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Carta aos ingressantes 2019 (Uruk, F-05)

08/02/2019 - Por marina de arruda camargo danes
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Parabéns pelo seu ingresso na Gloriosa! Você está prestes a iniciar uma jornada maravilhosa de autoconhecimento, amadurecimento, definições de propósito, visão de futuro, de preparação para se inserir no mercado de trabalho e causar seu impacto no mundo. Ao mesmo tempo em que isso é uma grande oportunidade, pode ser também um tanto assustador. Os caminhos são muitos e cabe a você definir o seu. Talvez a primeira grande decisão à sua frente seja a de morar ou não em república. Quero compartilhar a minha visão da vida em república, baseada na minha experiência, para talvez te ajudar nessa decisão.

República é muito mais do que um grupo de pessoas morando juntas e dividindo contas. As repúblicas da ESALQ, assim como a própria Escola, são carregadas de valores, histórias e tradições.

A República BAO, onde eu morei, completa 43 anos de existência em 2019. Mais de 90 mulheres incríveis já passaram por ali e ajudaram a construir a história da república. Essa rede de pessoas e a conexão entre elas é algo poderoso, do qual todas nós nos honramos e a qual nos dedicamos. Com esse grupo, compartilhamos nossas vidas, recebemos e oferecemos ajuda e suporte para desafios profissionais e momentos difíceis da vida. Também dividimos as alegrias, como a Dra. Fofa (F-97) fez ontem ao nos contar que seu filho fora aprovado na Unicamp. E também damos muitas risadas, prazer tão simples, mas geralmente minimizado na rotina acelerada em que vivemos. As conexões se fortalecem a cada ano e se tornam um forte ponto de apoio nas nossas vidas.

Fazer parte de algo tão significativo é uma espécie de âncora, um porto seguro, que nos ajuda a manter os pés no chão e a cabeça no lugar em um momento em que tudo a sua volta está mudando e você tem muitas decisões a tomar. Hoje atuo como professora em uma universidade federal e acompanho diariamente a dificuldade de muitos jovens em tomar decisões e escolher seus caminhos frente a tantas opções. Infelizmente, alguns acabam enfrentando problemas relacionados à falta de propósito, como ansiedade e depressão.

Na república, os aprendizados são diversos. Responsabilidades de conduzir uma casa, convivência com pessoas diferentes, importância da comunicação clara, proatividade. São frequentes também as orientações das moradoras mais experientes sobre oportunidades dentro e fora da Escola, como estágios e eventos. A rede de contatos, conhecida como network e tão importante para o crescimento profissional, cresce rápida e exponencialmente. Sem dúvida nenhuma, todos esses aprendizados são grandes diferenciais no mercado de trabalho, tão carente de pessoas com inteligência emocional e habilidades interpessoais bem desenvolvidas.

Mas talvez, para mim, o mais importante de morar em república é o sentimento de pertencimento, logo no início dessa nova jornada, que nos dá segurança para tomar decisões. É por isso que comparamos a república com uma família. Não é modo de dizer, a comparação é literal. Você não pertence apenas àquele grupo de meninas que moram na casa hoje. Você passa a fazer parte daquela rede de 90 mulheres, diferentes, únicas e especiais que, cada uma na sua vida, se mantêm conectadas por algo maior chamado BAO. Uma rede que, apesar das mais diversas visões de mundo e personalidades, compartilha valores centrais de como viver e atuar na sociedade.

Pertencer a algo tão bonito e sagrado vem com responsabilidades, desperta comprometimento e motivação para garantir a continuidade dessa família. E isso se torna o nosso primeiro sentimento de propósito, que serve como apoio para desenharmos esse novo capítulo de nossas vidas.

A consciência de um propósito e o comprometimento que resulta dele são características também raras e valiosas para o mercado de trabalho e para a sociedade em geral. É mais um diferencial profissional que a vida em república pode proporcionar. No entanto, hoje penso como mãe e educadora e, com essa visão, acredito que devemos nos preocupar mais com o bem-estar e o crescimento pessoal dos jovens durante o curso de graduação do que com o sucesso profissional posterior. E o sucesso é consequência de uma vida com propósito.

Bem-vindos a ESALQ, espero que você decida morar em república e não deixe de conhecer a República BAO.

República, Escola da Vida.

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