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Os Acampamentos (Drepo F70)
05/02/2015 - Por eduardo pires castanho filhoAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

Havia uma turma grande na ESALQ, que mesmo depois de formada gostava de acampar. A prática era relativamente nova na época e também restrita. Seja pelo desconhecimento, seja pela precariedade dos equipamentos existentes. Mas, de modo geral, quando se iniciava a prática era como um vício: difícil de largar. Os primeiros acampamentos foram sem barraca, fogareiro, lampião, louças e talheres. Os últimos tinham "trailler", banheiro químico, chuveiro e até som ambiente.
O litoral de São Paulo e do sul do Rio de Janeiro eram os alvos
prediletos, desde Iguape/ Ilha Comprida até Angra dos Reis. Praias semi
desertas como a Domingas Dias em Ubatuba, Iporanga no Guarujá, Toque Toque
Pequeno e Grande, Juqueí, Barra do Uma, no traçado do que viria a ser a Rio -
Santos. No sul a Ilha Comprida era um verdadeiro deserto.
A preparação das viagens valia quase tanto quanto os acampamentos em si.
Eram feitas reuniões para providenciar a compra de material e mantimentos e se
distribuíam as funções que cada um exerceria durante o "evento". É claro que
isso se relativizava com o passar dos dias e do consumo das cervejas.
Os comboios de carros eram impressionantes e no mais das vezes ficava- se
mais tempo parado nas estradas, nas vésperas de feriados, do que propriamente
acampados. A bebeção começava nessas paradas e continuava até a volta para
casa, todo mundo meio estropiado.
Sempre havia alguém que não tinha barraca nem equipamento e precisava ser
alojado com aqueles que tinham barracas maiores. Os roncadores incomodavam
bastante e os brados de silêncio cortavam as noites. Durante o dia havia a
equipe do café da manhã, da louça do café; a turma do almoço, da louça do
almoço e às vezes turma do jantar. A louça da janta ficava pro dia seguinte.
Como os cardápios eram estipulados com antecedência, normalmente a coisa
funcionava a contento.
Houve algumas vezes em que o tempo melou os acampamentos. Numa dessas
ocasiões parte da turma, justamente a que estava com as bebidas, e que saíra
mais tarde, não conseguiu chegar. Em outra a ventania foi tão forte que levou
pelos ares as barracas e só restou a alternativa de retornar antes da hora.
Sessões de música e batucadas eram bastante comuns e a integração com outros
campistas criava, às vezes, verdadeiras comunidades com troca e empréstimo de
materiais, alimentos e até bebidas!
Jogos de futebol e queimaduras de sol eram absolutamente comuns e o descanso esperado só seria obtido com a volta pra casa. Quando o trampo começava!
Eduardo Pires Castanho Filho (Drepo F70) Engenheiro Agrônomo, Ex morador da Republica do Pau Doce