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AGROdestaque entrevista Hélio Casale, engenheiro agrônomo (F-1961)

08/02/2011 - Por caio albuquerque
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Atuação profissional
Formado na turma de 1961, dedicou-se, ainda no período escolar, ao estudo da seringueira, cujo cultivo estava avançando no interior de São Paulo. Natural de Santa Adélia (SP), nessa época morava com seus pais em Catanduva (SP) tendo em Tabapuã (SP), cidade vizinha, o maior viveiro irrigado de mudas de seringueira do mundo com mais de 150 ha, onde o Sr. Erasmo Hoelz, pai do Dr. João Jacob tinha sido administrador por muitos anos. Durante as férias, dividia o tempo entre a famosa fazenda água Milagrosa e estágio na Date, na Seção de Seringueira. Nessa Seção, teve professores especiais como o José Bardauil, João Jacob Hoelz, Jaime Vasques Cortes. Na festa de colação de grau foi surpreendido ao receber o prêmio Edmundo Navarro de Andrade por trabalho feito com avaliação da germinação de sementes de seringueira trabalho esse orientado pelo Dr. Salim Simão. O curso acabou e, logo ao sair, prestou concurso para a DATE , órgão da Secretaria da Agricultura de São Paulo tendo sido aprovado e indicado para assumir a Casa da Lavoura de Tabapuã. Ali ficou por cerca de 3 anos controlando a saída de mudas do viveiro da Água Milagrosa até que foi convidado para assumir a Casa da Lavoura de Catanduva. Por indicação dos colegas mais velhos foi para a Delegacia Regional de Catanduva para coordenar os trabalhos de outros 14 colegas. Fiquei nesse cargo até agosto de 1966, quando se desligou desse trabalho para entrar no quadro de agrônomos da Quimbrasil, empresa que comercializava fertilizantes e defensivos, onde tinha a incumbência de dar assistência técnica aos vendedores e clientes maiores. 
Passados uns poucos anos foi transferido para a Matriz da empresa em São Caetano do Sul (SP) para assumir o Departamento Técnico Brasil. Permaneceu nessa empresa por 18 anos, se desligou em 1984 para tocar a vida como consultor autônomo, atividade que desenvolve ainda hoje com clientes produtores de café e cacau principalmente. Dentro dessa atividade está sendo levado também a proferir palestras e treinamento técnico sobre técnicas de vendas, emprego adequado de fertilizantes e corretivos. Ocupa seu tempo também em escrever artigos técnicos para revistas e jornais. Para a execução dos trabalhos, tem procurado manter um nível constante de atualização, recorrendo aos companheiros professores nas universidades, lembrando também que tem bons professores na iniciativa privada.

Que tipo de profissional o seu mercado espera?
Um profissional atualizado com as modernas técnicas de cultivo e condução das lavouras e que enxergue o todo, pois a agricultura está sob a influência de cerca de 52 fatores de produção referentes aos aspectos, físico, químico e biológico e trabalha em tempo real. O mercado procura um profissional de mente aberta, desprendido, devotado, não monetarista, que esteja atento à evolução das técnicas de cultivo e manejo e sempre aberto a inovações, venham elas de onde vier. O agrônomo de hoje deve ainda defender seriamente o conceito de solo parado, conscientizado e conscientizando seus liderados que estamos fazendo agricultura em solo sob clima tropical, onde os efeitos dos raios solares são muito mais intensos, afetando sobremaneira o solo e as plantas nele cultivadas.

Avalie a cafeicultura no País?
Com assistências nas principais regiões produtoras de café deste país, posso afirmar que estamos praticando uma cafeicultura de baixa produtividade econômica, sendo os seguintes os motivos principais: manejo inadequado dos matos das entrelinhas (mato zero); falta de desbrotas que leva a um envassouramento dos pés com aumento exagerado do IAF e conseqüente queda na produção potencial; muita pesquisa de uma nota só, como por exemplo doses crescente de fósforo e o aumento da produtividade, esquecendo dos demais fatores limitantes que entram, deixando-os sem medir; análise do solo em lavouras adultas como se fora um solo arado e gradeado anualmente; análise de folhas sem interpretação sazonal e adequada; colheita bem feita e um pós colheita que leva a perda de qualidade nos terreiros, secadores; aceitar orientação de técnicos das cooperativas que estão mais interessados em empurrar produtos do que orientar e avaliar as causas dos problemas; aceitar condições de crédito via Bancos e Cooperativas muito caros; boa parte dos cafeicultores não anotam seus gastos e nem tem noção, em tempo real, de a quantas anda seu negócio.

Entrevista concedida à Caio Albuquerque
MTb30356
08/02/2011
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