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AGROdestaque entrevista Antonio Félix Domingues, engenheiro agrônomo (F-1975)

15/11/2010 - Por caio albuquerque
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Atuação profissional
Antônio Félix Domingues é engenheiro agrônomo formado em 1975 e, durante a graduação, foi presidente do CALQ, Centro Acadêmico "Luiz de Queiroz". Profissionalmente, atuou como técnico da Cooperativa de Cafeicultores de Maringá-PR (COCAMAR, 1976 - 1979), foi chefe do CEASA de São Paulo (CEAGESP, 1983 - 1986). Entre 1986-89 organizou e foi o primeiro presidente da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo (CODASP), sucessora da Cia Agrícola Imobiliária e Colonizadora (CAIC), focando o trabalho em conservação de solo e água, tendo concebido e iniciado o programa de melhoria de estradas rurais, posteriormente denominado "melhor caminho". Ocupou o posto de Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (1990 - 1991), diretor de Desenvolvimento e Vice-Presidente de Investimentos do Banco do Estado de São Paulo (mar/1991 - jul/1993) e presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, Conab (1993). Na gestão pública do Estado de São Paulo foi, ainda, Secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras (1994), presidente do Conselho de Administração da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (1994) e presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos - Estado de São Paulo (1994). Como assessor da Presidência da República, entre 1999 e 2000, auxiliou nos processos de criação (elaboração do projeto de lei e negociação com o Congresso Nacional) da ANA - Agência Nacional de Águas. É funcionário da ANA desde o primeiro dia de seu funcionamento, tendo sido superintendente, diretor-substituto. Atualmente, é coordenador, supervisionando as áreas de comunicação social, parlamentar e internacional. Formulou o Programa "O Produtor de Água", modalidade de pagamento por serviço ambiental, focado na área de águas. Este programa já está em operação em diversas áreas do país.

Que tipo de profissional o seu mercado espera? 
O gerenciamento dos recursos hídricos, de maneira organizada, é atividade recente no Brasil e posterior à lei n° 9433. Esta atividade abre espaço para profissionais com afinidade para a área de proteção de mananciais, conservação do solo, manejo de bacias hidrográficas, agricultura conservacionista e para a agricultura irrigada no conceito da agricultura de precisão.

As próximas décadas demandarão profissionais focados na sustentabilidade hídrica com novas atividades como o reúso de águas servidas para o uso na irrigação, o pagamento por serviços ambientais e serviços ecossistêmicos e a atuação diferenciada dentro dos zoneamentos ecológicos e econômicos que moldarão a agricultura num futuro próximo, face às exigências crescentes de certificação de sustentabilidade, sobretudo ambiental no mercado mundial.

Em recente artigo no jornal O Estado de São Paulo, o Sr. abordou a falta de fundamentação econômica sobre a questão da hidropirataria. Sobre a crise da água, a dessalinização e o reuso são as vias mais promissoras e objetivas para combatê-la?
No caso do Brasil, o reúso é a prática que poderá fazer uma diferença fundamental na melhor gestão das águas. Em muitas regiões poderemos fazer um tratamento primário nos esgotos domésticos e aplicar esta água na irrigação de cana-de-açúcar, florestas econômicas, café, algodão, pastagens e diversas outras culturas. Com essa prática poderemos tratar os esgotos das cidades a custos menores, oferecer esta água com nutrientes para que a área agrícola preste serviço ambiental e devolver esta mesma água em qualidade muito superior ao meio ambiente. As bacias passarão por um processo contínuo de melhoria da qualidade das águas. A prática de dessalinização ou de destilação da água será uma atividade limitada a circunstâncias locais muito especiais e não deverá ser largamente utilizada no Brasil. Há muitas possibilidades de darmos um salto de qualidade na gestão das águas e isso será cada vez mais efetivo, na medida em que se avance na formação dos comitês de bacia hidrográfica e na implementação dos instrumentos da Política Nacional dos Recursos Hídricos. 

Entrevista concedida à Caio Albuquerque
MTb30356
04/03/2011
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