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AGROdestaque entrevista Fernando de Mesquita Sampaio, engenheiro agrônomo (F-1997)

24/08/2012 - Por ana carolina miotto
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Atuação profissional
Após formar-se, trabalhou por um ano no Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Em seguida, voltou à ESALQ e, a partir de um convênio da Escola com a École Supérieure d"Agriculture d" Anger, foi à França fazer especialização em mercado de carne e leite. Após o curso, estagiou na Société de Viandes Bretagne Anjou (SOVIBA), um frigorífico francês que pertencia a uma das maiores cooperativas do país, pelo qual foi contratado no setor de exportação. No início de 2001, a ocorrência do mal da vaca louca no continente provocou uma crise sem precedentes no setor de carne bovina europeu. Prevendo o desastre, migrou para a Holanda a convite de um dos maiores importadores de carne da Europa, a Meat Import Zandbergen, onde permaneceu de 2001 a 2008, coincidentemente o período de maior crescimento das exportações brasileiras de carne bovina. Ao voltar para o Brasil, entrou para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) como o primeiro Coordenador de Sustentabilidade e, em seguida, foi promovido a diretor executivo.

Qual o papel da ABIEC no mercado?
A ABIEC representa os interesses da indústria da carne bovina brasileira junto aos órgãos oficiais e às entidades de classe no Brasil e no exterior. No momento, exportamos mais de 5,3 bilhões de dólares, tendo assim um peso significativo na balança comercial e no PIB agroindustrial brasileiro. Trabalhamos para modernizar a indústria, agindo ativamente para eliminar gargalos e oferecer soluções para as empresas, seja junto ao Ministério da Agricultura ou representando a indústria nas áreas ambiental, trabalhista, tributária, comercial e logística. Dialogamos com representantes de produtores, como a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e associações de criadores, com entidades da indústria e outras organizações da sociedade civil. Intermediamos os interesses do setor em negociações internacionais para a abertura de novos mercados e atuamos em parceria com a Apex Brasil na promoção da carne brasileira no exterior por meio do Programa Brazilian Beef.

Quais os principais desafios desse setor?
Houve uma evolução muito grande do setor como um todo na última década, e grandes investimentos foram realizados, tanto no parque industrial como na atividade pecuária, mas os desafios ainda são muitos. Trabalhamos junto às representações de produtores por uma maior segurança jurídica no campo e para uma maior difusão de tecnologia, que permitirá um salto de produtividade para a pecuária. Na indústria, ainda convivemos com uma legislação obsoleta, uma burocracia excessiva, uma infraestrutura precária, uma mão de obra mal qualificada e, ainda por cima, com um grande nível de informalidade, especialmente em abates municipais. No mercado externo, precisamos evoluir nosso status sanitário, melhorar a competitividade, aumentar o número de acordos comerciais e melhorar o lobby nos mercados importadores.

Que tipo de profissional esse mercado espera? 
Alguém com visão holística, que conheça todos os desafios de cada etapa da cadeia produtiva, os insumos, a pecuária, a indústria, e que consiga enxergar todas as interfaces que este setor tem, econômicas, sociais e ambientais. Hoje lidamos com várias áreas, desde questões geopolíticas, como a segurança alimentar do mundo, até o estudo de legislações referentes ao setor, passando por regulamentos de inspeção, sanidade animal, desmatamento, comunidades indígenas, condições de trabalho e eficiência zootécnica de propriedades rurais. Deve-se enxergar o todo.
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