Blog Esalqueanos
Fim do vazio sanitário da soja em Mato Grosso: perspectivas para a safra 2025/2026
01/09/2025 - Por luiz fernando caldeira ribeiroAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

O término do vazio sanitário da soja em Mato Grosso, em 15 de setembro, representa um marco estratégico para o início do calendário agrícola da safra 2025/2026. O vazio sanitário consiste no período em que é proibido o cultivo ou a manutenção de plantas vivas de soja, com o objetivo de interromper o ciclo de sobrevivência do fungo Phakopsora pachyrhizi, agente causal da ferrugem-asiática da soja, considerada a principal doença da cultura no Brasil e responsável por severas perdas produtivas quando não manejada adequadamente. A adoção dessa medida fitossanitária, estabelecida em legislações estaduais e normativas do Ministério da Agricultura e Pecuária, tem se mostrado fundamental para a redução do inóculo inicial do patógeno e para o aumento da eficiência das estratégias de manejo durante a safra.
Com a finalização do vazio, os produtores estão autorizados a iniciar a semeadura da safra 2025/2026, a qual traz perspectivas promissoras, tanto em termos de área cultivada quanto de inovação tecnológica. Mato Grosso deverá manter-se como o maior produtor nacional de soja, com expectativa de expansão em áreas estratégicas e adoção crescente de cultivares mais produtivas e com maior nível de tolerância a doenças. Associada a essa tendência, observa-se o fortalecimento do uso de ferramentas de agricultura de precisão, bioinsumos e práticas culturais que contribuem para a sustentabilidade dos sistemas produtivos.
O desafio fitossanitário, no entanto, permanece como um ponto central. A ferrugem-asiática continua sendo a principal ameaça à cultura, exigindo manejo integrado e racional do uso de fungicidas, com rotação de ingredientes ativos, inclusão de fungicidas multissítios e adoção de estratégias complementares que reduzam o risco de seleção de populações resistentes do patógeno. Além disso, outras doenças foliares e fatores abióticos, como variações climáticas, podem interferir significativamente na produtividade e na estabilidade da safra.
Nesse contexto, o papel da pesquisa, da extensão e da capacitação de profissionais assume relevância cada vez maior. Instituições de ensino superior desempenham função essencial na formação de engenheiros agrônomos capazes de compreender a complexidade dos sistemas agrícolas, propor soluções inovadoras e atuar de forma crítica e ética no enfrentamento dos desafios fitossanitários. O cumprimento do vazio sanitário e do calendário de semeadura, portanto, não deve ser visto apenas como uma exigência legal, mas como uma prática coletiva e estratégica que reforça a sustentabilidade da produção e assegura a competitividade do agronegócio mato-grossense no cenário nacional e internacional.