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O Orgânico Nosso de Cada Dia (Prof Adilson Paschoal)

02/09/2015 - Por adilson dias paschoal
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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O filósofo americano da “James Madison”, Alan Levinovitz, em entrevista a jornalista da revista Veja, de 26 de agosto de 2015, respondendo à pergunta do que achava da afirmação do Instituto Nacional de Câncer (Rio de Janeiro), de que “modos de cultivo livres de agrotóxicos produzem frutas, legumes, verduras e leguminosas, como os feijões, com maior potencial anticancerígeno”, assim se expressou: “Isso é um absurdo, francamente”. E mais adiante: “... Mas é difícil demonstrar evidências científicas consistentes de propriedades anticancerígenas em alimentos orgânicos”. E prosseguindo: “A separação entre alimentos orgânicos e não orgânicos não é uma distinção científica. Dizer que alimentos orgânicos ajudam a prevenir câncer é um madra religioso. Não sabia dessa orientação no Brasil. Estou chocado”. 

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Pois chocados ficamos nós, brasileiros. Filosofando, e não apresentando dados de pesquisa, como habitualmente fazem os cientistas, o entrevistado demonstra desconhecer a realidade da agricultura brasileira e o que é de fato agricultura orgânica, até mesmo de seu país, um dos maiores produtores e consumidores desse tipo de alimento no mundo. A importante afirmação do Instituto Nacional de Câncer é um alerta para o perigo dos agrotóxicos no Brasil, que, sendo o país líder mundial no consumo desses venenos agrícolas, pouco tem feito para abolir o uso de vários deles, comprovadamente carcinogênicos, mutagênicos, teratogênicos, há muito proibidos em outros países. Não são apenas os aplicadores de agrotóxicos que estão sujeitos a contrair doenças degenerativas (câncer) e neurológicas (Alzheimer e Parkinson), mas também os consumidores de alimentos convencionais, pobres de nutrientes e ricos de resíduos de venenos, como tem demonstrado a ANVISA, em seus relatórios anuais (PARAs). 

Não usando agrotóxicos, a agricultura orgânica não expõe os agricultores nem os consumidores aos riscos de envenenamentos, intoxicações e doenças crônicas. Disso se deduz ser coerente e legítima a afirmação do Instituto Nacional de Câncer, ridicularizada pelo prepotente e mal informado filósofo americano. Embora não mencionado no texto, verduras e legumes convencionais, que recebem doses altas de fertilizantes nitrogenados, apresentam teores elevados de nitrato, que, combinado com as aminas da digestão protéica, produz nitrosamina, poderoso agente carcinogênico. 

Mas a questão vai muito além. Produzidos em solos ricos de matéria orgânica, os alimentos orgânicos apresentam maiores teores de sais minerais, de vitaminas e de substancias antioxidantes que os alimentos convencionais. Experimentos feitos por muitas das mais conceituadas instituição de pesquisa em várias partes do mundo corroboram tal afirmativa. Assim, a maior quantidade de antioxidantes (ácido ascórbico, ácidos fenólicos, flavonóides, polifenois) nos alimentos orgânicos pode evitar doenças degenerativas. Em 2009, num relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos lia-se: “Alimentos ricos em fitoalexinas (antioxidante de grande importância para a saúde humana, exemplo do qual é o resveratrol, dos vinhos tintos e sucos de uva) só são possíveis com a agricultura orgânica” (USDA, Boue et alli.). Não fosse assim, como explicar o crescimento de 25% ao ano da agricultura orgânica no Brasil, gerando 1,5 bilhão de dólares com exportações em 2014, e de um comércio internacional de 72 bilhões de dólares anuais? Nada mais precisa ser dito. 

Ora pro nobis “madra” Alan. 

Adilson D. Paschoal, PhD. (F67) Ex Morador da Republica Império da Felicidade

Professor Sênior 

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”-USP 

Piracicaba, SP 

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