Blog Esalqueanos
Revolução (Pinduca F68)
18/09/2015 - Por marcio joão scaléaAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

Último dia do trote, reunião geral no Centro Acadêmico, para
os acertos finais do dia seguinte : passeata, churrasco e baile dos bichos.
Rumores estranhos no ar, Carlos Lacerda, exército, Jango
Goulart, golpe de estado, tanques. Foi decidido cancelar toda a programação e
os bichos foram liberados para voltar depressa para suas repúblicas, não
convinha ficar pela rua naquela noite.
O Universitário saia do CALQ quando foi chamado :
- Pinduca, hoje você não me escapa. Você tem meia hora para
chegar na sua república, eu vou te seguir de carro. Se der meia hora e você não
tiver chegado, eu te pego e aí o trote vai ser feio. Corre, bicho.
Era o Periquito, que o caçava desde a primeira semana do
trote.
Lá foi o Universitário correndo, a ver se conseguia chegar
em casa em menos de meia hora. Rua Voluntários, Rua Alferes, cruzou a avenida,
começou a subir para o Jardim Europa, já cansado. Mais uns três quarteirões
morro acima, língua de fora, resolveu descansar um pouco e diminuiu o ritmo.
Foi quando ouviu de novo :
- Bicho, vem cá.
- Pois não Doutor, (respondeu desacorçoado, pensando : ele
estava me seguindo mesmo!)
Não era o Periquito, era outro veterano, mais preocupado em
ajudar do que em dar trote.
- O que você está fazendo na rua? Não sabe da revolução?
Fecha rápido o portão pra mim e sobe aqui, que eu te levo
Revolução!