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Terra Arrasada? (Vavá; F66)

26/06/2020 - Por evaristo marzabal neves
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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Você já ouviu falar em "terra arrasada"? Se pesquisar, irá encontrar que "a tática terra arrasada foi uma estratégia utilizada pela Rússia em conflitos contra potências europeias (França de Napoleão e a Alemanha de Hitler), consistindo basicamente nas retiradas civil e militar do território em conflito, recuando e destruindo tudo o que existia para que a tropa inimiga que adentrava o território encontrasse um ambiente hostil (passando fome, principalmente), ou seja, quando chegassem não pudessem usufruir qualquer beneficio na terra invadida".

Por analogia, não sei se este termo se ajusta a atual situação que estamos vivenciando. Com a economia brasileira crescendo lentamente no início do ano, mas crescendo (em 11/03, o Ministério da Economia projetava um crescimento do Produto Interno Bruto/PIB de 2.1% para 2020), chegou a pandemia arrasante que vem destruindo toda a esperança de um crescimento do PIB. De uma expectativa de crescimento positivo no início do ano, hoje se assiste uma reversão desanimadora com indicadores alarmantes. O Ministério da Economia em 13/05 projetava para 2020 um PIB negativo (- 4,7%), o IPEA/Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada/Ministério da Economia (-6,0%) em 09/06, o Banco Mundial (-8,0%) em 11/06, e, OCDE/Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (-7,4%) em 12/06. O Fundo Monetário Internacional (FMI), em 24/06, estimou uma queda no PIB brasileiro em 9,1 para 2020 que se confirmado, deverá ser o pior tombo em 120 anos. Preocupante, não?

Na esteira da pandemia presenciou-se em abril forte contração da produção, as vendas do comércio despencaram, o setor de serviço registrou queda histórica, destruiu o emprego, com o número de pessoas ocupadas caindo de 55,1 milhões em dezembro de 2019 para 51,6 milhões em abril de 2020 (Fonte: IBGE, FGV, FGV/ Ibre).

O caos não para. Vem aí o efeito transmissão, quando com crescimento negativo do PIB em dois a três trimestres pode conduzir a uma depressão econômica, que "consiste num longo período caracterizado por inúmeras falências de empresas, crescimento elevado e anormal de desemprego, escassez de crédito, baixos níveis de produção e investimento, queda substancial na renda nacional, confusão e desagregação política".

Para exemplificar na capital paulista, a Associação Comercial de São Paulo registra que "cerca de 20 mil estabelecimentos encerraram as atividades desde março, quando começou o isolamento social por causa da pandemia". "O número representa cerca de 10% do total de estabelecimentos comerciais na cidade". Por sua vez, a FecomercioSP (Federação do Comercio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) "estima que, apenas na capital, o comércio tenha perdido quase R$ 17 bilhões entre março até 09/06, véspera da abertura gradual do setor na cidade. Trata-se de um prejuízo de R$ 220 milhões ao dia".

Desanimador e triste, não? Enquanto muitos países passam por uma crise sanitária com reflexos negativos na sua economia e planejam uma saída cidadã, no Brasil assiste-se a uma terceira crise, a politica, que não se sabe quando terminará.  O cidadão brasileiro deseja que nossos tomadores de decisão, executivo, legislativo e judiciário, estejam unidos, repensando e reinventando, de forma coletiva, a reorganização socioeconômica pós-pandemia. Por favor, tomadores de decisão, comportem-se e sejam cidadãos responsáveis. Por hora, em consonância com a pandemia e comportamento atual, estão desenvolvendo um cenário de "terra arrasada". Até quando?

Termino citando o Prof. Tejon Megido, que numa live no Dia Mundial do Meio Ambiente concluiu sua participação com algo como: "Nem direita, nem esquerda...Muito menos CentrÃO...O que o cidadão brasileiro aspira e deseja...é um Brasil sÃO". Custe o que custar. Quando viveremos um Brasil sadio?

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Obs. Publicado na Gazeta de Piracicaba, 26/06/2020, Edição 4.264, p.2 (Opinião).

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