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BRASIL, GEOPOLÍTICA E ALIMENTOS

14/07/2021 - Por walter francisco molina junior
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Todos nós já ouvimos duas frases icônicas. Uma delas é: Brasil é o país do futuro. Mas parece que esse futuro nunca chega. A outra é: Brasil, celeiro do mundo. Parece que estamos a caminho, mas muita coisa impede que cheguemos ao objetivo. Vamos tentar entender um pouco o que está acontecendo.

A produção de um bem ou serviço, poderia ser soja ou sinal de telefonia, entrega ao consumidor um valor que é por ele percebido de forma que o resultado é o preço. No caso da alimentação, seja ela o bem final como a carne de frango ou o farelo da soja que vai ser utilizado para produzir a carne, faz com que o cliente que depende dele esteja refém do fornecedor. Por exemplo, a 100% da carne de frango consumida na Arábia Saudita é produzida no Brasil. Caso ocorra algum fato que coloque os dois países em conflito, de imediato faltará alimento para o todo povo saudita.

Conflitos entre nações não são coisas raras. No entanto, há sinais que fazem com que parceiros comerciais confiem uns nos outros com variáveis graus de segurança. O que rege tal confiança é o posicionamento geopolítico das nações. Portanto, as características geográficas (o que inclui clima, relevo e até ecologia local), as questões populacionais e sociais (incluindo a política local), as estratégias administrativas governamentais e seus programas públicos mostrarão aos parceiros quais são as capacidades de um Estado suprir e com que grau de segurança, as necessidades de outra nação.

 O Brasil tem enorme potencial produtivo no campo dos alimentos, o que faz com que o sentimento de ser o celeiro do mundo surja com força. Mas, baseados nas informações do parágrafo anterior, conclui-se que isso é apenas o início da conversa. É urgente que o AGRO se posicione dentro das exigências modernas do negócio de forma a consolidar posição de grande produtor no mundo moderno.

Países de grandes populações ou grandes blocos que anteriormente compravam aquilo que não tinham capacidade de produzir e exportavam seus excedentes de excelência, com base num mercado dito globalizado, mudaram seus comportamentos passando a olhar com mais zelo para o índice de autossuficiência alimentar de sua economia, tentando diminuir sua dependência de alguns tipos comodities. E, como acontece com qualquer grande importador de alimentos, aumentam gradativamente seu grau de exigência protocolar quanto à segurança deles. A Europa, por exemplo, é um formador de opinião nesse processo e como uma região rica e desenvolvida, passa a fazer valer a preocupação de sua população com temas ambientais. Ao mesmo tempo, os países que compõe o bloco tentam defender suas posições comerciais procurando atacar os pontos fracos de seus concorrentes.

Há mais de uma década começou o ataque ao Brasil na produção de carne bovina, argumentando que a exportação era sustentada por desmatamento na Amazônia, quando praticamente todo o produto tem origem no Sudeste e Centro-Oeste. Mais recentemente começou-se a acusar a agricultura brasileira de utilização indiscriminada de defensivos agrícolas (rotulados de agrotóxicos), o que é uma falácia. Não que não exista desmatamento criminoso na Amazônia, nem que não haja excesso com os defensivos, mas são coisas pontuais e que devem ser rigorosamente enquadradas na lei. Sabemos que grande parte de nossa produção está dentro dos melhores padrões ambientais do planeta. O que é necessário e urgente é uma política eficiente de esclarecimento da opinião pública internacional sobre o assunto.

Outro ponto fundamental é o desenvolvimento de um sistema logístico interno que permita o desenvolvimento de novos padrões de produção e custos, de modo a permitir que nossa produção seja movimentada de forma mais ágil e barata, possibilitando a produção de mercadorias com maior valor agregado o que gerará empregos e renda dentro do país.

Agindo coordenadamente, com certeza, seremos o celeiro do mundo e chegaremos ao futuro com maior rapidez e segurança.

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