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Velho Chico (Drepo F70)
06/04/2016 - Por eduardo pires castanho filhoAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
amantadin
amantadin hjerneskade amantadihjernesk.website amantadin uden receptFérias de 1969. Foi uma viagem de carona que, afora seus pontos de precariedade, teve muita diversão a aprendizado. Foi Incorporado um terceiro personagem à dupla mochileira Catarina - Drepo: o Barraca.
Programaram descer o Rio São Francisco
até Juazeiro - Petrolina, para conhecer o maior projeto de irrigação do sertão
brasileiro.
Saíram de São Paulo seguindo para BH
de caminhão, os três na cabina, apertados, mas confiantes. Chegaram à capital mineira
e mal tiveram tempo de comprar a primeira edição do Pasquim, que acabara de
sair, já se dirigiram para a estação férrea onde embarcariam para Pirapora.
Aí conseguiram carona, conversando com
o capitão, no vapor "Benjamim Guimarães", que iria de Pirapora a Petrolina e
Juazeiro, ponto final dessa etapa da viagem. O barco era uma atração em si,
remanescente dos vapores do Mississipi, com aquela imensa roda na traseira e
três andares de acomodações. O percurso levou mais tempo do que o previsto por
que rio estava seco, cheio de "bancos", com as inevitáveis encalhadas. Chegando
à Baía ocorreu uma morte durante o percurso, o que obrigou o barco a deixar o
falecido na primeira cidade, retardando ainda mais a viagem. O trajeto foi
muito revelador, de paisagens bastante diferentes e costumes contrastantes,
onde se destacavam as carrancas. A aridez da região remetia um pouco às
descrições de "Os sertões". A caatinga é, de fato, muito diferente do que se vê
no restante do País. As pequenas cidades, principalmente da margem esquerda, eram
muito pobres e algumas não tinham nenhum automóvel. Durante a viagem o entra e
sai de passageiros era impressionante e até carro de turista foi embarcado na
gaiola. Dormiam no convés do segundo andar, em redes emprestadas, e as
refeições eram no segundo turno, já que viajavam "de favor". Barraca levou
livros de política com os quais queria se "aperfeiçoar" durante a viagem. Foi
impossível dadas as atividades de seus dois companheiros, que atrapalhavam suas
leituras a toda hora.
Na parada em Januária, se abasteceram
com as famosas cachaças da cidade, e naquela noite houve uma gincana no convés
do vapor enturmando um grupo de estudantes de um colégio de freiras de São
Paulo com os agricolões. Ficaram amigos também de um estudante da Poli e futuro
sociólogo, Renato Ortiz, que alguns anos mais tarde Drepo encontraria em Paris,
casado com uma das moças do barco.
Em algumas cidades havia dificuldade
muito grande de trocar dinheiro para comprar qualquer coisa que fosse- o que
mais fazia falta era o cigarro. Não havia meio circulante. As maiores cidades
do percurso, onde o "Benjamim" parou mais tempo foram: Carinhanha, Bom Jesus da
Lapa, Ibotirama e Xique Xique. Nessas arribadas havia um intenso embarque/
desembarque de passageiros, reabastecimento de materiais, reposição de lenha,
um colorido único.
Em Petrolina/ Juazeiro visitaram o
recém instalado projeto de irrigação com as águas do Velho Chico e mantiveram
contato com estudantes de agronomia a veterinária da região. De Petrolina
seguiram para Feira de Santana quando viram pela TV a chegada dos gringos na
lua, num posto de gasolina na BR-116, sob incredulidade geral dos presentes.
De Feira, prosseguiram para Salvador e
depois para Itabuna onde encontraram com o Aquino/ baiano e tomaram contato com
a cacauicultura, além de conhecerem a nascente CEPLAC, dirigida pelo agrônomo
Alvim, que já dizia na época que "Amazônia como pulmão do mundo era uma
cretinice científica!" Depois de dois dias em Itabuna resolveram começar a voltar.
Ao chegar a Governador Valadares acabaram pegando um trem e foram até Vitória,
onde experimentaram a famosa moqueca capixaba.
A volta de Vitória também foi
pitoresca. Pelas caronas arrumadas acabaram hospedados numa fazenda de café em Apiacá,
onde foram tratados como seres exóticos, pelo tipo de viagem que faziam. À
noite, na sede da fazenda, depois do jantar, houve um show circense com
acrobatas andando em monociclos e outros números de malabarismo, contratados
pelo dono da fazenda.
Dia seguinte conseguiram carona num
caminhão de tubos que os deixou em São Paulo.
(com a colaboração de Ossir / Barraca)
Eduardo Pires Castanho Filho (Drepo F70) Engenheiro Agrônomo, Ex morador da Republica do Pau Doce