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Lapidando Talentos (Vavá; F66)

08/04/2019 - Por evaristo marzabal neves
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Lapidando Talentos

                                               Evaristo Marzabal Neves (Vavá) – F-66 – Outubro 2002

                                                                                                      

Na missão de educador/orientador acredito que venho tendo mais acertos do que erros. Os acertos vão à direção de lapidar talentos. De que forma?


Cada orientado é um universo diferente; desta forma, não existe receita única. Nesta direção, como pedra bruta não se faz uma lapidação em um minuto. São necessários dias, meses e, às vezes, anos.


De saida, nos primeiros contatos, é importante ouvi-lo, captando suas sensações e expectativas, suas virtudes e defeitos (isto é difícil, mas vamos lá!), o que realmente ele é e como se sente. É estabelecido um clima de confiança e credibilidade. Como norma, com o tempo passando, evita-se azucriná-lo, ressaltando seus defeitos, pois isto é extremamente prejudicial. O orientado fica com raiva e aí é que a coisa emperra. Desiste. Aliás, sob minha ótica, posso estar vendo como defeito aquilo que meu orientado não enxerga como tal, pois meu quadro de referência é outro.


Antes, tento valorizar e edificar suas virtudes (talentos) na crença de que, no seu crescimento, ele diminuirá seus defeitos.


Um passo seguinte é definir sua(s) vocação(ões) e estabelecer motivação(ões) e possíveis recompensas no aprendizado daquilo que ele gosta e lhe é prazeroso. Por quê? Porque não adianta você trabalhar e estimular alguém com 2,15 metros de altura, lento e pesadão, para ser ala em basquete, se sua aptidão é para ser pivô; ou outro, com 1,65m de altura, para ser ponta no volley, quando sua estatura recomenda ser um levantador. Ele, também, precisa aprender de que não pode querer ser aquilo que não pode ser e que não mostra aptidão. Pode sonhar em ser, mas não tem aptidão nem habilidade para tal. Como agir? Primeiro, é preciso detectar sua(s) aptidão(ões) que é (são) habilidade(s) em potencial, para depois criar motivações e condições para trabalhar suas habilidades, que são aptidões que se desenvolvem. Caso contrário, incentivá-lo ao que causa desprazer e desgosto e estimulá-lo àquilo que não pode ser, têm efeitos negativos. Não insista, é perda de tempo. “Nunca ensine um porco a assobiar. Primeiro que não vai conseguir, e segundo, que vai deixá-lo irritado”.


Por quê é importante começar a lapidar o talento no início do curso universitário? Porque vai sendo treinado e vai absorvendo aquilo de que gosta, que massageia seu ego e que valoriza sua autoestima. Sobram-lhe motivação e prazer. Uma vez motivado, ninguém segura. Vem atropelando.


Neste momento, coloco para o orientado, para sua reflexão, frases como: “Ninguém é tão bom que não possa melhorar, nem tão ruim que não possa ficar bom” (L. Navarro), lembrando, ainda, que “O ser humano é o único que pode mudar sua história, pois tem inteligência e criatividade. Basta acrescentar a motivação” (I. Tiba). E têm efeito, encontra eco. Experimente.


Mais tarde, já no mercado de trabalho, irá compreender que as empresas/organizações estão interessadas em pessoas que tenham atitude, saude emocional, disciplina, conscientes de suas competências e habilidades, capazes de reconhecer seus pontos de maior brilho (vocações) e extrair deles o melhor, sem ser arrogante, prepotente ou invejoso.


Segundo M.P. Sampaio é preciso compreender que “em alguma medida, todos somos talentosos. O que difere é esta medida, e as oportunidades que surgem para o desenvolvimento do talento. A escolha da carreira é feita muito precocemente. É necessário ser bem orientado para desenvolver seus talentos naquilo que você gosta. Dificilmente terá êxito, o profissional infeliz com seu trabalho, que não está utilizando suas competências. Porque o sucesso está relacionado ao prazer (que o mestre deve ajudar a viver e desenvolver alimentando e motivando a curiosidade do aluno para o treinamento e conhecimento - grifo nosso) que pressupõe envolvimento e comprometimento da alma. A pessoa tem que estar consciente de suas habilidades especiais e aprimorá-las”.

“Creio que, como na escultura, há um limite. Uma pedra bruta traz em si mesma a essência, a vocação, e já tem um talento embutido. O esmeril, a grosa e a lixa podem trabalhá-la, mas até um limite. Se não for um diamante, de nada adiantará lapidá-lo a exaustão, porque nunca irá brilhar como tal. Um rubi fazendo o papel de brilhante é desastroso e vice-versa.  Isto porque não cumpre o seu destino, que é ser vermelho e reluzir como rubi”.


Para se realizar, as pessoas também precisam cumprir seu destino, e a grande dificuldade é identificá-lo. Um navio no deserto não afunda, mas também renuncia a seu destino, que  é  ganhar os mares. Fica parado, estacionado, sem deixar fluir seu potencial. É preciso atender ao chamado. A carreira não deve ser uma resposta a um ouvido externo, mas a um desejo intrínseco. Só evolui quem busca o autoconhecimento, tem autocrítica e desenvolve a capacidade de receber feedback. E, acima de tudo, quem vincula prazer àquilo que faz”.

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