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Ói nóis aqui traveiz (Vavá F66)
21/09/2015 - Por evaristo marzabal nevesAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

Editorial da Edição n. 3 – 1986 –
Revista da Adealq – p.2
“Ói nóis aqui traveiz”
Que nos perdoem os puristas da língua
portuguesa; que nos ignorem os que gostam de coisas bem escritas, mas não
encontramos outra coisa para realçar o nosso encontro como o “ói nóis aqui
traveiz”. Deixemos de lado Camões e vamos ao popular evocar o saudoso Adoniran
Barbosa aos filhos que voltam.
Na “Semana Luiz de Queiroz” a nossa
escola se engalana, se veste ainda mais das tradicionais cores azul e branca,
reaviva o vermelho do A encarnado e o verde de seus parques se torna mais verde
ainda. É primavera, estão chegando as flores e, dentro em pouco, o flamboyant
florescerá.
A velha Escola, risonha e franca,
soube escolher a data para rever seus filhos que retornam dos mais distantes
rincões e que aqui vêm “matar a saudade” e se revitalizar. Por isso que o seu
verde esperança é mais verde nesta época. É preciso estar bonita e
“charmosa”para os que vieram e aqui voltarão só daqui a cinco anos, guardem
sempre a imagem de que a velha Escola está remoçada, sempre jovem.
E nós voltamos como um bom filho
volta ao lar para pedir a benção.
A benção Luiz de Queiroz! Diz a
história que você morreu em 1898 “sem saber que sua obra seria finalizada”.
Seus filhos questionam porém, será verdade? Esta Escola não tem fim. De algum
lugar, em qualquer lugar você está imortalizado. Muitos de seus filhos já
passaram, nós passaremos, mas os que hão de vir, por todo o sempre, o
imortalizarão. Somos parte de você em cada instante de nossa vida profissional
e mais ainda a cada cinco anos, quando aqui voltamos. Uma mostra de sua
imortalidade está no mausoléu em frente ao prédio principal, onde se perpetua
os dizeres “O Teu Monumento é a Tua escola”.
A benção gloriosa ESALQ! É difícil
cortar o cordão umbilical. Padre Feijó certa vez disse: “Quem amou, nunca
esqueceu; quem esqueceu, nunca amou” e querida mãe ESALQ, nós nunca a
esqueceremos, pois quem ama volta. E aqui estamos. Voltamos para ver como está,
para rever nossos irmãos e irmãs que viveram e vivem sob sua guarida, para
matar as saudades do tempo de outrora, e que nunca mais voltou. Viemos “jogar
conversa fora” lembrando as velhas histórias e o “folclore” dos bancos
escolares e das republicas, do CALQ e do bondinho, dos bailes e da “Noiva da
Colina”. Ah! Quanta saudade. Ah! Quanta alegria e divertimento nestes dias de
encontro. Doce regresso. Amarga partida de pensar que só daqui a cinco anos
festejaremos novamente.
Por tudo isso, benção Luiz de
Queiroz! A benção ESALQ. Como contrapartida é que tomamos as palavras do poeta
e a tornamos nossa. Como seus filhos, nós afirmamos que “nós amamos com fé e
orgulho este chão que pisamos, pois jamais veremos escola como esta”.
É por isso que evocamos Adoniran
Barbosa que em tom bastante popular, simplório, mas que só nós sentimentalmente
entendemos, coloca agora no coração e na boca da gente o seguinte: saudoso Luiz
de Queiroz e venerada Escola,
“se voceis pensam que nóis fumo
embora...Nóis enganemos voceis;...Fingimos que fumos e vortemos...Ói nóis aqui traveiz”.
Evaristo Marzabal Neves (F-66) – 1986
(20 anos de formado)