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AGROdestaque entrevista Marcelo Borges Lopes, engenheiro agrônomo (F-1989)

02/11/2012 - Por ana carolina miotto
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Atuação profissional
Após formar-se, fez o mestrado em Máquinas Agrícolas na ESALQ e MBA pela Fundação Dom Cabral. Trabalhou em usinas de açúcar nas áreas de mecanização, oficina e gerência agrícola e, em seguida, atuou por 11 anos no mercado de máquinas agrícolas trabalhando na New Holland e John Deere, nas áreas de assistência técnica, marketing, planejamento de produto e vendas. Desenvolveu trabalhos institucionais no setor de irrigação, foi presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (CSEI/ABIMAQ). Atualmente dedica-se ao setor de irrigação como diretor-presidente da Valmont, fabricante de pivôs centrais e lineares. É tesoureiro da CSEI e presidente da Fundação Triângulo de Apoio a Pesquisa, que gerencia os programas de desenvolvimento de material genético da EMBRAPA para Minas Gerais em parceria com a EPAMIG.

Descreva as atribuições pertinentes ao cargo que ocupa. Qual a importância delas para o mercado?
Como diretor-presidente da Valmont sou responsável por toda a operação da empresa no Brasil. Temos uma fábrica localizada em Uberaba (MG) com 200 funcionários e uma empresa de consultoria em engenharia de irrigação com mais de 60 técnicos espalhados por todo o país e também no Sudão. Minha função é coordenar o trabalho das diferentes áreas, vendas, engenharia, compras, produção, administração, financeira, fiscal e recursos humanos, garantindo o alinhamento de todas elas com as estratégias da empresa. Além disso, também exerço um papel fundamental na ligação entre as unidades do Brasil e as demais unidades do grupo ao redor do mundo, principalmente com nossa matriz nos EUA. Nossa rede de distribuição é composta por 21 revendedores Valley espalhados nos principais mercados do Brasil. Trabalhamos fortemente no desenvolvimento dessas empresas buscando a satisfação de nossos clientes. O trabalho institucional é muito importante. Trata-se de uma ação pré-competitiva do setor fabricante de sistemas de irrigação com o intuito de fazer crescer o mercado no Brasil. Nesse sentido atuamos próximos a outras lideranças do setor, dialogando com as autoridades governamentais de todos os níveis, federal, estadual e municipal, buscando alternativas e sinergias que levem ao crescimento do mercado.

Quais os principais desafios do setor de irrigação?
A agricultura irrigada tem três desafios imediatos: facilitar a obtenção da outorga de uso de recursos hídricos, aumentar a capilaridade da distribuição de energia elétrica no campo e permitir o acesso ao crédito para mais produtores rurais. Essas são as prioridades do setor para permitir que a irrigação avance em nosso país. Hoje irrigamos pouco mais de cinco milhões de hectares no Brasil e temos um potencial de quase 30 milhões. O ritmo de crescimento é de apenas 150.000ha/ano. Dessa maneira, levaremos mais dois séculos para explorarmos todo o potencial, lembrando que no cálculo desses 30 milhões de ha estão consideradas todas as restrições ambientais e a disponibilidade de água. Precisamos nos comunicar melhor, aliás, esse é um desafio para todo o agronegócio no Brasil. A sociedade precisa entender que não é abortionpill-online.com pills possível escolher entre água para beber e água para comer. Precisamos das duas coisas, além de vários outros usos da água. Apesar de irrigarmos pouco mais de 6% da área, a agricultura irrigada é responsável por quase 30% dos alimentos produzidos no nosso país e isso representa mais de 40% do valor da produção. A parte mais visível disso é o setor de frutas e verduras de um supermercado ou o varejão. Tudo que está sendo oferecido nesses locais foi produzido em áreas irrigadas. Mostrar a importância da irrigação, garantindo a segurança alimentar dos brasileiros e de muita gente ao redor do mundo é um grande desafio. Hoje se fala muito da irrigação como um dos grandes usuários de água, mas não se relaciona isso com os benefícios da atividade. A irrigação aumenta a eficiência de uso do solo, permite ganhos de produtividade reduzindo a pressão de abertura de novas áreas para exploração agrícola, contribuindo assim para a preservação de biomas.

Que tipo de profissional esse mercado espera?
Os projetos de irrigação requerem grande conhecimento técnico para seu desenho e operação. Como fornecedores de sistemas e equipamentos, precisamos de técnicos capazes de entender a demanda do cliente, o ambiente onde ele está inserido, a situação socioeconômica e juntar tudo isso em uma proposta que seja a melhor solução para aquela situação específica. Dentro da porteira existe a necessidade de profissionais capazes de planejar e executar o uso eficiente da irrigação. Ou seja, minimizar o uso da água e energia e, ao mesmo tempo, maximizar a produtividade agrícola. Dizemos que agricultura irrigada é diferente de agricultura de sequeiro com água e, para isso, precisamos de profissionais capazes de gerir o negócio agrícola em um nível de eficiência mais alto. Precisamos de gente com brilho nos olhos e vontade de fazer acontecer.

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