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Ingratidão e Calote (Botão; F10)
02/04/2018 - Por joão henrique mantellatto rosaAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
A reação deturpada de Lula fez mais uma vítima nos últimas dias, os grandes produtores rurais e, consequentemente, o agronegócio. Ao ser alvo de protestos, o ex-presidente balbuciou uma série de acusações, das quais uma delas foi chamar os “fazendeiros” de ingratos e caloteiros.
Utilizando a frase de Edward Deming – “acredito em Deus, todos os outros devem apresentar dados e fatos” – como referência, elenco a seguir três fatos que evidenciam que o ex-presidente falou asneira novamente.
Primeiro. O crédito rural é fundamental para a atividade agropecuária, porém, não são todos os produtores que recorrem às linhas de financiamento. Relatórios da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostram que cerca de 40% da movimentação financeira na safra 2016/2017 foi operada a partir de capital próprio.
Segundo fato. As instituições públicas, apesar de serem as principais, não são as únicas fontes de financiamento. Se analisarmos a matriz de dados do crédito rural, historicamente, 40% do volume financiado foi obtido de outras fontes, como bancos privados e cooperativas.
Terceiro fato. A inadimplência dos financiamentos rurais nos últimos anos gira em torno de 1,5%, enquanto a inadimplência do sistema financeiro nacional é de cerca de 3,5%.
Apesar de evoluções dos recursos destinados à agricultura, se considerarmos a dimensão do setor e sua importância para a economia do país, os valores destinados ao crédito rural deixam a desejar. Além de incentivos ao desenvolvimento de novas tecnologias visando aumentos de produtividade e otimização das operações, investimentos em infraestrutura e logística são fundamentais para que o Brasil continue se estabelecendo como um dos grandes produtores mundiais de alimento.
João Rosa (Botão; F10) é professor do Pecege, associação da área de ensino, de São Paulo
Publicado no Jornal Zero Hora, Campo e Lavoura, 02/04/2018