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Os Engenheiros Agrônomos e a Cop 30 (Mentão; F73)
24/11/2025 - Por josé otávio machado mentenAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
A COP é a
"Conferência das Partes", evento promovido anualmente pela Organização das
Nações Unidas (ONU) para avaliar o progresso no enfrentamento das mudanças
climáticas e definir novas medidas para atingir seu objetivo. Além dos
representantes dos governos dos países membros da Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), as COPs reúnem milhares de
especialistas que acompanham as discussões como observadores e emissores de
sugestões. Estes participantes desenvolvem agendas complementares representando
instituições, empresas, organizações da sociedade civil e outros agentes
envolvidos com as mudanças climáticas.
A COP 30, presidida pelo embaixador
André Correa do Lago, está em pleno andamento em Belém-PA, de 10 a 21 de
novembro de 2025. Estima-se que 50 a 70
mil pessoas estarão participando, procedentes de 160-170 países. A primeira COP
foi realizada em 1995, em Berlim, Alemanha. Foi criada durante a ECO-92
(Rio-92), a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Como nas edições anteriores, a COP 30 é desenvolvida na Zona
Azul ("Blue Zone"), que é a área oficial e restrita, onde ocorrem as
negociações entre os representantes dos países participantes (espaço
diplomático) e na Zona Verde ("Green Zone"), que é a área aberta à sociedade civil,
empresas, ONGs, academias e o público em geral. Pela primeira vez foi
disponibilizada uma Zona Agro ("Agri Zone"), como um espaço oficial dedicado ao
setor agropecuário. O objetivo é mostrar um agro baseado em ciência, inovação e
sustentabilidade que pode ser parte da solução para os desafios climáticos. Na
Zona Agro existe intensa programação diária, com discussões sobre as relações
do agro com as mudanças climáticas. Importante destacar que a COP30 não é um
evento do agro, mas do clima!
Entretanto, existe muita desinformação. O agro não é problema. É parte
da solução. É claro que existem desafios que devem ser equacionados e
resolvidos. Para isto existem Engenheiros Agrônomos e outros profissionais do
agro que têm contribuído para o avanço das soluções.
Entre as diversas contribuições
encaminhadas à COP30, vale salientar duas diretamente relacionadas aos
Engenheiros Agrônomos: (1) "Contribuição da Academia Brasileira de Ciência
Agronômica (ABCA) à 30º Conferência das Partes da Convenção- Quadro da ONU
sobre Mudança do Clima (COP30)",
preparada em agosto de 2025, com Apresentação, Sumário Executivo, Visão
Instituticional da ABCA, Amazônia como Território Síntese, A Bioeconomia das Conexões: Superando Reducionismos
e Chamado à Ação. Um posicionamento robusto, com 28 páginas, aprovado pela Assembléia Geral
da ABCA. (2) "Contribuição da Engenharia Agronômica para Mitigação, Adaptação e
Sustentabilidade", preparada pelo CONFAEAB (Confederação das Federações de Engenheiros
Agrônomos do Brasil), com Introdução, Emissão de GEE e a Prevenção dos
Desastres sob Eventos Extremos, os Engenheiros Agrônomos do Brasil e a Agenda Climática
da COP30, Propostas dos Engenheiros Agrônomos para a COP30 e Conclusão".
Trata-se de contribuição extremamente objetiva, com 7 páginas.
Outros documentos apresentados, que
envolveram Engenheiros Agrônomos, que merecem destaque: (3) O Engenheiro Agrônomo
Roberto Rodrigues, enviado especial do setor agropecuário para o COP30, coordenou
a elaboração do posicionamento "Agricultura Tropical Sustentável: Cultivando
Soluções para Alimentos, Energia e Clima". O documento, com 156 páginas, assinado
pelo Fórum Brasileiro da Agricultura Tropical, foi produzido com a participação
de 41 entidades do setor. Tem como principais objetivos reposicionar a
agricultura brasileira, apresentar os compromissos e resultados alcançados e
defender o modelo brasileiro. (4)
"Contribuições da EMBRAPA para o Mutirão Global contra a Mudança do Clima", com
28 páginas, que contou com a participação de mais de 1300 profissionais. Aborda
propostas para produção de baixo carbono e adaptação às mudanças do clima que
impactam a produção de alimentos com ênfase ao papel estratégico da ciência.
Recentemente o Papa Leão XIV recebeu uma delegação de Engenheiros Agrônomos e Engenheiros Florestais da Itália no Vaticano, em audiência privada. O Papa destacou a missão desses profissionais "como uma forma concreta de caridade para com a nossa mãe Terra e para as gerações que virão". De acordo com as lideranças italianas "cuidar da terra significa cuidar do homem". São os Engenheiros Agrônomos cumprindo sua missão.
Artigo publicado na Folha de Piracicaba em 23/novembro/2025