Blog Esalqueanos

All Encarnados (Pikira F87)

17/02/2016 - Por cesar figueiredo de mello barros
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

5248 views 0 Gostei 0 Não gostei

ventolin and proair

ventolin vs proair

Aqui na paróquia, o que dava prestigio era o basquete e só. Perna e braço de pau, tinha muito fôlego, fui medalha de bronze nos Colegiais e ouro nos Jogos da Primavera, nos 50 e 100 metros de peito (chamado “nado clássico” naquelas eras); me esforcei como levantador do vôlei, ala no hand e no salão, disputei os 1500 rasos e fui tricampeão do xadrez até me tornar  um razoável lateral esquerdo do futebol Canindé (aqui conhecido como chacrobol) com muita disposição, pouca habilidade e algo desleal com atacantes velozes.

Já escolado por um semestre na cosmopolita Espirito Santo do Pinhal, nem me matriculei em Educação Fisica, no 10º semestre o Tito  e o Calderon quebraram meu galho “tenho um emprego arrumado em Aparecida do Taboado, vê o dá pra fazer”, era quase verdade, dois pares da indústria local ajudaram.

Cheguei a ir a um treino de beisebol com o pessoal da Karkará (“3 japas, eu, e 3 normais”, na cruel autodefinição do boliviano Golpe. Alias normal mesmo só o Mau da Tulipa e o Folgado, porque Rota  era literalmente faixa-preta, de Gardenal pra cima), Pokoloko e Pingapura em peso, só tinha o Gandhi de nacional, incluso o equipamento; infelizmente não logrei entender a beleza de um esporte em que a bola vai pra um lado e o atleta corre pro outro, (o Gandhi foi segundo lugar da Fuvest, certamente compreendeu). Não me empolguei.

Continuei nas laterais, fui grande adepto do futiba sem anti-doping de quarta feira no laguinho Santa Rosa, junto com a paulistanada da Vila Independencia; fomos desancados pelo Gera, seu irmão Dunga e o Casemiro num tal “futebolandarilho” (correr era falta) que inventamos e praticamos algumas vezes lá nos campinhos do ginásio, até fui da AAALQ, só o Kibe e a Eike do alemão Jorg (atual sra. Lister P. Duarte) frequentaram a piscina mais do eu, o Bambu (maior diretor que a ESALQ já teve, F87 ainda por cima) prometeu reformar, podem crer.

Agronomíades, só a de João Pessoa daria um livro (escrevo um texto na próxima); Jaboti-caba, 4 garrafas de Presidente em 3, eu, Pipino e Jabuti; Pin-Pira, SaPo Magro, Baxarel x Baxaria; memoráveis embates. Mas foi só.

Até que um belo dia de 87, Quase veio empolgado, “o bixo RG vai reativar o rugby da gloriosa, é um esporte de força, esforço e camaradagem, você nasceu pra isso Pikira”, os irmãos dele jogavam na Lusa, acho que chegaram à seleção paulista “ainda tem o tal de terceiro tempo, os dois times enchem a cara juntos, harmonia total, a disputa fica no campo”, o pessoal antigo da Avarandado havia jogado, Bugiu e o Gigi também, haviam tecido loas e boas. Achei interessante, fomos pro treino, lá no campão do ginásio.

Um monte de bixos grandes,  explicaram as regras mais ou menos, ensaiaram o “scrumb” aquele bolinho de gente a cada tantas jardas de avanço, bufaram na minha orelha, disseram depois que o costume meio gay é morder, sei lá se isso presta; a Avarandado dava meio time, dois pilares de respeito, Kabra e Fango, eu o Paca e o Quase, atleta- treinador, o Suruba e o chileno Cura também tinham noção, o tambem chileno Pinochet- parece que é esporte popular por lá, ao lado de fazer vinhos Carmenere e classificar terremotos-um verdadeiro tanque de guerra, atacante temível do time do RG, adversário.

E logo no começo ele veio com a oval (pelota, hexagonal, sei lá como se refere a aquilo), ali pela meia direita, derrubando todo mundo à sua frente, qual bola de boliche fazendo “strike”- outro esporte interessante, se joga tomando cerveja- pisou no meu pé, sobre “mi dedo gordo” e arremessou Robert Glenn (o Suruba, nome e educação de ator inglês perdido na Cortiço) a algumas jardas de distância, de costas e sem fala. Demorou minutos que pareceram séculos para ser reanimado, achamos que ficaria meio xarope, preocupou. Deprimiu todo mundo, acabou com o treino.

O tal “dedo gordo” do pé direito, irremediavelmente fraturado, mal encanado no “Hospital dos Plantadores de Cana”, até hoje é torto, mas ajuda nas previsões de geada (costuma doer antes da chegada das massas polares). Sacado do time, acompanhei todo o Inter-USP em São Carlos sem sair do Bar do Garça, a poucos passos da casa da D. Zoé, simpatisíssima avó do Gibóia, onde ficamos hospedados e muito bem alimentados.  O time de rugby tomou umas goleadas (?) naqueles jogos, depois se recuperou, está ai até hoje, o Pinochet abandonou a escola, montou uma empresa de segurança de eventos e ganhou um bom dinheiro antes de voltar pro Chile, todo mundo se formou, entre mortos e feridos se salvaram todos. Só não sei do Suruba, por onde anda?

Cesar Figueiredo de Mello Barros (Pikira F87) Engenheiro Agrônomo, Ex Morador da Republica Avarandado

PUBLIQUE NO BLOG!