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ILPF, já ouviu falar? E ILPFH? (Hulq, F99)

07/04/2018 - Por marco lorenzzo cunali ripoli
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Considerada já como uma das mais bem-sucedidas estratégias de produção agropecuária, a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) combina diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área de produção gerando benefícios mútuos. 

Pode ocorrer na rotação, sucessão ou consorcio de cultivos. A adoção não é limitada ao tamanho das propriedades rurais e utiliza de diferentes espécies animais e culturas, atendendo as mais diferentes realidades locais, de mercado, clima e perfil do produtor. Hoje, existem 4 formas de integração combinando-se dois ou três componentes (e suas respectivas participações): ILP (83%), ILPF (9%), IPF (7%) e ILF (1%).

De acordo com a Rede de Fomento ILPF, os benefícios desta prática são: 1) Estabilidade econômica com redução de riscos, 2) Otimização e intensificação da ciclagem de nutrientes no solo, 3) Mitigação das emissões de gases causadores de efeito estufa, 4) Manutenção da biodiversidade e sustentabilidade agropecuária, 5) Redução da pressão de abertura de novas áreas com vegetação nativa, 6) Aumento da renda liquida permitindo maior capitalização do produtor, 7) Geração de empregos diretos e indiretos, 8) Melhoria do bem-estar animal em decorrência do maior conforto térmico, 9) Maior otimização dos processos e fatores de produção, 10) Melhoramento da qualidade e conservação das características do solo, 11) Maior eficiência na utilização dos recursos (água, luz, nutrientes e capital) e ampliação do balanço energético, 12) Aumento da produção de grãos, carne, leite, produtos madeireiros e não madeireiros em uma mesma área, 13) Possibilidade de aplicação em propriedades rurais de qualquer tamanho e 14) Redução da sazonalidade do uso da mão-de-obra no campo e do êxodo rural.

De acordo com pesquisa encomenda pela Embrapa, referente a safra 2015/2016, foi estimado que no Brasil já conta com 11,5 milhões de hectares de sistemas integrados de produção agropecuária, sendo distribuídos nos seguintes estados: Mato Grosso do Sul (2,08 milhões de ha), Mato Grosso (1,5 milhões de ha), Rio Grande do Sul (1,46 milhões de ha), Minas Gerais (1,05 milhões de ha) e Goias+DF (944 mil ha). Considerando os últimos 10 anos a área ocupada pelas modalidades de integração agropecuária aumentaram 10 milhões de hectares, passando de 1,87 em 2005 a 11,47 em 2015.

O Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), do Ministério da Agricultura, estipulou meta em 2009 de aumentar em 4 milhões de hectares a área com ILPF em todo o território brasileiro até 2020. Em 2016, com a ratificação do Acordo de Paris (sobre mudanças climáticas) pelo governo Brasileiro foi adicionado mais 5 milhões de hectares, compondo novos 9 milhões de hectares até 2030.

A Rede de Fomento iniciou em 2012 por meio de uma parceria público-privada formada pelas empresas Cocamar, Dow Agrosciences, John Deere, Parker, Syngenta, Embrapa e conta com o apoio do MAPA e Governo Federal do Brasil. Tem por objetivo acelerar a adoção destes sistemas visando a intensificação sustentável da agropecuária brasileira. A Embrapa montou aproximadamente 100 URTs (Unidades de Referência Tecnológica), as quais são acompanhadas por técnicos da entidade que ajudam e avaliam as tecnologias em aplicação, as quais servem como mecanismo de transferência de conhecimento e tecnologia.

Agora o que é ILPF+H?

Acabo de incluir na nomenclatura do ILPF o "+H" pelo motivo de que nada disso seria possível sem o considerar na equação o fator HUMANO. Quando digo isso, chamo a atenção para todos os agricultores, pecuaristas, pesquisadores, curiosos e apaixonados que vivem diariamente em busca de novas tecnologias, práticas de cultivo, aumento de produtividade e redução de custos de produção, alavancando a economia nacional.

A continuidade, difusão e multiplicação destas integrações está na mão de cada um de nós.

Vamos acelerar o Agro! O Agro não para!

* Marco Lorenzzo Cunali Ripoli é Ph.D., engenheiro agrônomo e mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, executivo, disruptor, empreendedor, inovador e mentor.

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