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Dos cabeças vazias às embalagens vazias
23/09/2019 - Por francisco de assis ferreiraAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Dos cabeças vazias.......... às Embalagens vazias.
Nas recentes declarações de governantes de países europeus e celebridades internacionais, por conta do fogo na região do bioma Amazônia, nosso agronegócio foi duramente atacado. Causa-nos uma enorme indignação, pois essas pessoas falam sem conhecimento de causa e suas falas tem repercussão muita negativa na opinião de outros mundo afora. Também gente influente do meio cultural aqui no país, faz eco a isso ao invés de se informar para defender os agricultores brasileiros, que tem contribuído sobremaneira para o equilíbrio das nossas contas a muito tempo, ainda pioram mais a situação de vilões que somos tratados pela maioria da população.
Esses atores, ainda fazem campanha contra os nossos alimentos afirmando, mais uma vez sem ter o mínimo de informação, que os agricultores envenenam os alimentos e somos os maiores consumidores de "agrotóxicos" do mundo! O que não é verdade, segundo a FAO., usamos 0,28 kg de defensivos agrícolas por Tonelada de produtos agrícolas (sistema FAOSTAT), e ocupamos o 58% lugar nesse indicador. Comparando com países europeus com França, Itália e Portugal que consomem respectivamente 0,26; 0,44 e 0,66 kg.
E ainda, segundo o brasileiro Guilherme Costa, que preside a Comissão Codex Alimentarius órgão da FAO, exportamos produtos agrícolas para 160 países e atendemos todos os critérios de qualidade desses países.
Mas o que esses críticos desinformados desconhecem é que nós somos Referência mundial na destinação ambientalmente correta de embalagens vazias de defensivos. Com uma média anual de 94% das embalagens plásticas primárias comercializadas. Em seguida vem a França com 77%, Canadá com 73%, Inglaterra 50% e EUA com apenas 33% - fonte inpEV.
A partir da Lei federal 9.974/00 que tratou do destino das embalagens vazias de defensivos e instituiu o conceito de Responsabilidade Compartilhada entres os agentes da cadeia agrícola, que resumidamente divide as responsabilidades de cada um: os Agricultores lavam e devolvem no local indicado na Nota Fiscal de compra; As Revendas/Cooperativas indicam o local para devolução, recebem e armazenam; as Industrias Fabricantes retiram das unidades de recebimento e dão a destinação correta que é incineração ou reciclagem; o Poder público fiscaliza, e licencia as unidades de recebimento.
Em dezembro de 2001, com a iniciativa de 27 fabricantes e 7 entidades representativas do setor agrícola, fundou-se a inpEV - Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, entidade sem fins lucrativos. O núcleo de inteligência desse organismo é o Sistema Campo Limpo que coordena a logística reversa no país todo, através de 411 unidades de recebimento em 23 estados.
O sistema recolheu de 2002 até hoje 537.000 toneladas de embalagens vazias, das quais em média 93% são destinadas à reciclagem e 7% para incineração (não recicláveis) - fonte: inpEV.
Atualmente existem 10 empresas que reciclagem o material e produzem desde embalagens (defensivos agrícolas e óleo lubrificante), conduítes e dutos, tubo para esgoto, caixa de bateria automotiva e pellets de plástico.
Não fosse iniciativas como essas teríamos um quadro que segundo a ANDEF - Associação nacional de defesa vegetal, em 1999, 50% das embalagens de defensivos eram vendidas ou doadas; 25% eram queimadas a céu aberto; 15% abandonadas no campo e 10% armazenadas ao relento.
Importante observar que todos os elos, educam e conscientizam os envolvidos e cremos ser essa a razão do sucesso dessa logística reversa, de extrema importância num país continental como o nosso para prevenir e evitar contaminações com defensivos, tanto no campo como nas cidades. Isso é uma parte do que fazemos para a sustentabilidade do nosso agronegócio e ........ bela resposta aos "cabeças vazias".