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Entraves para a massificação do uso de biodefensivos.

18/02/2021 - Por evaldo kazushi takizawa
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Na natureza para solucionar a ação das pestes sempre há soluções próprias para resolver os problemas e normalmente são as formas mais equilibradas. Seguindo essa orientação na agricultura são os biodefensivos que mais se aproximam da saída espontânea no ambiente natural, entretanto na lavoura conduzida pelo homem nem sempre é a primeira opção, cabe uma reflexão sobre os entraves para a massificação do uso dos biodefensivos.

Dando continuidade ao texto do artigo anterior (Na visão da Ceres como se beneficiar da ação dos biodefensivos na agricultura), o qual a abordagem foi como se beneficiar dos biodefensivos e no dever de uma consultoria de transferir conhecimento, a colaboração do site Entendendo Biodefensivos realiza um grande serviço em prol da aplicação racional dos biodefensivos e servirá como uma fonte preciosíssima de consulta e estudo e as chaves das travas da massificação do uso de biodefensivos.

A massificação do uso de biodefensivos seria uma atitude benéfica para o sistema agrícola, até mesmo para ancorar o uso de produtos sintéticos e para estebelecer novos comportamentos e ampliar as convicções do manejo integrado das pestes agrícolas, além de estabelecer mais soluções para os problemas das lavouras, todavia há vários entraves e esses obstáculos carecem um estudo atencioso para evitar desapontamento antes da proposta da popularização na utilização dos biodefensivos.

No conjunto de competências necessárias para aplicação dos biodefensivos vários elementos devem inter-relacionar-se harmoniosamente, desde a base na descoberta dos agentes biodefensivos com pesquisadores, passando pelos multiplicadores e distribuidores, difusores ou extensionistas rurais até o usuário final, o agricultor.

Por que até o momento presente há tanta dificuldade, mesmo com elementos muito bem qualificados no Brasil, para essa cadeia movimentar-se para o uso intenso dos biodefensivos?

Nesta corrente em prol do uso inteligente dos biodefensivos, cada elo deve ter o mesmo propósito que se pretende alcançar com a utilização dos mesmos e os interesses individuais não devem sobrepor o benefício coletivo, possivelmente o grande entrave é como realizar-se-á a partilha desses ganhos.

 

O papel da consultoria neste sistema interdependente é orientar os usuários de biodefensivos da melhor forma possível transferindo conhecimentos legitimados e considerando o contexto de cada agricultor, contudo, previamente o extensionista tem a responsabilidade de se habilitar com estudos e junto a especialistas em biodefensivos tomar conhecimento e competência para ponderação e crivo das informações úteis para execução em cada lavoura.

Como impedimento para generalizar a aplicação de biodefensivos com sucesso, tenho que confessar a culpa das consultorias, falando como um representante do setor, apesar do uso há milênios de biodefensivos, careceu de etapas mais organizadas de treinamento e capacitação dos profissionais envolvidos na difusão de informação e a evolução da utilização está caoticamente amparada na sedução por ganhos imediatos como a redução de custos ou disfarsadamente no apelo ambiental.

 

A consultoria como elemento presente na lavoura e conhecendo a realidade do agricultor, é uma parte encarregada da transformação da informação dos biodenfensivos em ação e para isso deve ter indicadores para tomada de decisão. Da maneira mais simples usamos os componentes da natureza para realizar a leitura de uma “bússola” imaginária que nos orientam sobre os rumos como as pestes progredirarão e se é iminente o potencial de dano, em outros termos podemos chamar de monitoramento da cultura.

As interrogações: “por que monitorar”, “como monitorar” e “o que monitorar” para o uso de biodefensivos têm um sentido específico para esta finalidade e precisa trazer dados precisos para o juízo na prática dos biodefensivos, o monitoramento da cultura com o objetivo da aplicação dos biodefensivos não deve atentar somente na dinâmica das populações das pestes, apesar disso conhecer o desenvolvimento da planta ou alvo da nossa proteção, as condições meteorológicas e as interações destes seres vivos com o ambiente que será o cenário deste espetáculo concluído ao final da colheita.

No próximo texto uma explanação mais detalhada sobre o monitoramento da cultura com meta no uso de biodefensivos será explanada dando continuidade ao processo de difusão do banco de experiências acumuladas em mais de trinta anos de acompanhamento nas lavouras no Cerrado Brasileiro, salientando que trata-se de muitos dados empíricos e cabe sempre uma análise com senso crítico antes da adoção integral das informações transmitidas, uma vez que o uso de biodefensivos no Brasil de forma elaborada não é uma realidade geral e estamos engajados para que isso se realize.

 

Texto publicado no site: https://entendendobiodefensivos.com.br/entraves-para-a-massificacao-do-uso-de-biodefensivos/

Evaldo Kazushi Takizawa
Ceres Consultoria Agronômica
evaldo@ceresconsultoria.com.br

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