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De tanto ver triunfar.... (Vavá, F66)
30/05/2017 - Por evaristo marzabal nevesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
(Este
artigo foi publicado na Gazeta de Piracicaba no dia 07/07/2005, Ano II, N. 159,
p.2. São passados 12 anos e continua atual pois não houve nenhuma mudança no
comportamento e conduta de muitos políticos pós Mensalão)
“De tanto ver triunfar...."
Evaristo
Marzabal Neves
as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto”.
Quem, neste momento, não se
lembra desta jóia literária (ou desabafo) de Rui Barbosa? Lá se vai quase um
século, o mundo evoluiu, mas nossas instituições quase nada. Que péssimo
exemplo nos dão aqueles a quem o povo brasileiro entregou a responsabilidade de
legislar como cidadãos para a nação e
não em causa própria ou para se apropriar de benefícios escusos.
Que péssimo exemplo aos
jovens. A. Ermírio de Moraes (Folha de São Paulo, 03/07/05, p. A2) em sua
coluna escreveu sobre “Corrupção: a pior de todas as doenças” relatando que
“exemplos como esses enterram as esperanças do povo e destroem a confiança dos
jovens. Temos muito que caminhar nesta área. Nossas instituições precisam
chegar na penalidade com presteza, e as sanções devem ser aplicadas com grande
visibilidade para que o medo de ser punido possa prevenir desvios futuros”.
Neste momento, recordo-me de
um das frases preferidas de meu falecido pai que se lembrava, vez por outra, de
uma reflexão de A. Schweitzer: “dar o exemplo não é a melhor maneira de
influenciar os outros. É a única”. Meu Deus, o que pensam nossos jovens acerca
do que está ocorrendo? Que futuro estão enxergando?
Neste momento ainda,
concordamos com Gilberto Dimenstein, na leitura de seu artigo “A corrupção é
muito pior do que se imagina” (Folha de São Paulo, 03/07/05, p. C8) quando
relaciona os desvios e malversação do erário publico corrempendo pessoas que
são nossos representantes com a educação do ensino fundamental. Se estes
recursos desviados fossem aplicados na educação, o país estaria formando jovens
cidadãos. Daí enfatizar que “o efeito da corrupção é como se vê, maior do que
se imagina. Além do desvio do dinheiro e de abater a moral de todo um país,
colabora para tirar ainda mais o foco de que realmente importa numa nação, que
é a melhora de seu capital humano, cuja prosperidade significa mais empregos e
salários”. Concordamos também, com seu posicionamento ao traçar o diagnóstico
de que “os cidadãos que tiveram a oportunidade de serem estimulados desde o
berço demonstraram mais chance de progresso intelectual e profissional” e o
prognóstico de que “se o poder público investir em educação infantil, os
futuros trabalhadores serão mais qualificados, e os cidadãos, mais educados”.
Nossas reflexões, como
educador de uma universidade pública, batem com estas colocações. E, nesta
altura, fazendo uma releitura de Rui Barbosa, se estivesse vivo, permitiria substituir “nulidades” por
“corrupção”, “o homem” por “cidadão” e acrescentaria “e brasileiro” após
“honesto”.
Prezado leitor, retorne ao inicio e faça estas substituições e inclusão
e releia esta expressão que se perpetua, para nossa tristeza e descrença, como
cidadão brasileiro, em carregar “o salve lindo pendão da esperança”.
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