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Um rio verde cheio de oportunidades (Dir²uba e Faxa Rosa)

05/06/2015 - Por henrique zaparoli marques
Atenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.

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O Cerrado possui alguns dos solos mais antigos do mundo e sua formação peculiar explica os ‘bolsões de alta produtividade’ nesse bioma fincado no coração do Brasil. Tudo por conta de algo que aconteceu a milhões de anos. Em algumas áreas, por exemplo, formaram-se “concreções ferruginosas” (é a “pedra” na minha mão na foto). Essas concreções são mais resistentes à erosão. Isso permitiu a formação de planaltos de altitude superior a 800m.

A altitude faz toda a diferença! Nas regiões mais altas faz mais frio e principalmente: faz mais frio à noite! Depois que o sol se põe, as plantas usam a energia que elas produziram durante o dia para se manterem vivas e quanto mais quente, mais energia elas usam. Resultado? Nas regiões altas do Cerrado a soja e milho produzem muito mais!!

A fazenda que nós visitamos situa-se num planalto desses. Tivemos a chance de conhecer uma fazenda muito tecnificada e que integra a produção animal e de grãos. A região de Rio Verde conta com disponibilidade de água (desde que feitos os investimentos para captação e irrigação) e uma ampla cadeia de empresas à jusante da produção agrícola. Na BR 452 entre Itumbiara e Rio Verde havia um silo a cada 2 – 5 km (mais ou menos)! Ainda mais impressionante quando se leva em consideração o déficit nacional de 30 milhões de toneladas. Além disso, a região conta com a COMIGO (a cooperativa local) e com empresas de processamento de carne como a Brasilfoods (Sadia + Pedigão).

Essa riqueza da cadeia do agronegócio é um mar de oportunidades. A produção de suínos, por exemplo, gera resíduos que podem ser utilizados na fertirrigação (aplicação de nutrientes via irrigação) e para a produção de energia. Os dejetos animais são colocados em um biodigestor (uma lona gigante, dentro da qual ocorre a transformação dos dejetos e a liberação de gás de cozinha – metano), o gás pode ser utilizado para gerar energia e mover os pivôs. O campo brasileiro tem um potencial gigantesco de geração de energia – etanol, biodiesel, biogás etc.

Essa fazenda chegou a investir em agricultura de precisão, mas adotou uma estratégia diferente da que vimos em Minas. Nessa fazenda, a ideia de aplicar insumos em taxa variada foi abandonada depois de 2 anos dando preferência à perspectiva de obter ‘mais das áreas melhores’.

Outra questão interessante é a de que apesar de a fazenda empregar algumas das tecnologias mais modernas disponíveis, o sistema administrativo poderia ser melhorado com muito pouco. A gestão dos custos é feita por meio de uma plataforma paga, mas não muito intuitiva e que peca na análise do custo de máquinas e operações. É curioso ver que as decisões são tomadas independentemente do custo (o qual é computado apenas no fim da safra). Parte-se do pressuposto de que as pragas, as invasoras e as doenças vão implicar custos sempre superiores ao custo do controle químico.

Na região podem-se observar diversas práticas visando maior sustentabilidade, à exemplo das armadilhas (como essa ‘caixinha’ da foto que atrai machos de uma lagarta pelo "cheiro"). 

Depois de bem alimentados na deliciosa cozinha de Dona Maria, decidimos conhecer a cidade de Rio Verde e fomos novamente surpreendidos pelo desenvolvimento da região. A cidade está repleta de empresas do agronegócio e altos prédios espelhados na Av. Presidente Vargas. Ainda era cedo e tomamos a decisão de seguir direto pra Goiânia.

Henrique Zaparoli Marques (Dir²uba F-14), Engenheiro Agrônomo, Pesquisador na Clinica do Leite do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP, Ex-morador da República Barracão

Jonas Hipolito de Assis Filho (Faxa Rosa F-12), Engenheiro Agrônomo, Investidor em empresas do agronegócio, Ex-morador da República Barracão


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