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Algumas Formações Nebulosas na Cana (Sifu, F91)
25/03/2017 - Por marcos fava nevesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
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zofran and pregnancy 2018Algumas Formações Nebulosas na Cana
(Minha Leitura
dos Fatos da Cana em Março de 2017)
Quais são os fatos e impactos na cana?
ü O relatório de
safra da UNICA que compila os dados até o último dia de fevereiro mostra que o
total processado chega a 595,83 milhões de toneladas, quase o mesmo volume do
ano passado. Em açúcar produzimos 35,29 milhões de toneladas e de etanol 25,16
bilhões de litros (10,55 de anidro e 14,60 de hidratado). Mantém a previsão
final desta safra em 605 milhões de toneladas. 11 unidades estavam em operação
em fevereiro;
ü Sinais de que os
piores momentos podem ter passado vem da análise de investimentos sendo
feitos...
ü Biosev investiu
20% acima do ciclo anterior (R$ 847 milhões) principalmente em: lavouras,
produtividade e manutenção industrial;
ü São Martinho
aumentou 21% também, para cerca de R$ 630 milhões, como já citado aqui no mês
passado, na Usina Santa Cruz;
ü
Raizen anunciou as metas de 2017/18: moagem de 59 milhões a 63 milhões de toneladas (contra 59 milhões a 61 milhões de
toneladas desta safra), produção de açúcar de 4,3 milhões a 4,7 milhões de
toneladas (4,2 milhões a 4,6 milhões de toneladas desta safra), produção de
etanol de 2 bilhões a 2,3 bilhões de litros (contra 1,9 bilhão a 2,2 bilhões
desta safra) e finalmente, de cogeração, espera comercializar de 2 milhões a
2,2 milhões de MWh de energia elétrica (menor que os 2,45 milhões a 2,65
milhões de MWh desta safra). Espera ter o lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (EBITDA) de R$ 3,9 bilhões a 4,3 bilhões
(sensivelmente melhor que os R$ 3 bilhões a R$ 3,3 bilhões desta safra) e
investimentos (CAPEX) de R$ 2,1 bilhões a R$ 2,4 bilhões, maiores que os da
atual safra, estimados entre R$ 1,9 bilhões a R$ 2,1 bilhões, em produtividade e
maximização de açúcar, disponibilidade de cana, logística, biogás e
infraestrutura;
ü A Aroeira em Tupaciguara (MG) investiu em estrutura para produzir 120
mil toneladas de açúcar em 2017/18. A Datagro estima que os investimentos podem
ter aumentado a capacidade de produção de açúcar no Centro Sul em 1,4 milhão de
toneladas;
ü Enfim... mês onde voltam a aparecem algumas notícias de investimentos e bom andamento de safra. Mas aumentam as reclamações em relação ao clima e fraco desenvolvimento da cana em algumas regiões.
Quais são os fatos e impactos no açúcar neste mês?
ü
OIA (Organização Internacional do
Açúcar) reduziu outra vez a projeção de déficit global de açúcar na safra
2016/17 para 5,869 milhões de toneladas (a última foi de 6,19 milhões). Para a
safra 2015/16 sua estimativa é de déficit de 5,359 milhões de toneladas.
Estoques devem cair em 11,1 milhões e à partir de 2017/18 não deve existir mais
déficit, e sim pequeno superávit. O quociente entre estoques e consumo está
43,78 por cento, o menor desde 2010/11. Estima o consumo da safra 2017/18 em
174,2 milhões e a produção em 168,3 milhões;
ü
Em seu relatório, espera que o Brasil
produza 38,8 milhões de toneladas e exporte 27,6 milhões. Tailândia deve
produzir 9,5 milhões e exportar 7 milhões;
ü FCStone acredita
que no ciclo que se inicia em 1 de outubro (2017/18) a produção crescerá 5,6%
em relação ao ciclo 2016/17 (186,3 milhões de toneladas), e a demanda cresce
somente 1% (186,8 milhões). Portanto ainda teremos déficit e queda de estoques,
chegando ao menor número desde 2011/12 (63,1 milhões de toneladas);
ü
Os preços do açúcar em Bolsa cederam
um pouco nestes últimos 15 dias. Já é de 25% a queda deste outubro de 2016.
Previsões da Archer indicam boas chances de cairem um pouco mais durante a
safra brasileira, principalmente de abril a junho, a menos que algum evento
climático possa surpreender. Safra acima de 600 milhões de toneladas e o
petróleo vindo abaixo de 50 dólares por barril (desestimulando o etanol)
poderiam contribuir para queda maior, entre outros fatores. São sempre, de
acordo com a empresa, questionáveis as previsões que vem da Índia, que tem mais
de 35 milhões de produtores de cana. Segundo a ISMA (Associação das Usinas de
Cana-de-Açúcar da Índia) até o momento a produção está quase 3 milhões de
toneladas abaixo da safra anterior. Isto pode fazer com que o país importe até
1,5 milhão de toneladas;
ü
São fatores altistas o prêmio ao
açúcar branco e o grande volume de produto já fixado, que reduziria os impactos
da safra. No modelo de previsão da Archer os preços podem vir próximos de 17,17
centavos de dólar por libra-peso em maio. Segundo a Archer e aqui também
escrevemos isto, quem vendeu aproveitando o momento se deu bem. De acordo com
este relatório, em 41% dos fechamentos diários dos últimos 12 meses o preço
esteve acima de R$ 1.500/tonelada;
ü
Chamou atenção no mercado as elevadas
compras de açúcar feitas pela trading Wilmar, que movimentou 13,5 milhões de
toneladas em 2016, ao redor de 8% do total produzido no mundo, e o faturamento
deste negócio para a empresa foi de US$ 5,9 bilhões (33% acima do ano anterior).
A empresa tem cada vez uma influência maior no mercado, e fez diversos
investimentos na Austrália (o primeiro em 2010) e na sequência na Indonésia,
Marrocos e Índia. De acordo com traders, é uma indicação baixista;
ü
Tailândia: trata-se do concorrente com
o maior potencial de expansão na produção, atrapalhando os planos da cadeia
produtiva no Brasil. Os subsídios praticados já estão no foco do Brasil e da
UNICA, que estima que o Brasil perdeu vendas de US$ 1 bilhão por ano devido aos
tailandeses. Segundo o Ministério da Agricultura, até o final deste ano o
controle de preços deixará de existir;
ü
No mercado interno os preços estão a
R$ 80/saca, relativamente estáveis. Tereos em 2016/17 vendeu 30% a mais no
varejo nacional, graças à esforços de comunicação e canais, atingindo novas
regiões. Pulou de 7% de suas vendas para 10% e quer atingir em 2017 ao redor de
13%;
ü
O tamanho da safra no Brasil é um dos
principais fatores a serem considerados agora. A influência do clima nos próximos
meses é o fator número um para alterações do quadro. Temos que considerar a
área no Centro Sul (entre 7,5 a 8 milhões de hectares) e a produtividade média
que virá;
ü
Devemos lembrar também que neste mês
houve ligeira desvalorização do real, o que traz efeito baixista nos preços do
açúcar em cents por libra peso.
ü Enfim: no açúcar nosso mês não foi muito bom.
A coleção de notícias foi baixista.
Quais são os fatos e impactos no etanol neste mês?
ü Segundo a EPE (Empresa de Planejamento e Pesquisa) os cenários para 2030, mostram que
a importação de gasolina pode alcançar 7 bilhões de litros no pior cenário, de
quase nada de investimentos no setor. Ai os cenários começam a contemplar mais
investimentos, e o mais aceito é o de instalação de 22 novas usinas, o que
zeraria as importações de gasolina. Há um cenário também otimista, onde
teríamos excedente de 3,4 bilhões de litros de gasolina. Pela UNICA, sem
incentivos o problema é muito maior e a importação seria de 27 bilhões de
litros em 2030;
ü O mês traz redução nos preços do petróleo, que impacta negativamente os
mercados da cana. Queda de mais de 5%, trazendo os preços abaixo de US$ 50 o
barril e derrubando os preços das ações das petrolíferas;
ü A Casa Branca desmentiu rumores que a política de uso de etanol seria
alterada pelo Presidente Trump, fazendo com que as ações das empresas do setor
tivessem razoável ganho;
ü A nova política de preços da Petrobrás deve estimular a concorrência em
importações de combustível;
ü Vendeu-se em fevereiro para o mercado interno
836,469 milhões de litros de hidratado e
816,807 milhões de litros de anidro. Houve retração na comparação com janeiro
dos dois produtos. O hidratado caiu 6,78% e o anidro 5,20%;
ü Segundo Alfred Szwarc, consultor da UNICA, outros produtos poderão conquistar
a cana no curto prazo, o bagaço como alternativa para melhorar a durabilidade
de concretos e argamassas (substituindo areia natural – projeto da UFSCar, de
nome Areia de Cinza do Bagaço de Cana), que poderia evitar se retirar de 4 a 5
milhões de toneladas do total de 100 a 200 milhões de toneladas de areia dos
rios para a construção civil (5% do volume total). Outro uso seria para
produção de carvão ativo à base de bagaço, feito pelo CNPEM, com custo 20%
menor que os concorrentes, para uso em processos de filtragem.
ü Pedir tributação no etanol de milho americano para entrar no Brasil é
um contrassenso. Que ele seja submetido às mesmas regras que o etanol
brasileiro, mas pedir protecionismo não, fora de cogitação.
ü No etanol novamente não são boas as notícias do mês.
Marcos Fava Neves (Sifu, F91) é Professor Titular
da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante
Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é Professor Visitante
Internacional da Universidade de Buenos Aires e Membro do Conselho da Orplana.
Este material é um resumo mensal feito sobre assuntos de relevância à cadeia da
cana de açúcar. (favaneves@gmail.com).