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Estratégias de manejo de plantas daninhas no ambiente da agricultura digital.

25/09/2019 - Por evaldo kazushi takizawa
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Neste momento a agricultura presencia uma fase de nascimento de diversas "startups" em que a tecnologia impera e propõe conduzir ou acompanhar as lavouras virtualmente e no manejo de plantas daninhas isso não é diferente.

Entre as plataformas digitais há aquelas com propostas de reconhecimento de espécies de plantas daninhas apenas pelas imagens capturadas por um aparelho de celular e propor uma solução, parece um sonho imaginar que as aulas de botânica (estudo da fisiologia, morfologia, ecologia, evolução, anatomia, classificação, doenças, distribuição, dentre outros aspectos das plantas) e fitotecnia possam deixar de ser necessárias.

Mas se a flora de plantas daninhas se resumirem em apenas duas ou três espécies? Qual a importância de plataformas informatizadas com a promessa de identificar múltiplas espécies? A atual fase da agricultura busca o termo inteligência como a solução de todos os problemas e a inteligência artificial evolui a passos largos em direção a substituição de muitos postos atualmente ocupado por pessoas, e agora onde haverá espaço para o conhecimento humano?

Com essa breve introdução e os questionamentos sobre o tema buscarei transmitir um pouco da experiência como consultor de campo, então todos os meus textos são uma narrativa de vida dentro da lavoura em diversas culturas no Cerrado e não devem ser consideradas como uma "verdade" gerada por trabalhos científicos.

Na sapiência humana gerado ao longo dos últimos anos podemos observar uma mudança gradativa na flora de plantas daninhas nos agroecossistemas, há várias décadas se impõe uma pressão de seleção e como resultado as espécies mais sensíveis desaparecem e sobressaem as mais adaptadas, como Darwin já havia previsto.

A rotação não é importante apenas entre as culturas, mas em todas as formas de trabalho e por isso a informatização é importante como uma rotação e não como uma técnica soberana e única.

Nos sistemas de cultivo, em nosso texto com ênfase no manejo de plantas daninhas, é essencial que a rotação seja parte do plano, isso para garantir a sobrevivência da atividade agrícola e então, técnicas antigas devem fazer parte do repertório das ações contra plantas daninhas em qualquer planificação de trabalho, como uma instituição de ensino centenária no ramo agrícola a ESALQ diz: "respeito ao passado, com olhos para o futuro."

Pela natureza humana é comum após um bom desempenho do controle de plantas daninhas numa lavoura, o agricultor queira repetir os mesmos procedimentos continuamente, um resultado eficaz cria conforto e resistência para mudanças, quando se trata do uso de herbicidas, esse uso sucessivo pode gerar complicações.

Num processo digital orientado por algoritmos baseados em equações matemáticas parece que as soluções podem ser obtidas rapidamente para clarear essas complicações, mas o conhecimento humano para ajustar as estratégias de manejo de plantas daninhas sempre será importante neste processo.

O desenvolvimento de um sistema de predição seria mais útil do que realizar uma análise de necroscopia no caso do manejo de plantas daninhas, é como deixar o problema acontecer para tomar uma atitude, neste momento estamos vivenciando exatamente esses problemas na agricultura do Cerrado, avanços imensuráveis na capacidade de "necropsia" e muito pouco de ações preventivas.

Na agricultura digital são crescentes o uso de sensores para identificar e distinguir a cultura como a soja das plantas daninhas e permitir o controle localizado, toda novidade cria grandes expectativas com resultados mágicos, embora com todo esse aparato tecnológico observamos o progresso das dificuldades.

Diante da evolução das adversidades e utilizando um "sensor tupiniquim", ou seja, a própria planta daninha desta área, podemos interpretar todas as informações registradas ao longo de vários anos e fazer uma previsão para o futuro ou alterá-la utilizando as boas práticas agronômicas.

Esclarecendo melhor, antes da revolução genômica com a transgenia e agora na era digital tínhamos uma diversidade de espécies de plantas daninhas acometendo nossos cultivos, pelo menos 5 a 7 plantas daninhas eram alvos prioritários da estratégia de controle, agora nossos alvos se restringem entre 2 a 3 plantas daninhas, porém com maior grau de dificuldade para controlá-los, com isso, vale uma análise mais minuciosa para verificar o que quer dizer esse "sensor tupiniquim".

E quando citamos a redução do número de espécies de plantas daninhas presentes nas lavouras do Brasil pode ser um sinal amarelo no semáforo deste nosso "sensor" que mede a qualidade do nosso manejo de plantas daninhas e pode auxiliar na previsão dos problemas que nos aguardam, pois apesar de poucas espécies os danos podem ser muito graves.

Para estimar a qualidade de sua estratégia de controle de plantas daninhas aplique alguns critérios e utilize indicadores chaves de performance do nosso "sensor tupiniquim".

Se ao final da colheita a quantidade das plantas daninhas ("sensor") reduzirem seu plano pode estar bom e para próxima safra modifique sua estratégia, pois os indivíduos remanescentes terão o seu controle muito mais dificultosos, ou então, se ao final da colheita a quantidade desta população aumentar, para próxima safra modifique sua estratégia, visto que, o problema aumentou.

Em suma a integração de todos os manejos de plantas daninhas e a rotação de uso de cada uma delas garantirá que juntos esses fatores providenciem o controle suficiente, mesmo na era da agricultura digital essa regra antiga é válida!

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