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Eternamente Luiz de Queiroz (Vavá; F66
15/06/2021 - Por evaristo marzabal nevesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
Em 03 de junho de 2021 comemoramos os 120 anos da ESALQ e, consequente, 120 anos de glorificação e eternização de Luiz de Queiroz. Mais adiante serão 130 140, 150 e muitos anos. Por quê?
Porque há fatos e motivos que justificam, de geração a geração, empunhar a bandeira desta eternização e ir avante, fortalecido pelo sentimento de pertencimento que habita o íntimo de cada "Filho DE Luiz de Queiroz". Entre inúmeros motivos, vou me apoiar em sete.
O primeiro motivo é manter viva a efetivação do sonho do visionário idealista, de que a educação é o principal instrumento de desenvolvimento de um povo e, nesta crença, em 1889 Luiz de Queiroz arrematou em leilão a fazenda São João da Montanha, com "ampla missão de prever, na montanha, um colégio que crescesse por toda nação" (Ode à ESALQ). Seu sonho era a instalação de uma Escola Agrícola, assim como as que estudara na Europa e, desta forma, cabe a cada "Filho DE Luiz de Queiroz", geração após geração, manter eternizado, realizado e altaneiro o sonho de nosso patrono.
Mas não foi fácil a instalação da tão sonhada Escola Agrícola. Luiz de Queiroz disponibilizou todos os seus bens neste ideal. Reza a história que "confiante com a transformação do sonho em projeto real, foi à Europa encomendar o projeto arquitetônico para uma escola agrícola e fazenda modelo e aos Estados Unidos, de onde trouxe um professor de Agricultura e dois arquitetos...".
"De volta a Piracicaba, duzentos trabalhadores foram envolvidos na construção da Escola e, em 1892, já havia duas olarias e uma serraria a vapor, a primeira do gênero na cidade, uma casa para o Diretor, estábulo e casas dos colonos. Todas as obras eram fiscalizadas pelo próprio Luiz de Queiroz, que entusiasmado com a realização de seu sonho, deixou o palacete na cidade e passou a morar na velha casa da fazenda...".
"Com as obras em pleno vapor, Luiz de Queiroz pediu ao Governo do Estado uma subvenção para a construção de sua escola, mas o pedido foi negado. Solicitou então ao menos que fosse concedido o frete gratuito dos materiais de construção e mais uma vez recebeu uma negativa. Entretanto, ao lado das recusas, a Câmara dos Deputados promulgou lei que autorizava a fundação de uma Escola Superior de Agricultura e outra de Engenharia e dez estações agronômicas com campos experimentais em lugares a serem julgados apropriados. Diante da situação e com dificuldades financeiras, decidiu doar ao Governo a Fazenda São João da Montanha com todas as benfeitorias, na condição de que dentro do prazo de dez anos fosse concluída e inaugurada a sua Escola. Pelo Decreto n. 130 de 17 de novembro de 1892, o então Presidente do Estado Bernardino de Campos aceitou a doação para nela ser levada a efeito a ideia de estabelecimento de uma escola agrícola ou instituto para educação profissional dos que se dedicam a lavoura".
Luiz de Queiroz não pode presenciar a inauguração de sua escola em 03/06/1901. Faleceu em São Paulo, em 11/06/1898, mas seu legado está presente no cotidiano de nosso Campus. Os restos mortais de Luiz Vicente de Souza Queiroz e de sua esposa Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz foram transladados em 16/06/1964 para o jardim/gramadão em frente ao Prédio Central, marco histórico da presença espiritual dos idealizadores da ESALQ. (Obs. Recomendamos para melhor compreensão a leitura da vida de Luiz Vicente de Souza Queiroz, do artigo ´Luiz de Queiroz, o Pai da Agricultura (1)´ de Cecílio Elias Neto, e, no site www.esalq.usp.br - Institucional- veja Linha do Tempo, Histórico e Símbolos).
Um segundo motivo para a glorificação de Luiz de Queiroz, no meu entendimento e para minha surpresa, se deu durante minha gestão de diretor da ESALQ (1995 a 1998) e como membro do Conselho Universitário na Reitoria. Na época, tinha assento diretores de 36 unidades da USP, compreendendo São Paulo, Ribeirão Preto, São Carlos, Bauru, Pirassununga e Piracicaba. Quando alguém falava na Medicina Pinheiros, na verdade se tratava da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que fica no bairro Pinheiros, o mesmo ocorrendo com a Direito São Francisco, isto é Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, que está localizada no largo São Francisco. Dentre as 36 Unidades, apenas uma registrava um nome: Escola Superior de Agricultura LUIZ DE QUEIROZ. Quanto orgulho, não?
Nestes dias, pesquisando no site da USP para saber se outras unidades surgiram depois de 1998 e que são reconhecidas com um nome pessoal, verifiquei que nenhuma registra uma personalidade em sua identificação. No total são 54 unidades, distribuídas em 10 Escolas, 18 Faculdades, 18 Institutos, quatro Museus, dois Centros (CENA e Centro de Biologia Marinha), um Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais/Campus de Bauru e um Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo/Campus de Santos. Continuamos na Universidade de São Paulo como a única Unidade com um nome: LUIZ DE QUEIROZ. Quanto orgulho, não? Mas quanta responsabilidade em manter altaneira nossa escola mãe.
Qual "Filho DE Luiz de Queiroz" não se orgulha em pertencer à Universidade de São Paulo, ciente de que no ranqueamento realizado pela empresa britânica QS (Quacquarelli Symonds) World University Rankings, que avalia 5.500 unidades universitárias, vem posicionando a USP em primeiro lugar entre as melhores universidades do Brasil? E de lembrar que, na criação da Universidade de São Paulo, (Decreto n. 6.238 de 25 de janeiro de 1934) esta contava com unidades da capital (Faculdade de Medicina, Faculdade de Direito, Escola Politécnica, Farmácia e Odontologia, Medicina Veterinária e a recém-criada Faculdade de Filosofia) e apenas uma do interior: Escola Superior da Agricultura Luiz de Queiroz? Quanta honra, não?
Terceiro motivo. Pergunta: no Brasil quantos Campi Universitários, faculdades, escolas e outras instituições de ensino superior guardam em seu interior os restos mortais de seu fundador? Tenho a impressão de que só a ESALQ. É preciso conferir. Neste sentido digo aos nossos alunos que, ao chegar ao Campus, está adentrando em um campo sagrado, pois logo à frente vislumbra o "Gramadão", santuário que guarda os restos mortais de Luiz de Queiroz e de sua esposa, defronte ao Prédio Central. Na lápide, um registro histórico: A Luiz Vicente de Souza Queiroz, o Teu Monumento é a Tua Escola. Quer mais?
Quarto motivo é o registro do ranqueamento promovido pela US News and World Report que classifica as melhores Universidades do mundo em 22 áreas do conhecimento. Em 2018 posicionou a ESALQ em 5º lugar entre as 97 principais instituições de ensino superior em Ciências Agrárias, ficando atrás da Wageningen University and Research Center/Holanda, University of Califórnia em Davis/EUA, China Agricultural University/China e Cornell University/EUA. Quanto orgulho, não? Com certeza tem ex-alunos que, ao se apresentarem com orgulho incontido anunciam que são formados na ESALQ, a quinta melhor em ciências agrárias do mundo.
Quinto motivo. Quem esteve presente nas comemorações de nosso centenário em junho de 2001, lembrar-se-á da fala do governador Geraldo Alckmin, quando em seu pronunciamento, enfatizou: "A ESALQ é a melhor semente lançada em solo paulista". "Tá vendo só" venerado Luiz de Queiroz? Olhem o tempo do verbo. Não é foi. Em 2051, quando das comemorações dos 150 anos, alguém se lembrará deste pronunciamento e dirá: "A ESALQ é a melhor semente lançada em solo paulista". Para sempre. Precisa de mais? Nada de "criar fama e deitar na cama". Para continuar sendo a melhor semente, depende de todas as gerações, sinalizando que jamais "deixaremos a peteca cair".
Sexto Motivo. Pesquise entre as centenas de faculdades e escolas de nível superior no Brasil, quantas dedicam uma semana de comemoração e celebração ao seu fundador? Estou falando da Semana Luiz de Queiroz, com participação de nossa Associação dos Ex-Alunos da ESALQ (ADEALQ), sempre próxima do dia 12 de outubro, dia do Engenheiro Agrônomo. São eventos científicos, técnicos, exposições, visitas, etc. culminando no sábado com a matinal Sessão Solene de encontro das turmas que comemoram seus quinquênios e, finalizando a semana com o tradicional churrasco de confraternização que reúne centenas de formandos e suas famílias. Bate as saudades.
Sétimo Motivo. Quando diretor da ESALQ (1995-1998), em uma reunião do Conselho Universitário na Reitoria, fui procurado por um diretor de uma unidade da capital, que ficara impressionado com nossa Associação dos Ex-Alunos (ADEALQ) e seu tamanho poder de agregação, conseguindo reunir um exército de ex-alunos em outubro, comemorando seus quinquênios e mantendo uma invejável lista de endereços de ex-alunos. Pensou em realizar uma visita para conhecimento da Associação e seu estatuto ou encaminhamento deste para implantar em sua unidade.
Por ora apresento esses sete motivos. Existem outros que perpetuam este nome idolatrado por aqueles que cultuam os sentimentos eternos de pertencimento e de gratidão por sua escola mãe.
A ESALQ não parou no tempo. Acompanha a evolução, inovação e mudanças mundiais. Neste século estão sendo criados novos cursos de graduação, de pós-graduação, de extensão, áreas de pesquisa, convênios e intercâmbios mundiais, acordos etc., enfim o estabelecimento, ampliação e fortalecimento de sua capacidade educativa, geração de pesquisas e de sua internacionalização. Por sua vez, ao mesmo tempo em que cresce educacional e cientificamente, o aumento populacional com a admissão de profissionais de outras áreas de conhecimento vem reduzindo o sentimento de pertencimento, principalmente relacionado ao desconhecimento da memória, da linha do tempo da nossa escola e da saga de Luiz de Queiroz ("Cultivando, cultuando e reverenciando a memória", no blog desde 30/07/2016).
Abrindo um parêntese: para os ingressantes em Engenharia Agronômica a partir de 2008 (Disciplina LES 0180: Introdução à Administração), de saída para as duas turmas (cerca de 100 alunos/turma), no anfiteatro do Pavilhão de Engenharia, iniciávamos o semestre recepcionando os novos alunos, nas três primeiras aulas, com os hinos da ESALQ (esta é a nova casa educacional que os acolhe. Respeite-a) e de Piracicaba (esta é a cidade que os acolhe. Respeite-a). No fim do semestre letivo, nas três ultimas aulas, efetuávamos uma inversão finalizando a aula, na sequencia, com os hinos de Piracicaba e da ESALQ. Na ultima aula (despedida) convidávamos os alunos, que quisessem vir à frente, para acompanhar e cantar o hino da ESALQ.
Para nossa surpresa muitos desciam, clara evidência da iniciação do sentimento de pertencimento para com sua escola mãe. Em dois anos, alguns solicitavam a abertura de espaço para declamarem a Ode a ESALQ e ao permitir, com forte impacto emocional, diversos alunos vieram à frente e recitaram a Ode. No meu julgamento, o Hino à ESALQ e a Ode são mecanismos motivadores de expressão do sentimento de pertencimento. Adicionalmente submetia ao ingressante, como tarefa para casa, a leitura e reflexão do texto "Filho da Luiz de Queiroz e Filho de Luiz de Queiroz: São sinônimos?" (no blog à partir de 20/07/2016). A expectativa era de que uma maioria despertasse e expressasse em ser "Filho DE Luiz de Queiroz", estado de espírito, manifestação e expressão de incorporação do sentimento de pertencimento.
A disciplina departamental Introdução à Administração foi extinta em 2015 e, em seguida, o Prof. Roberto Arruda de Souza Lima (Kapão F-85) cria a disciplina interdepartamental "Vida Universitária e Cidadania", inédita e pioneira nas grades curriculares para ingressantes nos cursos de Engenharia Agronômica no Brasil (a conferir), importando tópicos da disciplina Introdução à Administração e com minha corresponsabilidade. Nesta disciplina, de saída, tem-se a oportunidade de acolhimento (etapa de prevenção), pertencimento e iniciação à formação de um cidadão esalqueano.
São pouco mais de 200 alunos divididos em duas turmas, que iniciam o curso com leituras e reflexões para motivar e estimular o desenvolvimento do sentimento de pertencimento (Filhos da Luiz de Queiroz e filhos de Luiz de Queiroz: São sinônimos?) e do sentimento de gratidão ("Ingressantes em Engenharia Agronômica: Qual é o mal em lhes querer bem?" - no blog à partir de 08/06/2019). Para a iniciação e efetivação do sentimento de gratidão, o Prof. Roberto cobra como tarefa semestral de cada ingressante, trabalho voluntário e ação de solidariedade junto à comunidade externa à ESALQ.
Finalizando: A perenização de Luiz de Queiroz se dá, em parte, na compreensão de que a efetivação de seu sonho educacional se eternize através de expressivos sentimentos de pertencimento e de gratidão daqueles que vivenciaram, vivenciam e vivenciarão o Campus, não esmorecendo jamais, guardando em seu intimo e entoando sempre: "Oh Escola! Oh flor da montanha! Oh insigne "Luiz de Queiroz"! Tua história é uma força tamanha, que nos faz avançar mais veloz...Tua vida, o passado escreveu! Tua glória, o futuro dirá! Teu presente assinala o apogeu do grandioso amanhã que virá...Ao cantarmos as nossas conquistas numa vida de intenso labor, outra coisa não temos em vista, que pagar-te um tributo de amor..." (Ode à ESALQ). Avante Filhos DE Luiz de Queiroz.
"Oh Escola nascido no monte! Joia rara de fino lavor! Esse nome que trazes na fronte é o nome de teu sonhador". Nome que glorificamos e perenizamos já que entoamos mundo afora: "Vem inspirar deusa Ceres, os filhos da Gloriosa, que partem pelo Brasil, a propalar de norte a sul, cumprido missão vitoriosa" (Hino da ESALQ). A benção Luiz de Queiroz.
Em nossos corações... ETERNAMENTE LUIZ DE QUEIROZ
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Obs. Uma demonstração do sentimento de gratidão é a manutenção em nossa Associação do sócio mantenedor, que tem colaborado com a criação e manutenção de bolsas de permanência para alunos. É o conhecido Programa de Permanência Universitária "Valdomiro Shigueru Miyada", que fornece Bolsa de Auxílio Financeiro a alunos regularmente matriculados em cursos de graduação da ESALQ e que apresentem e comprovem por meio de documentos as suas dificuldades socioeconômicas para se manterem na Universidade. O processo de seleção das bolsas é operacionalizado pelo Serviço de Promoção Social e Moradia Estudantil/DVATCOM - Divisão de Atendimento a Comunidade da Prefeitura do Campus Luiz de Queiroz. Hoje (12/06/2021) somos 1.453 sócios mantenedores e compartilhamos com a ADEALQ o seu chamamento: "Em 2021 esperamos crescer ainda mais para continuar inovando e melhorando os serviços a todos os ex-alunos e alunos. Convide seus amigos de turma e republica a fazerem parte". Avante ADEALQ!!