Blog Esalqueanos
Boas Águas de Março do Agro (Sifu, F91)
17/03/2017 - Por marcos fava nevesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Boas Águas de Março do Agro
(Minha Leitura
dos Fatos e Impactos do Agro em Março de 2017)
ü
Começando com uns pitacos sobre a economia mundial. A inglesa Capital
Economics projeta taxa de crescimento um pouco maior que os 3,5% do segundo
semestre de 2016 mas menos do que 4%. A UNCTAD crê que um fator favorável será
um maior crescimento dos EUA (chegando perto de 2%). Este crescimento mundial
ajuda na recuperação dos preços das commodities e os termos de troca destas com
outros bens melhoram. Além disto, melhora o saldo comercial brasileiro, ajuda
no controle da inflação e melhora a arrecadação de tributos. Caindo a inflação
podem cair mais rapidamente os juros que drenam nossa atividade econômica. Fora
isto, as reformas avançando no Brasil ajudam diminuir a percepção de risco da
nossa economia. Também merece destaque o amplo sucesso na privatização de 4
aeroportos brasileiros. Que seja o início de algo feito em grande velocidade;
ü
O UBS avaliou que saímos da recessão nos três primeiros meses deste
ano, crescendo 0,4% em relação ao trimestre passado. E a agricultura deve ajudar
no PIB do primeiro trimestre com sua boa produção;
ü
A FAO/ONU soltou o índice mensal de preços e este alcançou 175,5 pontos,
que dá 17,2% a mais que fevereiro de 2016. É também o maior número desde
fevereiro de 2015. Quem ajudou no mês foram os cereais com 2,5% de alta,
lácteos (0,6%), açúcar (0,6%) e carnes (1,1%). A única queda se deu na
categoria de óleos vegetais. Temos melhores preços.
ü
A boa safra e queda dos juros deve dar mais ânimo ao setor de insumos
agropecuários e ao setor de proteína animal;
ü
O relatório da CONAB de março revisou para cima a estimativa de safra,
agora em 222,90 milhões de toneladas. Em fevereiro eram estimadas 219,142
milhões de toneladas. É uma estimativa quase 20% acima da safra passada, fruto
de ganhos de produtividade e clima. Devemos colher 107,614 milhões de toneladas
de soja, 12,8% a mais que a safra anterior. O milho também teve a estimativa
melhorada, de 87,408 milhões para 88,969 milhões de toneladas (29,299 milhões
de toneladas na primeira safra e 59,669 milhões de toneladas na safrinha). A
área plantada foi de 59,99 milhões de hectares (considerando as culturas de
verão e de inverno). Como no ciclo 2015/16 foram plantados 58,33 milhões de
hectares, temos um aumento de quase 3%, ou mais de 1,3 milhão de hectares;
ü
O USDA também revisou a produção brasileira de soja para 108 milhões de
toneladas, 4 milhões a mais que no relatório anterior. Vem muita soja no mundo,
a projeção do USDA foi de 336,62 milhões de toneladas para 340,79 milhões de toneladas
e os estoques subiram de 80,38 milhões para 82,82 milhões de toneladas, pressão
baixista nos preços, que chegaram a romper os US$ 10/bushel;
ü
O agro gerou superávit de US$ 4,8 bilhões em fevereiro de 2017, com
exportações de US$ 5,9 bilhões (11,6% a menos qur fev/2016) e importações de
US$ 1,1 bilhão (15,1% a mais que fev/16), com destaque para o show da soja,
que gerou US$ 1,7 bilhão (65,2% a mais). No bimestre exportamos quase 1% a
mais que em 2016, um valor de US$ 11,9 bilhões. Portanto, fevereiro estragou um
pouco a performance de janeiro;
ü
A nova estimativa para o valor bruto da produção (VBP) agrícola e
pecuária é de R$ 547,9 bilhões em 2017. Representa um crescimento de R$ 16,9
bilhões (3,2%) em relação à 2016 e trouxe em apenas um mês um valor R$ 2
bilhões superior à estimativa anterior. Agricultura deve render R$ 367,1
bilhões (R$ 2,6 bilhões a mais) e 6,3% acima de 2016. A pecuária caiu para R$
180,8 bilhões. A ultima estimativa trouxe R$ 181,3 bilhões em 2016 tivemos R$
185,5 bilhões. A soja lidera com crescimento de 7% sobre 2016, devendo gerar R$
124,7 bilhões e o milho deve crescer 33,6%, para R$ 55,7 bilhões. A cana deve
gerar R$ 54,6 bilhões (2,2% a mais). Muita renda chegando!;
ü Enfim, o mês teve
uma coleção de notícias favoráveis ao agro. Segue firme a produção, os preços médios
dos produtos subiram em US$, temos renda agropecuária crescente em mais de R$ 2
bilhões, 1,3 milhões de hectares a mais em produção, e os impactos de prováveis
super-safras ainda não foram sentidos de maneira muito forte. O ponto negativo
ficou por conta do fogo amigo, ou seja, estes PPP’s (pilantras privados e públicos) que trouxeram grande dano econômico e de
imagem à cadeia produtiva da carne bovina brasileira. Ainda não sabemos os
impactos disto, mas não serão pequenos.
Marcos Fava Neves (Sifu, F91) é Professor Titular
da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013
foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é
Professor Visitante Internacional da Universidade de Buenos Aires. Este
material é um resumo mensal feito sobre assuntos nacionais e internacionais de
relevância ao agro. (favaneves@gmail.com)