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Vida em república, autonomia do sujeito e cultura organizacional (Dema; F05)
16/02/2017 - Por rodrigo pazzinatto de almeida leiteAtenção: Os textos e artigos reproduzidos nesta seção são de responsabilidade dos autores. O conteúdo publicado não reflete, necessariamente, a opinião da ADEALQ.
sertraline and alcohol death
sertraline and alcohol interactionApós algumas aulas de Psicologia, comecei a pensar
sobre as diversas etapas de nossa vida pessoal
e sua intersecção com a vida profissional.
Tenho a humilde pretensão de psicologizar o assunto "Vida em república" fazendo
um paralelo com a formação pessoal do indivíduo e o ambiente empresarial.
O momento faz-se propício, já que a comunidade esalqueana se prepara e
se organiza para a recepção dos novos moradores de Piracicaba e ingressantes da
gloriosa, ou seja, bitchas e bitchons. Em se tratando de mudanças, podemos dizer que a entrada na Universidade (que aqui
chamamos de Escola) é um dos grandes passos dados em direção a uma autonomia de vida. A sequência dessa
caminhada seria a entrada na vida profissional
e o casamento, seja com quem for. Ainda que essas etapas não necessariamente tenham
que seguir uma cronologia, a maioria dos indivíduos de nossa sociedade percorre
um caminho mais ou menos parecido e de alguma forma uma etapa tem laços com a
outra, sempre em direção a essa autonomia
que almejamos.
Nesse contexto, a ESALQ, com sua tradição de oferecer moradias
estudantis no formato de república, ocupa
um lugar privilegiado. Diria que seu diferencial é integrar a vida interiorana
e a formação universitária de altíssima qualidade, com a possibilidade de viver
em república. Essas moradias estudantis foram se desenvolvendo ao longo da
história, possuindo interessantes peculiaridades, além de um sistema organizado de funcionamento,
que em muito se assemelha às organizações
as quais todos nós iremos desempenhar algum trabalho ao longo de nossa vida,
seja para realização pessoal ou
profissional.
Em termos de definição, cultura
organizacional significa "o modo de
vida, o sistema de crenças e valores sociais, a forma aceita de interação e de
relacionamento que caracterizam cada organização", e é sobre essa definição
em particular que puxamos o fio condutor
de nossa conversa.
As repúblicas esalqueanas são regidas por um sistema democrático de
tomada de decisões. Podemos encontrar estruturas
hierárquicas mais ou menos rígidas, dependendo da cultura organizacional de cada casa, assim como ocorre no ambiente empresarial. Deixando as
diferenças de lado, é importante mencionar que a democracia está presente em
todas elas e é vivenciando esse sistema político que o jovem corta o seu cordão
umbilical e parte para uma maior autonomia de vida, sentindo o peso das
escolhas, vitórias e derrotas.
Ao sair de casa, o jovem vivencia pela primeira vez um distanciamento psicológico dos pais. Inicia-se
a construção de um novo caminho, uma
nova jornada de vida. Faz-se necessário desenvolver ainda mais sua sociabilidade
e convivência em grupo. Lembrando
que somos seres sociais - é necessário estar em contato com o outro, com o
grupo. É assim que vivemos!
A vida em república vai propiciar maior desenvolvimento dessas habilidades
sociais e preparar o jovem para a entrada no mundo do trabalho. Quanto maior
for a sua autonomia, maior a probabilidade de ter domínio próprio para realizar
suas escolhas profissionais.
O universo empresarial nos apresenta diversas culturas organizacionais, que vão de sistemas mais tradicionais,
centralizados e autoritários, até outros sistemas que se tornam mais inovadores,
participativos e descentralizados. Cada
vez mais há um interesse por parte das pessoas em trabalhar com sistemas
participativos, na busca de bem estar e plenitude no trabalho. Esses sistemas buscam
intenso envolvimento de trabalhos em equipe,
com formação de grupos que
participam ativamente na definição dos objetivos e melhoria dos métodos de
trabalho.
Dessa forma, sem querer apresentar conclusões, apresento uma visão de como a vida em república pode
contribuir para a autonomia do sujeito e prepará-lo para a entrada no mercado de trabalho, com maior
flexibilidade e desenvoltura para lidar com as diferenças no ambiente
organizacional. Claro que essa é apenas uma de diversas variáveis que
contribuem para tal finalidade e assim como pode ser interessante para alguns,
pode não ser para outros. Tampouco a vida em república resume-se a isso.
Não há aqui a intenção de desprestigiar àqueles que não tiveram sua
formação pessoal vivida em república, mas sim de ressaltar qualidades e pontos
positivos da vivência nesse tipo de organização. Afinal, são pouquíssimas
pessoas que tem essa oportunidade de estudar num ambiente onde a vida em
república proporciona vivenciar esses laços de fraternidade e união, como
ocorre na ESALQ.
Adµr (Dema) - F05 - Rodrigo Pazzinato de Almeida Leite
Engº. Florestal, ex-morador da República Xapadão, ex-empresário, graduando
em Psicologia na PUC Minas e piloto do meu barco.