzia etanol e energia, sendo Válio o diretor de operações, responsável pela matéria-prima, indústria, logística, engenharia e ambiente.

Fale um pouco sobre a área que se dedica atualmente
Em meados de 2013, saí da Umoe para dedicar-me à consultoria. Nessa área, atuo com foco maior em planejamento estratégico para empresas, mas sempre focado em temas de commodities agroindustriais, em diversos países como Brasil, EUA, Reino Unido, Peru, México e Espanha.

Quais os principais desafios desse setor?
Minha maior experiência é com o setor sucroenergético e, neste momento, o cenário não é favorável. A estiagem prolongada na região centro-sul e a dificuldade de caixa que as usinas brasileiras estão enfrentando neste momento, fizeram com que a produtividade dos canaviais seja a pior dos últimos 14 anos. Se continuarmos com condições climáticas desfavoráveis, podemos ter o pior rendimento agrícola desde a década de 1970.

As políticas governamentais de incentivo às energias renováveis não é clara e tem demonstrado ineficiência no sentido de incentivar os investimentos. O setor investiu muito entre 2003 e 2008 e não conseguiu obter o retorno esperado, gerando alta alavancagem financeira, ao mesmo tempo que os ativos depreciaram e os preços dos produtos (etanol e açúcar) estão abaixo da linha de custos. O maior desafio neste momento é sobreviver à crise, mas quem sobreviver terá grandes oportunidades de crescimento.

Que tipo de profissional esse mercado espera?
O mercado espera profissionais que apresentem quatro características em seu perfil:

Aptidão técnica apurada (os níveis de tecnologia agronômica e logística aplicados ao agronegócio são altos); Gestão de pessoas (as atividades em uma usina sucroenergética costumam ser altamente intensivas em mão-de-obra); Muita dedicação ao trabalho (as atividades numa agroindústria canavieira têm períodos de altíssima demanda de trabalho. É provável que o profissional tenha que trabalhar por algumas temporadas de 12 a 16 horas por dia, quando se tem um problema urgente para ser resolvido); Habilidades empresariais (é mandatário o domínio das análises de custos, elaboração de orçamentos, gestão de materiais, planejamento em seus diversos níveis - estratégico, tático e operacional - e de negociação).
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