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Carta Boi - O final de ano, a safra e o sono do produtor (Scot; F76)

20/11/2017 - Por alcides de moura torres junior
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Nos aproximamos do final do ano e a pergunta que aflora é, como será a demanda e a cotação do boi gordo.


Os pecuaristas, olham aliviados pelo retrovisor, como se o dia 31 de dezembro significasse algo a mais, além de um dia no calendário e uma data na qual o saldo bancário é importante, devido ao imposto de renda.


Na prática, depois de algum descanso e as festas, as coisas voltam ao ritmo normal. Se for uma fazenda com cria e dependendo do manejo reprodutivo, nem descanso há. Vamos analisar o que esperar da próxima safra de boiadas.




O CENÁRIO


As chuvas demoraram, e para janeiro é esperado um aumento da oferta de boiadas. Lembrando que com a retenção de matrizes e novilhas entre 2014 a 2016, a tendência é de aumento da oferta geral, incluindo, em função da queda da cotação dos bovinos para reposição, o aumento de fêmeas para abate.  


Outro ponto a ser considerado é que uma parcela das boiadas que seriam terminadas em confinamento não foram para o cocho devido às incertezas de 2017. A tendência é que cheguem ao mercado entre abril e maio, no final da safra.


Ou seja, oferta maior de fêmeas, atraso nas chuvas concentrando o gado de pasto e ainda alguma parcela a mais de boiadas não confinadas em 2017.


Em relação ao consumo, temos indicadores positivos, mas duvidosos por causa das eleições, câmbio e comportamento da economia. Devemos ter um consumo melhor, mas sem a certeza de que segurará as pontas de uma oferta provavelmente maior.  


OPORTUNIDADE


Em março, neste mesmo espaço, sugerimos que o produtor considerasse o uso de opções de venda para garantir preços mínimos para outubro/17 (Carta Boi de março). 


Naquela época, o pecuarista conseguia travar, livre do custo das opções, algo em torno de R$141,00/@, à vista, em São Paulo. Menos de dez dias depois da publicação da análise foi deflagrada a operação Carne Fraca e o resto da história o produtor conhece.


Com os acidentes de percurso vividos neste ano, o texto ganhou até um tom de previsão, mas acreditar nisso é besteira e ninguém previa a pancada como veio. Não temos bola de cristal e, o mais importante, sabemos disso.


Mas a indicação de fugir do risco foi importante. O fechamento daquela análise dizia: "O seguro foi feito para não ser usado, mas o fato de não ter sido usado não dirime sua importância". 


Quem travou teve quase oito meses de sono melhor que quem ficou na torcida.


Para maio de 2018 os preços futuros apontam em meados de novembro, para R$147,00/@, à vista, livre de imposto, alta de 6,9%, frente à média da primeira quinzena de novembro de 2017 (R$137,50/@).


A figura 1 mostra as variações entre novembro do ano anterior e maio de cada ano (o apresentado no eixo).


Figura 1.
Variações entre novembro do ano anterior e maio seguinte.
Ex: 2017 refere-se à variação entre nov/16 e mai/17.
Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


Em 2017, por exemplo, os preços em maio foram 8,8% menores que em novembro de 2016. Em maio de 2016 a cotação esteve 3,9% acima da observada em novembro de 2015, e assim por diante.


Com base nestas variações, projetamos o que teríamos em maio de 2018. Ou seja, com base na cotação média de novembro (R$137,50/@, à vista), projetamos as variações observadas na figura 1. Veja a figura 2.


Figura 2.
Preços projetados para maio, com base na cotação de nov/17) e variações em cada ano.

Ex: 2017 refere-se à variação entre nov/16 e mai/17.
Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


Para ficar claro, veja e sse exemplo. Se a variação de nov/17 a mai/18 ocorrer como em 2017 (mai/17 frente a nov/16, com queda de 8,8%), a cotação seria de R$125,35/@. Se replicasse o ocorrido entre 2013 e 2014, teríamos R$154,00 em maio de 2018 e assim por diante. A linha representa o preço futuro na B3 em 14/11.


Em outras palavras. Entre 2007 e 2017, em apenas três vezes (mai/08, mai/10 e mai/14) ocorreram variações mais interessantes que as projetadas pelo mercado futuro. 


Se há gado programado para abate no final da safra, parece que temos uma possibilidade razoável de seguro a ser levada em conta.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A oferta de boiadas na próxima safra deverá pressionar as cotações, principalmente na desova de final de safra, que normalmente ocorre entre abril e maio. 


Buscar opções de venda tem um custo financeiro, mas permite ganhos caso o cenário seja mais promissor que o esperado.


Aqui vale considerar o valor da tranquilidade para focar na produção, frente ao custo do seguro de preços. Pense nisso.

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