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Boi gordo e reposição: balanço do primeiro semestre de 2016
20/07/2016 - Por alcides de moura torres juniorAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
O
primeiro semestre foi marcado pela elevação discreta da cotação do boi gordo.
Por outro lado, o aumento, embora sutil, da disponibilidade de bovinos resultou
em preços menores no mercado de reposição.
Mercado
do boi gordo
Desde o início do ano, considerando a média de todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria, a alta foi de 0,4% para o preço do boi gordo.
Destaque para as praças de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso cujas cotações no período subiram 4,9%, 3,1% e 3,0% respectivamente.
A baixa disponibilidade de boiadas, com a consequente dificuldade de alongamento das escalas de abate dos frigoríficos, vem sendo o principal fator que colabora com a firmeza do mercado. Isto é consequência da elevada participação de fêmeas nos abates de 2011 a 2013.
Por outro lado, a situação econômica vigente vem sendo um fator limitante para as valorizações. O escoamento da carne bovina está lento.
Desde o início do ano o preço do boi casado de bovinos castrados caiu 13,5%.
No mercado atacadista, na média de todos os estados pesquisados, a queda foi de 9,7%. Das 28 semanas pesquisadas até junho, apenas em sete o preço subiu.
Com a alta da arroba do boi gordo e a queda no preço da carne, a margem de comercialização dos frigoríficos esteve a maior parte do tempo do primeiro semestre abaixo da média histórica.
A margem de 12,3%, dos frigoríficos que desossam, estão 8 pontos percentuais abaixo da média histórica que gira em torno de 20,5%. Para a indústria que vende a carne com osso a situação está pior, a margem está em 2,9% ou 12 pontos percentuais abaixo da média.
Mercado de reposição
Diferente do que vem acontecendo no mercado do boi gordo, a maior disponibilidade de animais foi o principal fator para a queda de preço durante do primeiro semestre. Não há excesso de oferta, mas um ligeiro incremento na disponibilidade, associado às incertezas para a demanda, que afetam o boi gordo, geraram as desvalorizações para a reposição.
A resistência dos compradores aos patamares de preços, historicamente desfavorável, resultou em lentidão no mercado.
Desde o início do ano, a cotação média de todas as categorias de machos anelorados nos estados pesquisados pela Scot Consultoria, caiu 2,3%. O boi magro (12@) teve desvalorização de 1,1% e o bezerro desmamado (6@) de 2,9%.
A maior procura pelas categorias mais eradas foi o principal fator para que os preços ficassem mais firmes em relação às categorias mais jovens.
Assim, com a queda nos preços da reposição e as cotações firmes no mercado do boi gordo houve melhora no poder de compra do recriador e invernista na maioria dos estados pesquisados.
Em
São Paulo, em junho eram necessárias 8,0 e 12,7 arrobas de boi gordo para a
compra de um bezerro desmamado e de um boi magro, respectivamente. Valores
11,9% e 5,0% menores em relação ao início do ano.
Considerações
finais
A baixa oferta de bovinos terminados deverá continuar sendo um fator de sustentação para as cotações no segundo semestre.
Os elevados preços dos principais componentes da ração, como soja e milho, e as cotações historicamente desfavoráveis da reposição são fatores que influenciam negativamente na decisão de confinar.
Assim, a quantidade de bovinos confinados no primeiro giro do confinamento deverá ser menor, frente ao mesmo período de 2015. Já para o segundo giro, a expectativa é de que o volume de animais aumente, mas ainda aquém do mesmo período do ano passado.
O mercado de reposição deverá continuar com preços frouxos no segundo semestre. Entretanto, sem grandes desvalorizações, já que a oferta, apesar de melhor, ainda estará restrita.
As maiores desvalorizações são esperadas para 2017, já em decorrência de uma oferta crescente de boiadas.
Colaborou Isabella Camargo, zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria.