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LIÇÕES DA PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS
30/05/2018 - Por wiliam tabchouryAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
O PIB (Produto Interno Bruto) é a
somatória de toda a riqueza produzida no País. Ele é calculado pela soma do
Consumo das Famílias, Consumo do Governo, Investimento e Exportações, menos as
Importações.
Em 2017, o
PIB brasileiro foi de R$ 6,6 trilhões, o equivalente a R$ 18,1 bilhões diários,
sendo 63% Consumo das Famílias, 20% Consumo do Governo, 16% Investimentos e 1%
o Saldo da Balança Comercial (Exportações - Importações), segundo o IBGE.
Desta forma,
a principal mola propulsora da economia nacional é o Consumo das Famílias, que
patina ou anda de lado, com a falta de renda e desemprego recorde, batendo à casa
dos 13,4 milhões de trabalhadores.
O Consumo das
Famílias movimentou algo ao redor de R$ 11,4 bilhões/dia, composto basicamente por
gêneros essenciais (moradia, alimentação, transporte, saúde, vestuário e educação).
A paralisação
dos caminhoneiros teve dois efeitos instantâneos: queda no consumo das famílias
e nas exportações. Em 10 dias de paralisação, somente a retração de consumo das
famílias pode ter chegado a R$ 57 bilhões (considerando uma queda de 50%).
Depois de 2
anos de retração, o PIB brasileiro cresceu 1% no ano passado (cerca de R$ 65
bilhões). Portanto, somente a queda no consumo das famílias, em apenas 10 dias,
levou praticamente 85% do crescimento da economia nacional no ano todo de 2017.
Outro ponto
importante a ser destacado, que se tornou o centro das atenções, foi a importância
da Petrobras na economia nacional. Vale ressaltar que ela é uma empresa de
capital misto (Sociedade Anônima), com 36% de capital privado (ações em bolsas
no Brasil e em várias partes do mundo) e 64% estatal.
Antes da
crise, o seu valor de mercado era de R$ 370 bilhões (5,6% do PIB de 2017). Em
oito dias de paralisação, ela perdeu R$ 128 bilhões (34% de valor), vindo para
R$ 242 bilhões, saindo da primeira para a quarta posição das empresas nacionais.
Este novo valor equivale a 21 dias de consumo das famílias.
Portanto, já
temos um saldo inicial de prejuízos da ordem de R$ 185 bilhões (queda no consumo
das famílias e redução do valor da Petrobras). Este valor supera o montante
investigado por toda a Operação Lava Jato, sem entrar no mérito se a causa foi
corrupção, incompetência, má fé ou outra desconhecida.
Portanto,
pode-se tirar três grandes lições desta paralisação: 1) toda e qualquer ação
que leve à queda no consumo das famílias é um enorme tiro no pé; 2) os efeitos
negativos recaem, primeiro, sobre a população, em seguida, no setor produtivo
e, por último, nos investidores; 3) deve-se ter cuidado em apoiar uma causa
aparentemente nobre e justa, sem mensurar os seus reais efeitos, a curto, médio
e longo prazo.
Que estas
lições sirvam a todos (manifestantes, mídia, poder púbico e população em geral)
para que, em toda e qualquer situação de crise (uma greve ou paralisação, por
exemplo), que prevaleça o bom senso, à defesa do interesse comum e,
principalmente, o ganha-a-ganha para a toda a sociedade brasileira.
Wiliam
Tabchoury, Engenheiro Agrônomo, formado pela ESALQ/USP, Piracicaba, SP, 30/05/2018.