Blog Esalqueanos

O dia de ontem (Kriolo F91)

17/10/2016 - Por sérgio de zen
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Ontem fiquei muito emocionado com a reunião e resolvi escrever um pouco, em especial, sobre a tradição que tanto falamos e defendemos. Sob a ótica de quem está dentro da história no dia a dia.

Primeiro falo da minha transformação dentro dessa instituição.

Cheguei a ESALQ vindo direto do sítio, talvez um dos bons exemplares do caipira do interior paulista. Em casa tinha dois exemplos de agricultura; meu pai imigrante italiano com origem na produção de uva prosecco, um típico agricultor exigente, perfeccionista e muito parcimonioso no uso dos recursos. De outro lado meu avô, também imigrante italiano, mas de família de agroindústria - produtores de Grappa. No Brasil virou agricultor. Um empresário, arrojado e investidor, não entendia nada da Terra, mas conheceu a ESALQ. Conhecia o Prof Aristeu, o Kinjo e Antanassouf. Todos esses já tinha visitado a fazenda e palpitado. Por recomendação destes importou fosfato da Holanda em 1947, abriu a fazenda para testes de empresa, importou Duroc em 1963, Landrace em 1967, Charolês em 1969. Adubou pasto e formou a fazenda com pangola em 1965. Ele me disse certa vez; você pode tentar entrar na ESALQ, mas se não entrar compreendo, lá tem os melhores. Vejam bem como agricultor empresário dava o devido valor à gloriosa.

Entrei e fui apresentado ao mundo cruel de egresso das escolas públicas que entram numa universidade pública e sentem o choque. 

Na escola recebi muitas oportunidades. Na genética com a Maria Lúcia escrevi o primeiro trabalho de iniciação, mas a paixão ela economia me levou para lá. 

Na economia tinha o assustador Rodolfo, o genial Geraldo, o humano Evaristo, o estrategista Paulo, o executor Pedro, o ótimo teórico aplicado Fernando e outros que não cito. Nesse ambiente fui da primeira turma que teve acesso a chamada "residência agronômica ". Fui para uma corretora. Minha nossa, foi um desafio enorme. Eu não tinha noção de onde estava pisando. Não tinha a mínima ideia de que estava levando a ESALQ junto. Não que tenha sido por meus méritos, mas estar no lugar certo na hora certa. A bolsa precisava de alguém que conhecesse a agropecuária, então o André Freitas - diretor da corretora - me apresenta ao Dorival Rodrigues Alves - o caipira aqui não sabia que estava na frente do diretor superintendente da BM&F, mas em realidade o homem que tinha criado às Bolsas no Brasil. Descrito como o executor do mercado pelo Noênio Spíndola. Desse dia em diante ele me chamava toda vez que precisava saber de alguma coisa de agricultura e, ficou fã da ESALQ, nos deu um prédio e outras formas de apoio. Nunca pedi nada, e sempre conversamos até a norte dele em 1997, os indicadores, segundo palavras dele - somente a ESALQ pode fazer isso.

Conto essa história para dizer por que sou grato a ESALQ, sem ela nunca teria tipo essas chances. Hoje seria, talvez o funcionário de alguma empresa. Nada contra essa opção, mas acho que fiz uma boa opção.

Agora o peso da ESALQ e sua história senti quando deixo de ser discente e passo a docente. Quando você é contratado para docente você recebe 3 funções: ensino, pesquisa e extensão.

Aí nessa hora deixamos de ser a pessoa física em ação e passamos a ser parte de uma instituição. Temos em mente que somos passageiros de uma instituição que que permanecerá, e temos o desafio de manter e evoluir com ela.

O desafio é que somos cobrados para ser o melhor nas 3 vertentes durante todo tempo.

Posso dizer que é muito gratificante ter formado algumas centenas de jovens e que muitos destes são muito melhores que nos... Destes tem diretores de grandes grupos, pesquisadores, e toda sorte de grandes seres humanos e bons profissionais, especialmente ótimos produtores rurais. Tomo como exemplo um em especial. Um ex-aluno - de origem muito humilde, cujos pais não tem nenhuma formação além do elementar, foi estagiário brilhante. Fizemos um trabalho a um grupo e conseguimos um apoio, ele ficou 6 meses na Ohio State. Hoje ele é diretor de um grande banco, certo dia ele me ligou e falou: se tiver um aluno nas mesmas condições que eu e você avaliar que merece, liga eu cubro as despesas dele para ter a experiência que eu tive. Isso é ESALQ. Aqui ele aprendeu cidadania.

Na pesquisa, bom vou falar de artigos publicados, temos dezenas, mas temos que ter um top e top e um A1 internacional, pelo sistema de avaliação da Capes-Qualis, bom temos no nosso departamento cerca de 3 ao ano, por isso somos o mais produtivo na área de economia agrícola do Brasil, eu tenho 3 em 15 anos, parece pouco, mas tem escolas brasileiras que não tem nenhum na história. Isso acontece na maioria dos departamentos, por isso somos quinta melhor escola de agro do mundo e a USP está entre as 50 melhores.  

Na extensão a coisa e muito pesada. Nisso temos pessoas que são ícones da agropecuária nacional em várias áreas da ciência agrária como: Demate, Moacir Corsi, Celso Boin, Fancelli, Parra, Paulo Centelhas, Geraldo Barros, etc... Tenho o orgulho de estar dentro do Cepea - um grupo de pesquisa que esta todos os dias em contato com 10 mil produtores e praticamente todas as indústrias. Acompanhando 21 cadeias do agronegócio. Um sistema de extensão diário. Numa troco incessante de informações. Abastecendo de dados e estudos organizações e empresas mundo afora. So para terem noção todas as informações e análises publicadas na agência Estado, Bloomberg e Reuters saem da ESALQ - CEPEA.  Imaginem são 250 mil pontos em mais de 200 países que usam esses sistemas. Com isso na Austrália o pessoal no mercado de boi não conhece a USP, mas conhece a ESALQ, bem como o comprador de  café em Nova York ou o " operador" da Sumitomo busca informações de soja. O importador de melão da Inglaterra. Bom tudo isso é ESALQ. Assim como discutir carnes IMS - International Meat Secretariat .  Nos estudo que levaram a condenação dos eu no comércio de algodão e de soja tinha ESALQ, bem como nas denúncias compra a importação de leite subsidiado pelo Mercosul, que prejudicam milhares de produtores têm ESALQ.

Enfim pessoal, falei mais do departamento que faço parte por que conheço mais, mas a ESALQ não é só passado, e presente e será futuro.... 

Todos nós fazemos parte disso. Criar, pesquisar e desenvolver....a ESALQ nunca poderia parar, se fechar ao novo e deixar as coisas passarem...

Peço desculpas pelo texto longo, pelas histórias.

Foi muito bom estar com vocês ontem....

Sempre que vierem para Pira ou precisarem de algo que estiver no meu alcance, contém comigo...

Eu sou um servidor da ESALQ...

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