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De Carona com o AgriHUB - Uma Visão de Dentro da Porteira (Hulq, F99)
24/04/2018 - Por marco lorenzzo cunali ripoliAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
No dia 19/04/2018 tive a oportunidade de participar do evento onde foram apresentados os principais resultados de um estudo chamado "Onde estão as grandes oportunidades do agro? Uma visão de dentro da porteira" conduzido pelo time de profissionais do AgriHUB, uma iniciativa do Sistema FAMATO, sob a liderança de Daniel Latorraca (Superintendente do IMEA) e Fábio Silva (responsável pelas Parcerias AgriHUB) que ocorreu de em Cuiabá.
Em números o estudo foi composto por uma equipe multitarefas de profissionais e empresas que percorreram várias regiões do estado de Mato Grosso, conversando com mais de 670 produtores rurais e realizaram 18 eventos estratégicos do "Soja Brasil" nas macrorregiões de Água Boa, Campo Novo do Parecis, Campo Verde e Sorriso.
Como premissa inicial os produtores participantes foram escolhidos pois compartilham de características em comum como: 1) Valorização da pesquisa como ferramenta para construção de conhecimento, 2) Tem apetite a tomar risco, pois disponibilizam de recursos e vontade de investir ainda que no incerto, 3) Estarem abertos ao novo e testar novas tecnologias e, 4) Serem visionários provenientes de grandes ideais e antecipam o futuro.
Foram destacados como "Top of Mind" os seguintes pontos: 1) Falta de compartilhamento de informações, 2) Subjetividade na classificação dos grãos, 3) Falta de automatização da coleta de informação, 4) Falta de segurança nas fazendas, 5) Baixa acurácia na previsão do tempo na fazenda, 6) Baixa precisão do manejo de pragas, doenças e daninhas, e 7) Falta de conectividade nas fazendas.
Cinco foram os principais motivos pelos quais os produtores rurais não compartilham informações da fazenda: 38% por insegurança e exposição; 35% por falta de hábito; 11% por que não veem vantagens; 8% por que acreditam que seus dados possam ser comercializados e, 8% por possibilidade de incorrer em propagandas indesejadas.
Quatro são os principais motivos que levariam os produtores a compartilhar informações da fazenda: 40% se a finalidade de compartilhamento fosse garantida para a melhoria de todos; 33% se souberem que os dados seriam tratados com segurança devida; 23% se ele tivessem a certeza da idoneidade da empresa com a qual ele está fazendo negócio e, 3% ainda disseram que nenhum fator seria motivo para compartilhar qualquer informação.
Para coletar, armazenar e transmitir as informações do campo é necessário infraestrutura e conectividade rual adequada, hoje dos produtores consultados 41% utilizam de tecnologias via Rádio; 21% Internet Móvel (3G e 4G); 19% banda larga; 8% via Satélite e, 12% deles não são providos de nenhuma destas tecnologias.
A tecnologia por si só não basta, é preciso garantir a disponibilidade de mão-de-obra e sua correta capacitação para estar apta a retirar o máximo destas ferramentas. O Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA), em 2015, também confirmou que o maior gargalo para o crescimento do uso destas técnicas, tecnologias e ferramentas de Agricultura de Precisão é oriundo da falta e pessoas qualificadas. Continua atualização do conhecimento é tão importante quanto desenvolver esta qualificação.
O Estado do Mato Grosso já conquistou o patamar de maior produtor de grãos do país (responsável por ~10% da produção mundial) e maior produtor e exportador de carne bovina, com 16 milhões de hectares de áreas de pastagens. O estudo evidencia os principais gargalos da visão "dentro da porteira" e como novas ferramentas de tecnologia podem ajudar nesta solução.
A análise foi muito mais extensa e detalhada, por isso convido vocês a lerem este relatório... Os autores ainda reforçam que existe um longo caminho a ser conquistado para solucionar os reais problemas destes e de muitos outros produtores rurais no campo, no Mato Grosso, no Brasil e no Mundo!
Vamos acelerar o Agro!
*Marco Lorenzzo Cunali Ripoli é Ph.D., engenheiro agrônomo e mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, executivo, disruptor, empreendedor, inovador e mentor.
Fonte: "Onde estão as grandes oportunidades do agro? Uma visão de dentro da porteira", IMEA, Cuiabá/MT: 2018.