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O que diria Luiz de Queiroz? (Jairo Abrahão; F63)

15/02/2023 - Por jairo teixeira mendes abrahão
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O que diria Luiz de Queiroz?

 

 

Outro dia, aliás, dia 02 de fevereiro,dia de Iemanjá, Rainha dos Mares, redigi um texto sobre uma figueira, não uma figueira qualquer,  mas uma  que poderia ter sido plantada por Luiz Vicente de Souza Queiroz, uma vez que, ali, era a Fazenda São João da Montanha, de sua propriedade, que, aliás, seria doada ao Estado de São Paulo para que, nela, fosse construída uma Escola Agrícola, cuja fundação se deu em 1901.  No início dos anos trintas o querido e saudoso Felipão, Felipe Westin Cabral de Vasconcelos foi contratado como Professor de Horticultura e foi o primeiro Professor Catedrático de Horticultura.  Hoje é a Escola Superior "Luiz de Queiroz", Templo do Saber e da Ciência Agropecuária do Brasil!

Na primeira metade do século passado aquele Professor, trabalhando no desenvolvimento do Projeto Paisagismo do Parque da Escola, criado por Arsène Puttemans, paisagista belga contratado para esse fim, definindo o material vegetal e sua localização, junto ao Pavilhão de Horticultura, plantou, entre outras, uma Ficus elástica L., belíssima e frondosa, devidamente afastada do prédio, em função de seu desenvolvimento aéreo e subterrâneo.

Passados 92 anos, a planta, belíssima, verdadeiro Monumento da Mãe Natureza, havia se tornado um incômodo para membros da Comunidade. O que fazer?  A Comissão Técnica de Manejo do Parque Felipe Westin Cabral de Vasconcelos convocou reuniões, a partir de setembro de 2022. A resolução saiu em 05/12/2022. Coincidência estranha, Período de férias escolares! A Comissão Técnica de Manejo do Parque, juntamente com os Departamentos envolvidos (Departamento de Ciências Biológicas, Departamento de Produção Vegetal da ESALQ) decidiu pelo sacrifício (supressão) da Figueira!Os motivos alegados:

1-   Quedas de galhos danificando carros de membros da Comunidade.

2-   Tem causado, ao longo do tempo, problemas estruturais do Pavilhão.

3-   A figueira condicionou microclima total (?) ("em contrapartida") .

Pasmem!!!!!!

Argumentos válidos contra isso são fáceis! Quanto ao primeiro: até parece que há deficiência de locais para estacionar na ESALQ! Basta proibir o estacionamento ali! Aposentei-me há cerca de 30 anos no Departamento de Produção Vegetal e, naquele tempo já se falava e em bolsões de estacionamento! Nunca fizeram!

A propósito do item 2 vou fazer uma digressão. No ano de 1949, vejam bem, primeira metade do século passado! Eu fazia o Curso de Admissão ao ginásio, em Brazópolis, MG. Naquele tempo não havia "fake news". Meu pai, Tufi Abrahão era, possivelmente, o único cidadão brazopolense que assinava 3 jornais: O Brazópolis, semanal; O Jornal, do Rio de Janeiro e o Estadão, portanto éramos bem informados, e tínhamos rádio (um Philips, Matador, rádio excelente). Pois bom, naquele ano chegou a notícia de que  nos Estados Unidos um grande edifício estava adernando. Em algum tempo tombaria sobre outros menores, uma tragédia incalculável! Uma comissão de engenheiros foi formada para resolver a questão. Após alguns dias noticiou-se a solução: o grupo, depois de muito raciocínio (a capacidade de se estabelecer relações entre conhecimentos) comunicou a solução, que era injetar grande volume de água ao solo sob o prédio e congelá-la! O volume da água-gelo é maior do que o volume da água-líquida! Por favor não me peçam detalhes! Conseguiram salvar o prédio e a cidade da tragédia! Esse item é o único mais razoável. Será que não existe uma solução, física, para proteger o prédio, ou será que na USP não existem Engenheiros capazes? Quanto ao item 3, reconheço não saber do que se trata, mas, se é contrapartida é contra o projeto destrutivo!

Enfim, não adianta chorar, pois "Inês é morta"!

Resta-me dúvida atroz: o que diria Luiz Vicente de Souza Queiroz, Patrono de nossa Gloriosa ESALQ? E nosso tão querido Felipão, primeiro Professor Catedrático de Horticultura e o plantador da  imponente  Ficus elástica L ?

 

De Porto Seguro, BA em 08/02/2023.

Jairo T. Mendes Abrahão, Professor Titular da ESALQ-USP.

PS  Este texto foi escrito após recebimento de informações da Prefeitura do Campus.

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