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Amor à primeira vista (Vavá F66)
18/09/2016 - Por evaristo marzabal nevesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
No distante
setembro de 1958 transcorria em Piracicaba os Jogos Abertos do Interior.
Naquele ano
cursava o colegial no Colégio Salesiano de Lins e jogava basquetebol pela
cidade. Vim a Piracicaba e num dia dos jogos um amigo que conhecera na
infância, filho de um promotor público de Piracicaba convidou-me para ir
conhecer a Escola Agrícola (assim era conhecida a ESALQ na cidade). Pegamos o
bondinho atrás da Catedral e fomos atravessando a cidade, quando 15 a 20
minutos depois adentrávamos a ESALQ. À medida que o bondinho se aproximava de
seu ponto final (próximo ao Ruca´s) fui me encantando pela vastidão do parque e
pelas arvores de diferentes variedades e portes, algumas floridas. Descemos e
adentramos o gramado de fronte o Prédio Central. Na metade do “gramadão”
paramos e ao olhar a magnitude e beleza do Prédio Central pensei com meus
botões: que maravilha! É aqui que vou “fincar” minha vida profissional, o resto
de minha vida. Fomos caminhando até o Pavilhão de Engenharia com seu lago
encantado e pensei fortemente: Não tenho dúvida nenhuma. Virei para cá. Amor a
primeira vista. E quem, nos anos 50 e 60, não confiava e punha fé nos slogans:
“Agronomia, profissão do futuro” ou “Conservar o solo é engrandecer a pátria”? Nesta
toada, meu futuro estava desenhado. E, tanto assim que meu futuro foi dedicar
minha vida a venerada escola, tanto que passaria 38 anos de minha existência
neste Campus como professor, que somados aos cinco anos como estudante,
representam nos dias de hoje pouco mais de 3/5 de minha vida.
Ah! Quanta
saudade dos anos dourados como estudante na primeira metade dos anos sessenta.
Não só o apego à ESALQ, mas a permanência na cidade (tínhamos aulas aos sábados
de manhã, matemática com o Prof. Pimentel Gomes) e aqui ficávamos curtindo com
os colegas a nossa praça de esportes, a vida em republica (ai que saudades da
“Viúva da Colina”, contrapondo à “Noiva da Colina”, cognome dado a cidade
reverenciando o véu da noiva no Rio Piracicaba), o Café Haiti, o Brasserie,
Grill Dog, a missa das dez no domingo na Catedral, as festas e bailes
promovidos pelas Comissões de formatura, o “footing” em frente ao Politeama,
Art Palácio, Broadway, os cinemas da época. Tempo bom que não volta mais...E,
nesta hora, bate uma melancolia e aí, ai
que saudade da minha mocidade nos anos 60 na velha, querida, “risonha e
franca” escola e bucólica e acolhedora
Piracicaba. Que pena! Os tempos mudaram
E, nestes 2011, se
perguntarem, depois de 45 anos de atividades (formado em 1966), completando 70
anos e com aposentadoria solicitada, se valeu dedicar toda uma vida à família e
à ESALQ, sem pestanejar, de “boca cheia” direi: se valeu? Dêem-me um retorno no tempo, voltando a 1958,
e buscaria esta mesma trajetória, pois olhando a frente aposento agora, mas
continuo na ESALQ: Aqui é o meu país. Para mim, minha família e a ESALQ bastam.
Não preciso de mais nada. Sou extremamente feliz com ambas. Admiro a nossa
arquitetura dos prédios construídos na primeira metade do século passado,
venero nossos parques com inúmeras árvores com a minha idade, porém fortes e
nos dando sombras e aragens, seus lagos...minhas caminhadas no Campus. Pô! Vida
saudável. Não troco por nada.
Mais saudável
ainda a convivência no cotidiano com nossos funcionários e colegas, com “meus
netos” discentes (tenho sido professor de filhos de meus ex-alunos dos anos 70
e dos 80). Se Roberto Carlos entoa “Eu quero ter um milhão de amigos” para mim
basta “as dezenas” de amigos do meu cotidiano esalqueano.
Evaristo Marzabal Neves - F-66
(Publicado no ESALQ Notícias, Março 2011)